Webinário trouxe diálogos e reflexões sobre o papel do NASF no enfrentamento à Covid-19 no Distrito Federal

Fernanda Marques 23 de outubro de 2020


Gabriella Lima

 

A pandemia do novo coronavírus tem destacado a importância dos trabalhos realizados pelas equipes dos Núcleos Ampliados de Saúde da Família (NASF). Na tarde desta quinta-feira, 22 de outubro, especialistas trouxeram reflexões e debates sobre o enfrentamento da Covid-19 nos territórios. A atividade faz parte do Programa de Qualificação da Atenção Primária à Saúde (Qualis APS) da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF), em parceria com a Fiocruz Brasília e a Universidade de Brasília (UnB).

 

Para a gerente de Serviços da Atenção Primária à Saúde de Taguatinga, Iraquitânia Barbosa, o NASF vem atuando não somente com apoio à gestão, mas com a padronização dos processos de trabalho, como o acolhimento de porta para controle de fluxo, o encaminhamento de pacientes e o apoio da testagem da Covid nos drives-thrus. Outro ponto que se evidenciou foi a preocupação com a saúde e motivação do servidores. “Sugerimos ao Núcleo atividades para melhorar a qualidade de vida dos profissionais e também incentivá-los. Então, toda quinta-feira é possível encontrar nossa equipe em um momento especial recebendo sessões com técnicas de relaxamento”, contou.

 

Já para Sabrina Freitas, do NASF Itapoã, uma área que foi de extrema importância nesse momento de emergência sanitária foi o serviço social. “Nosso território é extremamente vulnerável. E isso chegou para nós de uma forma muito violenta. Tivemos um aumento drástico nas demandas, principalmente na insegurança alimentar. Com isso, fizemos uma ação emergencial que foi a confecção de cestas básicas. Foi preciso agir muito rápido nesse sentido, articulando e mobilizando todos os servidores da UBS, parceiros do território, igrejas e até mesmo o Ceasa. Depois, com base nos nossos critérios de vulnerabilidade, mapeamos as famílias e fizemos a distribuição”, explicou.

 

A Covid-19 trouxe ao mundo um novo olhar para quem atua na linha de frente da saúde. Mesmo diante das dificuldades e dos desafios enfrentados com a pandemia, desperta-se entre as equipes do NASF a necessidade de inovação no sistema, principalmente no atendimento humanizado e colaborativo. Nesse sentido, Marcelo Pedra, pesquisador da UnB e do Núcleo de Pesquisa Pop Rua da Fiocruz Brasília, falou sobre as vulnerabilidades dos trabalhadores e o peso de ter que mudar o modelo de ações na saúde coletiva. “É um desafio para nós. Não podemos tratar esta questão com muita naturalidade. É preciso dialogar. Outro elemento importante é sobre a gente construir valor de uso para o SUS junto à população, sobretudo através da clínica”, ressaltou.

 

Erika Almeida, servidora do Ministério da Saúde, falou sobre a segurança dos trabalhadores no primeiro momento da pandemia. “No início, houve uma dificuldade de organização da Atenção Primária à Saúde, devido à ausência de equipamentos de proteção individual e também à ausência de segurança técnica no manejo da Covid-19. E isso ocorreu devido à falta de informações oficiais. As primeira ações realizadas pelo governo estavam concentradas em abertura de leitos nos hospitais de campanha e ações pouco voltadas ao que diz respeito à Atenção Primária à Saúde”, destacou.

 

O webinário contou com a mediação de Gislei Knierim, pesquisadora da Fiocruz Brasília. Assista à íntegra do evento no canal do YouTube – Qualifica APS. Em novembro, serão realizados mais dois webinários com abordagens do contexto da Covid-19. Confira os temas e programe-se!

 

● 5/11: Efeitos da pandemia em grupos com condições crônicas e em vulnerabilidade

● 19/11: Questões de saúde mental e socioeconômicas