Sustentabilidade na agricultura é tema de novo encontro do Fórum Ciência e Sociedade

Fiocruz Brasília 20 de outubro de 2016


 “A relação das pessoas com a alimentação mostra atualmente uma distância imensa entre o campo (a produção) e a cidade (o consumo). Muitas crianças não reconhecem uma batata in natura, ou o alimento produzido pela vaca, mas apenas o pacote de batata frita e a caixa de leite, o que é muito ruim”.

Esta fala da pesquisadora da Embrapa Hortaliças Mariane Vidal, para os mais de 90 estudantes de ensino médio da rede pública do DF e dos cursos do Instituto Federal de Brasília abriu o segundo debate do Fórum Ciência e Sociedade realizado nesta quarta-feira, 19 de outubro. A bióloga apresentou conceitos e práticas sustentáveis para agricultura agroecológica, que alia a produção agrícola à manutenção dos recursos naturais da região para garantir a lavoura por muitos anos, com o mínimo de efeito negativo no ambiente, sem liberar substâncias tóxicas ou nocivas à atmosfera.

A bióloga apresentou a  importância de se usar a água nos cultivos, permitindo seu reuso por parte da população  e outros elementos do ecossistema, e considerar não só o plantio de espécies diferentes em uma mesma região, mas também a integração com a produção animal e manutenção de áreas de preservação permanente. “É importante cuidar do ambiente primeiro e só depois escolher o tipo de hortaliça a ser plantada ”, disse. Ela apresentou várias alternativas para todo o processo de produção, desde o preparo de mudas e sementes, solo, como cultivar hortaliças de maneira sustentável, bem como o combate a pragas utilizando-se hortaliças protetoras, como o coentro. Os estudantes foram alertados também sobre o prejuízo para os agricultores que ficam escravos de sementes industrializadas e todo o rol de agrotóxicos, herbicidas e outros insumos exclusivos e caros para viabilizar a sua utilização.

A estudante do Instituto Federal de Brasília Maria Luiza Moreira, 20 anos, afirmou que  aprender sobre os métodos naturais de produção de hortaliças foi interessante pois se todos os agricultores aderissem, beneficiaria tanto o ambiente quanto o agricultor, além de diminuir seu custo. “Como estudante do curso de química, entendi que os trabalhadores da minha área podem ajudar ou atrapalhar o processo de alimentação, então esse aprendizado foi bacana para aplicar esses conceitos no meu dia a dia como estudante e depois, como profissional”.

Já a adolescente Clara Costa, estudante do ensino médio do Centro de Ensino Integral do Gama acredita que vai aplicar não só nos estudos, mas em casa o conhecimento aprendido no Fórum. “Meu pai é agricultor. É muito interessante saber as diferenças da agricultura convencional. No colégio, na iniciação científica, faço uma pesquisa sobre o uso de antibióticos em frangos e seus danos à saúde e gosto de participar do Fórum porque percebo a aplicação da ciência no cotidiano”, afirmou.

Promovido pela Fiocruz Brasília há 15 anos, por meio do Programa de Educação, Cultura e Saúde,  o Fórum Ciência e Sociedade é  uma atividade educativa não formal, voltada para o ensino médio, desenvolvida em parceria entre as comunidades escolar e científica, além de profissionais da popularização da ciência. É uma proposta inovadora de criação de um espaço coletivo de discussão e construção de conhecimentos colocando frente a frente atores que normalmente não se encontram: pesquisadores, alunos, gestores convidados, mediadores da cultura científica (professores, profissionais dos museus, jornalistas).  Em 2016, o tema do Fórum é Segurança Alimentar e Nutricional e Agroecologia a semana, e esta semana a conversa foi realizada na Embrapa Hortaliças. O próximo debate será realizado no dia 25 de outubro, quando os estudantes vão visitar o Sitio Geranium, que trabalha com agricultura orgânica a 30 quilômetros do centro da capital.