“Se a legislação na área da saúde é mal feita, os danos são irreparáveis”, diz pesquisador

Fiocruz Brasília 28 de abril de 2017


Pesquisador da Universidade de Brasília ministrou aula inaugural da pós em direito sanitário

Os  países com maior qualidade das normas possuem alta segurança jurídica e este é um dos motivos que fazem com que seja  fundamental que o Brasil invista em normas que gere mais distribuição de renda e menos custo para o Estado. Este foi um dos pontos apresentados pelo coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisa da Consultoria Legislativa do Senado Federal, Fernando Borato Meneguin, durante a aula inaugural da especialização em Direito Sanitário, promovida pela Fiocruz Brasília.

Os 25 novos alunos da instituição puderam compreender a importância da Legística, área que trata da concepção à efetivação de uma norma jurídica. Segundo o pesquisador,  associado ao Laboratório de Pesquisa em Comportamento Político, Instituições e Políticas Públicas (LAPCIPP) da Universidade de Brasília (UnB), é importante que as equipes que cuidam das normas jurídicas sejam interdisciplinares, com profissionais da área do direito e da área da saúde, para construir normas que não deixem brecha a judicialização e  criticou a banalização das normas que geram certo ativismo judicial.  “Quanto mais clara for a norma, menos possibilidade de um equívoco no julgamento de uma ação que se refira a ela, pois é preciso lembrar que o jurista é especialista em direito, não em saúde. Se uma legislação é mal feita, os danos são irreparáveis, ” afirmou.

A abertura contou com a presença do diretor da Fiocruz Brasília Gerson Penna  e a coordenadora do Programa de Direito Sanitário, Maria Célia Delduque, e alguns professores do curso, Swedenberger Barbosa e o ex-ministro da saúde Agenor Alves .  Para este último, o curso é de importância ímpar para que os profissionais tanto do direito como da saúde entendam com cautela o que significa o direito constitucional à saúde. “Várias ações contra o Estado, solicitando pagamentos de serviços que não tem comprovação científica, poderiam ser evitadas se houvesse maior interação entre as duas áreas, ” afirmou.

A advogada Silvia Amaral Pereira, que trabalha na assessoria jurídica do Ministério da Saúde, o curso será importantíssimo para aprimorar seu trabalho cotidiano. “Minha expectativa é contribuir melhor para o SUS, ” afirmou.

Esta é a nona turma do curso de direito sanitário da Fiocruz Brasília. A seleção dos alunos foi realizada no início do ano, com participação de mais de cem candidatos.