Secretário executivo do MS avalia pesquisas no Brasil

Fiocruz Brasília 24 de novembro de 2015


Encontro, que teve início ontem (23), na Fiocruz Brasília, reuniu pesquisadores, estudantes e profissionais da saúde

Os resultados das pesquisas no Brasil ainda estão muito abaixo do volume de recursos que se aplica. Esta foi a avaliação do secretário executivo do Ministério da Saúde, Agenor Álvares, apresentada durante conferência de abertura do PesquisaSUS – Encontro Científico de Pesquisas Aplicadas às Políticas Públicas em Saúde da Escola Fiocruz de Governo.

Para Agenor, diante dos poucos recursos disponíveis no país, é necessário unir estudantes, pesquisadores e governo para traçar diretrizes e definir prioridades em estudos que possam conferir eficácia e resultado para a população, ao invés de abrir o leque e pulverizar o financiamento. O secretário executivo ressaltou que os financiamentos com recursos públicos devem ter repercussão na saúde pública e no Sistema Único de Saúde. Caso contrário, o pesquisador deve se questionar se o interesse pelo estudo não é meramente acadêmico, sem consequência prática para o sistema de saúde do Brasil.

“Hoje, os recursos são finitos. O recurso da saúde deve ser utilizado com muita responsabilidade e com muito critério, ser direcionado para a área que demanda mais”, afirmou. Agenor defende ainda que é preciso assumir uma responsabilidade com a população, independente de ser gestor, o centro de pesquisa ou o pesquisador. “Temos que construir uma política, principalmente se quisermos dar um salto de qualidade no que estamos fazendo e nos estudos e pesquisas que o Ministério da Saúde possa estar financiando”, explicou. 

O secretário executivo relatou o sentimento de impotência do estado brasileiro, de pesquisadores, estudantes e professores por não encontrarem um mecanismo de enfrentamento ao mosquito Aedes aegypti, que apresenta um aumento desenfreado de casos de doenças e aumento de mortes. Para ele,  o grande desafio é o de pensar uma política mais forte de enfrentamento ao mosquito. 

Na visão dele, casos de epidemias como a zika, resultam de uma ação histórica de descaso do estado frente aos principais problemas de saúde da população, em especial os mais vulneráveis, os com maior fragilidade social. Ele defende que a prioridade deve ser a pesquisa focada em doenças negligenciadas, que ainda apresentam pouco investimento. Agenor convocou todos os participantes do evento a comparecerem à 15ª Conferência de Saúde, que será realizada no início de dezembro.

O diretor da Fiocruz Brasília, Gerson Penna, e o reitor da Universidade de Brasília, Ivan Camargo, também participaram da cerimônia de abertura do evento. Gerson Penna falou sobre a responsabilidade e a postura do pesquisador. Para ele, é preciso rever a agenda nacional de prioridade de pesquisa em saúde. “Isso traz uma reflexão para a comunidade científica. A agenda não deve atender só a demanda do pesquisador, mas também a demanda de pesquisa da população”, afirmou.

PesquisaSUS

O Encontro Científico de Pesquisas Aplicadas às Políticas Públicas em Saúde da Escola Fiocruz de Governo, que será realizado até amanhã (25), aborda temas relevantes e atuais para o fortalecimento da relação entre o saber – fazer em saúde, com mesas redondas e apresentações de trabalhos de profissionais da saúde, gestores, pesquisadores e estudantes. O objetivo é incentivar o fortalecimento das relações entre pesquisa e políticas públicas e promover o intercâmbio de conhecimento entre os participantes.