#TBT: trabalhadores e estudantes compartilharam vivências de Solidariedade

Fernanda Marques 29 de agosto de 2021


Agosto foi o primeiro mês do Ciclo de Inspirações para o Futuro, série de atividades comemorativas dos 45 anos da Fiocruz Brasília. Neste mês inaugural, o tema em destaque foi Solidariedade, que motivou uma roda de conversa virtual realizada na última segunda-feira (31/8). A temática foi também o fio condutor de uma campanha nas mídias sociais da Fiocruz Brasília: a comunidade interna e externa foi chamada a compartilhar suas vivências, de um passado mais distante ou recente, relacionadas à Solidariedade e à trajetória junto com a instituição.

 

https://youtu.be/lLfdqqEmoTs

 

Publicados sempre às quintas-feiras, dentro de um movimento mundial das mídias sociais conhecido como #tbt, os relatos abordam diferentes ações, como alfabetização de adultos, doação de sangue, acolhimento de mulheres em situação de vulnerabilidade e escuta de pessoas em situação de rua, entre outras.

 

A seguir, convidamos a conhecer os relatos compartilhados em agosto nas mídias sociais da Fiocruz Brasília. E convidamos também a continuar acompanhando o nosso Ciclo de Inspirações, que, em setembro, terá como foco a Amorosidade. Tem alguma memória de Amorosidade na sua história com a Fiocruz Brasília? Compartilha com a gente por e-mail (ascombrasilia@fiocruz.br), Instagram, Twitter ou Facebook!

 

Deuzani Noleto

No ano passado, estudantes do Curso de Especialização em Governança Territorial para o Desenvolvimento Saudável e Sustentável, realizado pela Fiocruz Brasília em parceria com IFB, tiveram um projeto selecionado na Chamada Pública para Apoio a Ações Emergenciais Junto a Populações Vulneráveis, da Fiocruz. Entre as atividades desenvolvidas na Estrutural, em uma parceria com o Movimento de Educação e Cultura da Estrutural (MECE), as estudantes ajudaram a organizar os moradores para a produção e distribuição de máscaras e sabão, contribuindo para a prevenção da Covid-19 no território e, ao mesmo tempo, para o fortalecimento da economia solidária.

 

Como desdobramento do projeto, foi criado o Fundo de Resiliência Solidária, cuja gestão é feita pelo Conselho de Governança, composto pelo MECE e por outros movimentos sociais de diferentes regiões do DF. O Fundo é um investimento feito por pessoas e entidades para apoiar as comunidades do DF em maior vulnerabilidade social. “Com os recursos que serão adquiridos, as famílias severamente afetadas pelos impactos socioeconômicos da Covid-19 receberão um auxílio solidário, por meio da moeda social digital e-dinheiro do Banco Comunitário Estrutural”, conta Deuzani Noleto, uma das responsáveis pela iniciativa. Para saber mais sobre esse trabalho e fazer sua contribuição, acesse https://bit.ly/fundoresiliencia

 

Pamela Vasconcellos

“Sou psicóloga residente em Saúde da Família com Ênfase em Saúde da População do Campo, das Florestas e das Águas pela Fiocruz Brasília, e estou inserida na Unidade Básica de Saúde do Núcleo Rural São José, em Planaltina (DF). De acordo com levantamento realizado pela equipe, havia muitas famílias em situação de vulnerabilidade social e insegurança alimentar no território, que precisavam muito de ajuda para garantir ao menos sua alimentação básica. Então, eu e a nutricionista Beatriz Blackman criamos uma ‘vakinha’ online para arrecadar fundos e comprar cestas básicas. Também fizemos contato com a Emater da região e conseguimos algumas cestas verdes, com folhagens, verduras e legumes. Com essa mobilização e o apoio dos agentes comunitários de saúde, em março deste ano, os alimentos foram entregues às famílias que mais necessitavam”.

 

Cananda Cavalcante

“Aos sábados pela manhã, um grupo multidisciplinar de cinco residentes* da Fiocruz Brasília realizou, durante três meses, de agosto a outubro de 2020, atividades com mulheres do Instituto Inclusão, localizado na Ceilândia. As mulheres residindo neste abrigo tinham um perfil marcado por descaso, violência e abandono, e eram recebidas e apoiadas com o intuito de recomeçar a vida, tentando deixar para trás seus traumas. Observando essas histórias, as atividades propostas buscavam despertar nas mulheres o autocuidado, o amor próprio e o autoconhecimento. Além de atividades voltadas para a saúde, também eram realizados momentos de relaxamento, debate e reflexão. Todos esses momentos foram planejadas com a participação das mulheres acolhidas; as residentes tiveram o cuidado de ouvir a opinião de todas, de forma que as práticas fossem ao encontro de suas necessidades e expectativas, uma forma de dar voz a todas as participantes. Sempre respeitando o distanciamento social e com todos os cuidados preventivos contra a Covid-19, essa vivência, além de nos dar a oportunidade de apoiar essa mulheres em situação de vulnerabilidade, nos permitiu aprender com elas a importância dos pequenos gestos de cuidado e abrir os olhos para a complexidade das pessoas e o quanto seu caminho e trajetória dizem sobre quem são”.

 

* Cananda Ferreira Cavalcante, Renata Michele Cassimiro da Silva e Micaela Silva Lopes, da Residência Multiprofissional em Atenção Básica, e Larissa Otaviano Mesquita e Tainá Rocha Santos, da Residência Multiprofissional em Gestão de Políticas Públicas para a Saúde

 

Ana Paula Sá

Um assentamento, em pleno sertão cearense, experienciando a formação-ação em Agentes Populares de Saúde do Campo: estes agentes são voluntários da comunidade que, conhecendo o território e sua população, realizam ações de cuidado e promoção da saúde – um trabalho fundamental, especialmente em tempos de pandemia. A Fiocruz tem sido parceira na formação desses agentes, incluindo o uso de um aplicativo que permitirá maior autonomia e agilidade nesse processo de vigilância popular em saúde. “Essas lideranças locais, que pouco faziam uso de ferramentas de tecnologias virtuais, hoje se encontram não só utilizando, como contribuindo na construção dessas ferramentas tecnológicas, como a do aplicativo”, conta a médica Ana Paula Dias de Sá, mestranda em Políticas Públicas em Saúde da Fiocruz Brasília, Turma Especial Ceará. “Essa é uma ação que leva autonomia e esperança para as comunidades. Não se trata de ‘doar’ asas, mas de fazer com que o outro voe”, afirma ela, destacando a importância de promover territórios saudáveis e sustentáveis por meio de um processo emancipatório de educação.

 

Cecília Franco

Um grupo da Residência Multiprofissional em Saúde da Família com Ênfase em Saúde da População do Campo organizou uma ação com o objetivo de enfrentar a fome na zona rural do DF. “A fome afeta a população do campo e isso se agravou com a pandemia. Com o fechamento das feiras, muitos trabalhadores não tiveram como escoar a sua produção e, como são áreas isoladas, é difícil o deslocamento para tentar vender os produtos em outros locais”, conta a residente Cecília Franco, uma das responsáveis pelo Projeto Cestou. Ela explica também que, devido a esse afastamento, muitos projetos sociais não chegam à zona rural. “A gente sentiu essa necessidade de agir como mediadores. Pessoas na cidade querem fazer uma doação, mas tem toda uma logística envolvida para que esse desejo se transforme em alimentos que chegam ao campo, onde a estrada é de terra e esburacada, e o acesso costuma ser bem difícil”, afirma. Cecília e outros colegas residentes, que atuam em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no Núcleo Rural do Pipiripau II, em Planaltina, fizeram um mapeamento das famílias, identificaram aquelas em maior situação de insegurança alimentar e organizaram a arrecadação de recursos para a distribuição de cestas básicas – montadas de uma forma compatível com as necessidades do território, consistente do ponto de vista nutricional e, igualmente, humanizada. “Na Páscoa, por exemplo, incluímos um chocolate, para levar também alegria junto com as cestas”, lembra Cecília.

 

Ingridy Morais

De agosto a outubro de 2020, a enfermeira Ingridy Morais e outros residentes da Fiocruz Brasília participaram de ações no alojamento provisório do Autódromo em Brasília. Além de conversar com os abrigados, acolher e conhecer um pouco de sua história, realizaram rodas de conversas sobre saúde, momentos de compartilhamento e troca de ideias. “Foi uma experiência muito gratificante”, conta Ingridy, do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Básica. Ela realizava esse trabalho duas vezes na semana: uma no abrigo e outra junto à equipe de Consultório na Rua. “É muito importante essa sensibilização e capacitação de profissionais, para que possamos atender melhor às pessoas em situação de rua nos serviços de saúde, ofertando, realmente, um cuidado integral, e caminhando, junto com o SUS, para uma sociedade mais humanizada e solidária”, completa.

 

Regina Padrão

Fome de Letras foi um projeto de alfabetização de jovens e adultos que teve início em 2003, em uma época em que a Fiocruz Brasília era ainda muito pequena e só ocupava três salas do Ministério da Saúde. O aprendizado ultrapassava as paredes das salas de aula e se estendia ao plantio da lavoura, para falar de forma contextualizada sobre temas como segurança alimentar, saúde mental, saúde física e economia. O objetivo do Fome de Letras era contribuir para melhorar a vida dos moradores dos assentamentos rurais do município de Padre Bernardo (GO).

 

A lembrança desses momentos marcantes é da professora Regina Padrão, da Assessoria Pedagógica da Escola de Governo Fiocruz – Brasília. “Todos os finais de semana, nós da Fiocruz Brasília e alunos de diferentes cursos da UnB falávamos sobre cultivo sustentável e economia, para que os participantes pudessem conduzir sua cooperativa; auxiliávamos na preparação de alimentos; conversávamos sobre saúde física e saúde mental. Foi um projeto que nos trouxe muita sabedoria de vida, afeto, respeito pelo próximo, cuidado em perceber as necessidades do outro”, explicou. Saiba mais sobre o projeto em reportagem do Canal Saúde: https://bit.ly/fomedeletras

 

Thiago Barreto

Pandemia, frio, pessoas em situação de vulnerabilidade. A equipe do Núcleo de Educação a Distância (NEAD) da Escola de Governo Fiocruz – Brasília decidiu que arrecadaria cobertores. “O NEAD Solidário surgiu de uma ideia em conjunto da equipe”, conta Thiago Barreto, um dos responsáveis pela iniciativa. O grupo foi se organizando, outros colegas se juntaram, cada um foi cuidando de uma parte, e a ação foi crescendo. Agora em julho as doações – e também muito afeto – foram entregues a pessoas em situação de rua e também em uma instituição de longa permanência para idosos em Sobradinho (DF).

 

André Guerrero

Para o pesquisador André Guerrero, coordenador do Núcleo de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas (Nusmad), entre as muitas histórias da Fiocruz Brasília, uma que ficou especialmente marcada foi a comemoração dos 41 anos da unidade. “Toda a casa foi chamada para ir ao banco de sangue do DF fazer uma doação de sangue”, lembra. Um ônibus lotado saiu da Fiocruz Brasília levando os doadores. “Havia pessoas de todas as áreas da instituição. Passamos algumas horas no banco de sangue e foi muito bacana a conversa, a integração com os colegas e a motivação de todo mundo em prol de uma causa tão nobre para a sociedade, um pequeno gesto que salva muitas vidas”, conta. Segundo André, essa ação ilustra bem o lado humano da força de trabalho da Fiocruz, em especial da Fiocruz Brasília. “É a preocupação com o bem-estar das outras pessoas, que se manifesta também na nossa luta permanente em defesa do SUS, que é feito de nós, cidadãos. Aquele dia, em que fomos lá fazer a doação de sangue, foi mais um dia de defesa do SUS”, celebra.

 

Douglas Silva

Há cerca de dois meses, Douglas Fernandes da Silva, integrante do Núcleo de Educação e Humanidades em Saúde (Jacarandá) da Escola de Governo Fiocruz – Brasília, iniciou o que ele define como uma “corrente do bem”: com o apoio dos colegas do Núcleo, ele arrecada recursos para distribuir cestas básicas. “Existem muitas pessoas passando por dificuldades, passando fome até, em situação de grande vulnerabilidade, ainda mais diante dessa pandemia. A gente está vivendo uma situação muito complicada e é preciso agir com amor, com alteridade, com o olhar realmente voltado para o outro”, afirma Douglas.

 

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