FUR avança nas discussões sobre doutorado profissional

Fiocruz Brasília 6 de junho de 2017


Participante da 46a reunião do FUR (Fórum das Unidades Regionais), realizada no dia 5 de junho, em Teresina (PI), o vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC), Manoel Barral Netto, defendeu uma série de medidas para uma proposta de doutorado profissional para o Complexo Econômico Industrial da Saúde na Fiocruz. Dentre essas medidas, estaria uma estrutura mais reduzida de disciplinas obrigatórias e uma carga horária que compreenda três anos de curso mais um ano de estágio numa instituição ligada à saúde (indústria, empresa etc) onde o problema de pesquisa foi gerado.

O vice-presidente aposta numa articulação com o complexo industrial da saúde para se compreender a necessidade de formação de pessoal. “A reflexão que devemos fazer é: de que profissional o complexo industrial da saúde necessita? A pergunta de pesquisa tem de vir da indústria, que tem um problema a ser resolvido”, sugeriu Barral. Veja aqui a entrevista 

Nesta proposta em discussão, a indústria levaria o problema à Fiocruz, que buscaria um orientador para o estudante. Embora defenda a redução da estrutura das disciplinas, Barral ressalta a importância de disciplinas como Metodologia Científica, Ética e Bioética. O diferencial seria o aluno poder buscar no sistema Fiocruz, ou mesmo fora dele, outras disciplinas que fossem importantes para o problema que busca resolver com o curso. Seria um formato de curso que, para o vice-presidente, não precisaria ser vinculado apenas a uma única unidade da Fiocruz, mas, sim, à instituição como um todo – cabendo a titulação à unidade que orientou o estudante.  Ele fez questão de ressaltar que essa é uma proposta em discussão a ser levada para a Câmara Técnica de Educação.

O tema avaliação dos cursos é uma de suas preocupações, uma vez que considera que o sistema de avaliação da pós-graduação no Brasil não pode engessar a criatividade dos cursos propostos na vertente de pós-graduação profissional.  

A diretora da Escola Corporativa da Fiocruz, Carla Kaufmann, falou sobre uma proposta, ainda em construção, de doutorado profissional em rede. De acordo com ela, a proposta vem ao encontro do desafio da educação corporativa, que é o de ter quadro de gestores com maior capacidade, uma gestão mais efetiva e que permita mais análises críticas.

Para a proposta, ela diz que serão considerados vários documentos importantes da Fiocruz, como plano de longo prazo da instituição, o seu Projeto Político Pedagógico (aprovado quando da validação da pós-graduação da Fiocruz junto ao MEC), o projeto da nova gestão da Fiocruz, documentos gerados pelo FUR, dentre outros.

A ideia, segundo ela, é que o doutorado profissional seja construído em rede considerando-se os desafios de longo prazo da Fiocruz e o que a instituição já possui no campo do ensino. Neste momento, Kaufmann disse estarem sendo mapeados todos os programas e linhas de pesquisa já existentes na instituição para que se possa compor um programa do doutorado em gestão. Citou o exemplo de Bio-Manguinhos, que tem mestrado profissional em gestão, com disciplinas que apresentam resultados positivos de planejamento em gestão. Também estão sendo mapeados os conhecimentos e áreas a serem abordados no programa, já tendo sido identificados alguns, como governança, prospecção, planejamento estratégico, gestão em crise sanitária, prospecção e informação para tomada de decisão, gestão de projetos, gestão de pessoas, dentre outros.

CAPES — Convidado a participar desta edição do FUR, o diretor substituto de Avaliação da CAPES/Ministério da Educação, Sérgio Avellar, destacou que o doutorado profissional é uma discussão presente na nova direção da instituição, que enxergou a necessidade de rever portarias sobre a pós-graduação de forma a incorporar essa modalidade de curso. Para ele, o doutorado profissional é uma evolução natural dos mestrados profissionais. E isso traria o desafio de se repensar o desenho das atividades para permitir que os alunos conciliem formação e trabalho. A duração dos cursos, então, poderia ser variável em função dos arranjos necessários, podendo se estender entre 3 e 6 anos.

Ele anunciou que a Capes em breve irá disponibilizar informações sobre onde estão os egressos dos cursos de pós-graduação, ou seja, onde eles estão empregados, num recorte de 1996 a 2014. Dessa forma, afirmou, será possível analisar os impactos sociais da pós-graduação no Brasil.

Em sua apresentação, Avellar mostrou que o Brasil tem 7,6 doutores por cada grupo de 100 mil habitantes o que, segundo ele, ainda estaria muito aquém em relação a outros países. Ele reconhece, porém, que a pós-graduação no Brasil tem vivido um crescimento bastante acentuado no Brasil. Se nos anos 70 cursos dessa modalidade estavam centrados nas Regiões Sul e Sudeste, hoje eles são realizados em todos os estados. Revelou, ainda, a inversão na distribuição de gênero nos cursos de pós-graduação. Se antes a presença masculina era majoritária, hoje, de uma maneira geral, as mulheres são maioria na pós-gradução.

FUR — Especificamente sobre o FUR, o vice-presidente Manoel Barral Netto disse trata-se de uma das experiências mais bem-sucedidas da Fiocruz, sobretudo por manter a regularidade dos encontros, por aportar discussões ricas para a instituição, além de lançar luz sobre as questões administrativas prioritárias para as unidades fora do Rio de Janeiro. Barral também lembrou que sempre foi estratégia do FUR discutir a realidade das unidades onde as reuniões são realizadas. Assim, no caso da Fiocruz Piauí, que ainda é um escritório da instituição, disse ser necessário entender as aspirações da unidade, identificar qual será sua visão de futuro e o público que quer atender. Aconselhou evitar isolamento em relação as instituições locais existentes – o que valeria pra todas unidades, mas principalmente para um escritório recém ativado. “É preciso analisar quanto de estrutura existe nas universidades do Piauí e onde é que a Fiocruz pode complementar ou dar foco àquilo que não é atendido pelas universidades locais. Há outros parceiros, mas, no caso da educação, as universidades são parceiros naturais”, defendeu o vice-presidente.

Ele sugeriu à Fiocruz Piauí a elaboração de um plano, que pode ser feito com a colaboração da Fiocruz Brasília, e que deve considerar as dificuldades decorrentes da crise político-econômica que o país enfrenta. O secretário-executivo da UNA-SUS, Francisco Campos, ofereceu apoio da rede de universidades aos trabalhos desenvolvidos pelo escritório, uma vez que a própria Universidade Federal do Piauí é uma das participantes da rede.

Já o diretor da Fiocruz Piauí, Régis Gomes, também ressaltou a importância do Fórum, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento da unidade que dirige. Com uma equipe ainda pequena na capital do Piauí, Gomes foi elogiado pelo conjunto dos demais diretores e representantes das regionais pelos avanços que tem conseguido a partir das parcerias firmadas em Teresina. Ele assinalou o trabalho que vem sendo realizado pelo grupo no Piauí para mapear as questões mais importantes para a educação no estado. Também destacou a importância desta 46ª Reunião por permitir o avanço das discussões sobre a proposta de um doutorado profissional na Fiocruz. Veja aqui a entrevista.

PRONON e PRONAS — Esta edição do FUR ainda abriu espaço para apresentações de dois programas do Ministério da Saúde: o Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica – PRONON – e o Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência – PRONAS/PCD. Ambos são programas financiados com recursos de dedução fiscal.

A diretora do Departamento de Economia da Saúde, Investimentos e Desenvolvimento (DESID/Secretaria Executiva do Ministério da Saúde), Ana Cristina da Cunha Wanzeler, e a assessora do Departamento de Ciência e Tecnologia (DECIT/ Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do MS), Gabriela Bardelini Tavares Melo, apresentaram uma série de dados e requisitos para adesão aos programas, que podem ser conferidos em detalhes a partir deste link.

O secretário municipal de saúde de Teresina, Silvio Mendes, participou brevemente da reunião, a convite do assessor especial da Fiocruz Brasília, Agenor Álvares, e fez uma saudação ao grupo, colocando-se à disposição para firmar parcerias estratégicas com a Fiocruz. 

No encerramento do encontro, o diretor da Fiocruz Brasília e também coordenador do FUR, Gerson Penna, lembrou os avanços para a pós-graduação com a criação do Sistema de Escolas de Governo da União (SEGU), que reúne 20 instituições, e do qual a Fiocruz faz parte, credenciada como Escola de Governo. Saiba mais. Penna chamou a atenção  para a necessidade que a Capes aponta de se fazer chegar o doutorado profissional para Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.