Desde o início de abril, a UNA-SUS promove os primeiros encontros presenciais do Curso de Gestão da Assistência Farmacêutica

A UNA-SUS promove, desde o início de abril, os primeiros encontros presenciais do Curso de Gestão da Assistência Farmacêutica, nos treze Polos de cobertura. A especialização, destinada a profissionais farmacêuticos que trabalham no serviço público de saúde e docentes da área, é ofertada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em conjunto com outras integrantes da Rede UNA-SUS. Ao total, foram disponibilizadas 1.600 vagas, com carga horária de 450 horas.

Os encontros foram realizados com os grupos da seguinte forma: polos de Curitiba, Goiânia, Ribeirão Preto (SP) e Salvador (BA) nos dias 3 e 4 de abril; Divinópolis (TO), Fortaleza (CE), Manaus (AM) e Vitória da Conquista (BA) dias 24 e 25 de abril; polos de São Luís (MA) e Porto Alegre (RS) nos dias 8 e 9 de maio; e dias 15 e 16 de maio em Natal (RN), São Paulo (SP) e Brasília.

Durante os eventos, os alunos receberam dicas de como utilizar a plataforma Moodle e tiveram a oportunidade de tirar dúvidas relacionadas ao curso. A coordenadora do Polo Brasília e professora de farmácia da Universidade de Brasília (UnB), Noemia Tavares, explica que o objetivo do curso é aprimorar a qualificação desses profissionais e, com isso, contribuir com a melhoria do atendimento à sociedade. “A formação de farmacêuticos capacitados para a gestão da assistência é fundamental para ampliar o acesso da população aos medicamentos”, afirma.

Iniciativa
Durante sua explanação no encontro em Brasília, a professora Mareni Rocha, integrante da Comissão Gestora do Curso, explicou que a ideia surgiu em 2009, a partir de uma primeira experiência do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos (DAF/SCTIE/MS) que, em 2008, lançou uma carta-convite a diversas universidades para que ofertassem o curso, na modalidade presencial.  A proposta da UFSC, que contou com a participação de universidade privadas no estado, foi aceita. Dessa forma, foi formada uma rede estadual para qualificação da assistência farmacêutica em Santa Catarina. “Essa ideia funcionou muito bem, pois capilarizou a ideia dessa capacitação nas outras universidades”, afirma.

Eixos de Capacitação
O curso foi separado em três eixos, de forma que o aluno pode escolher até em que etapa irá estudar, recebendo certificados referentes às unidades cursadas.

Eixo 1
São Estudos de Aprofundamento, que abordam temas relacionados às Políticas de Saúde e Acesso aos Medicamentos, com carga horária 75 horas, equivalente a um curso rápido.
Eixo 2
É referente ao Aperfeiçoamento, onde são realizadas as atividades de gestão e planejamento.
Eixo 3
É a especialização, intitulada Estudos Complementares. Nesta etapa, o aluno escreverá um trabalho de conclusão de curso. Após aprovação, o profissional terá um título acadêmico de especialista.

Intervenção local
Ao final do Aperfeiçoamento, os alunos apresentam um Plano Operativo, atividade de planejamento relacionada a um problema do seu âmbito de trabalho, no próprio local de serviço. “O curso é a distância, mas são desenvolvidas atividades práticas na própria localidade. Ao concluir o curso, o aluno apresenta uma proposta para enfrentamento desse problema para mudar a realidade local”, explica a integrante da Comissão Gestora do Curso. “Nossa experiência é que muitos conseguiram, a maioria dos profissionais fizeram intervenções extremamente positivas e fundamentais”, conta.

Rocha destaca ainda que, ao mesmo tempo em que é capacitado grande número de profissionais, são apresentadas diversas propostas de intervenção em localidades distintas, e as realidades do Brasil são muito diferentes. “Muitos municípios contam somente com um farmacêutico e, quando esse profissional faz o curso, ele já traz um impacto para a comunidade”. Quando há mais de um profissional no mesmo município, eles são estimulados a fazerem uma proposta de intervenção em conjunto, mais robusta, para atuar em várias frentes.

Capacitação em grande escala
O curso presencial oferecia somente 30 vagas por instituição.  “Naquela velocidade, e avaliando a necessidade de formação do país, seria preciso muitos anos para conseguir capacitar esses profissionais”. Ao final de 2009, quando o curso presencial estava chegando ao final, a UFSC montou uma proposta para ofertar o curso, dessa vez, utilizando a estratégia do ensino a distância para especializar profissionais de todo país.

Rocha destaca ainda que o diferencial desta edição do curso, que já está em sua segunda turma, é a ampliação das vagas para professores, contribuindo também para a qualidade da graduação, já que os docentes levam para a sala de aula os conteúdos aprendidos no curso.  “A ideia é aumentar a interação entre o docente e o serviço público, para que a partir desse contato, os professores possam refletir sobre a sua própria prática”, afirmou. Em sua apresentação, Rocha também falou sobre a importância do Acervo de Recursos Educacionais em Saúde (Ares), que contém objetos educacionais disponíveis para consulta e compartilhamento.

Impressões
A aluna Josiane Valente trabalha no programa Farmácia Popular e veio de Pirapora, município de Minas Gerais, até Brasília, especialmente para o encontro. “Estou adorando o curso. Muito bem organizado”, afirma. A amiga Aline Medeiros, que atua na Rede Farmácia de Minas, destaca que o conteúdo do curso é voltado para o cotidiano de trabalho “É importante se especializar, e esse curso tem tudo a ver com o meu trabalho!”, conta.
 
Para Mariana Coelho, que trabalha na Farmácia Básica, em Divinópolis/TO, o curso é uma oportunidade que o Ministério da Saúde proporcionou para que os farmacêuticos expressem também as necessidades dos municípios e hospitais. “Estamos presentes na sociedade, é preciso mudar essa mentalidade que só entregamos o medicamento, estamos envolvidos em todo processo” afirma.

“Acesso o curso todos os dias no meu intervalo de almoço. É muito bom, fácil de mexer e dinâmico. Nunca estudei a distância, mas a especialização tem superado minhas expectativas”, conta Maressa Gomes, de Araguacena/TO.

Tássio Fontes trabalha em um hospital de pequeno porte em Divinópolis/TO e também é a sua primeira experiência em educação a distância. “Não tive dificuldades, o material é bem claro, objetivo e de qualidade”, diz. Ana Lúcia Polastrini, de Palmas, também elogia a organização do curso e ressalta que “todo conhecimento é bem vindo”.

Universidades Parceiras
Universidade de São Paulo, unidades de São Paulo e Ribeirão Preto; Universidade Federal do Paraná (UFPR); Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA); UnB; Universidade Federal de Goiás (UFG); Universidade Federal da Bahia (UFBA), nos campi de Salvador e Vitória da Conquista; Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); Universidade Federal do Ceará (UFC); Universidade Federal do Maranhão (UFMA); Universidade Federal do Amazonas e Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ).

Investimento
Rocha explica que, para atender as demandas da população, o Ministério da Saúde tem ampliado o investimento na compra de medicamentos. “Para utilização adequada desses insumos, é necessário ter um bom gerenciamento, o que só é possível com profissionais capacitados. É preciso administrar adequadamente todas as etapas envolvidas no processo de utilização de medicamentos, desde a aquisição, distribuição, até mesmo a orientação do paciente para o uso correto. É fundamental a capacitação desses profissionais dentro dessa lógica”.