Trabalho destaca importância da mobilização social para enfrentamento de emergência sanitária

Fiocruz Brasília 27 de julho de 2018


A importância do papel do Estado na mobilização social para resposta a emergências sanitárias foi um dos resultados obtidos na primeira etapa da “Pesquisa científica e tecnológica para inovação em educação e comunicação para a prevenção da zika e doenças correlatas nos territórios”, apresentados na última sexta-feira (27), pelo pesquisador Miguel Oliveira, do Museu da Vida. 

Os pesquisadores identificaram também um amadurecimento da relação do governo com os meios de comunicação, a importância da articulação entre vigilância e atenção em saúde nos territórios e a necessidade de integração de setores da saúde. “As arboviroses precisam de respostas intersetoriais, não podemos só focar em controle do vetor, embora ele seja importante. É preciso mobilizar outros setores de comunicação para dar uma resposta satisfatória às emergências”, afirmou Oliveira. De acordo com ele, a emergência abriu discussões sobre saneamento ambiental e básico, apenas sensibilizando para um investimento no setor, não concretizando em ação.  

A primeira etapa da pesquisa buscou o entendimento da emergência, por meio da análise documental de cerca de 40 documentos, notícias de jornais, publicações, portarias, decretos, guias, relatórios e boletins dos anos 2005 a 2018. Gestores, técnicos e pesquisadores envolvidos no processo da declaração de emergência, profissionais de saúde e jovens foram entrevistados. 

A entrevista buscou entender o que vem a ser uma emergência, conhecer quais fatores foram críticos para obter a declaração e entender, através discursos, como o sentido da mobilização e participação no contexto da emergência sanitária foram compreendidos pelos atores envolvidos. 

Para os pesquisadores envolvidos no projeto, a formação profissional, educação permanente em saúde e popularização da ciência são encaradas como complementos da comunicação de massa, essenciais na construção de sentidos e efeitos da mobilização em contexto de emergência sanitária. “A emergência em saúde pública é de interesse nacional. Não adianta só fazer mutirão, isso é só uma parte. As pessoas precisam viver a realidade nas escolas. O Programa Saúde nas Escolas é um grande ator que mobiliza a sociedade, precisamos fortalecê-lo”, completou Oliveira. 

O projeto teve início em 2015, quando foi declarada emergência sanitária em função do crescimento dos números de casos de microcefalia no Brasil. É coordenado pela diretora da Escola Fiocruz de Governo, Luciana Sepúlveda, e desenvolvido por pesquisadores de diferentes setores da Fiocruz: do Programa de Educação Cultura e Saúde (Pecs) da Fiocruz Brasília, do Museu da Vida, do Observatório de Território Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina e da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio. 

Diferentes territórios recebem o projeto: escolas públicas de municípios do Rio de Janeiro, como Manguinhos e Maricá, de Ceilândia – região do Distrito Federal – e comunidades quilombolas, ribeirinhas e caiçaras de Paraty. A escolha dos diferentes locais se deu com o objetivo de mobilizar as comunidades escolares e assim concretizar uma ação sustentável e efetiva, de acordo com as especificidades de cada região. 

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