Saneamento Rural em debate na Fiocruz Brasília

Fiocruz Brasília 20 de abril de 2018


Cerca de 39,9 milhões de pessoas residem em localidades rurais, segundo pesquisa de 2010 do IBGE. Apenas 40,4% dos habitantes das áreas rurais são atendidos por rede de água e só 9,8% tem rede de esgoto. Esta é a realidade do saneamento rural do Brasil, que foi tema de oficina na Fiocruz Brasília, nos dias 19 e 20 de abril.

A atividade contou com a presença de pesquisadores e representantes de diversas unidades da Fiocruz, da Funasa, da Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade Federal de Goiás, Abrasco, Emater, Universidade de Brasília, Comissão Pró-Índio e movimentos sociais. 

O objetivo da oficina foi elaborar uma proposta de gestão dos processos de educação e formação dos diferentes atores envolvidos no saneamento dentro do Programa Nacional de Saneamento Rural (PNSR). O programa, que está em construção, busca promover o desenvolvimento de ações de saneamento básico em áreas rurais, para garantir a universalização do acesso por meio de estratégias que garantam a equidade, integralidade, intersetorialidade, sustentabilidade dos serviços e participação social. 

Durante a abertura do evento, a vice-diretora da Fiocruz Brasília, Denise Oliveira, afirmou que a discussão amplia a ciência para extrapolar os muros em que se insere e destacou a importância do investimento na formação. 

Os desafios da política de saneamento foram destacadas pela coordenadora de Saneamento em Áreas Rurais e Comunidades Tradicionais da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Juliana Zancul. O governo está atento sobre a importância de trabalhar esse tema e pensar um programa para as populações do campo, floresta, águas e indígenas. E temos conseguido fazer com que esse processo seja participativo”, afirmou. Ela falou também sobre as parcerias entre a Funasa e a Fiocruz, como o projeto Territórios Saudáveis e Sustentáveis, iniciado no Rio de Janeiro e atualmente sendo trabalhado no território do semiárido. Para ela, o PNSR é mais um caminho que as duas instituições podem trilhar juntas.

A professora Sonaly Rezende, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Minas Gerais, destacou os avanços de propostas para a população rural e classificou como complexas e desafiadoras, e que contam com o engajamento e a participação. A expectativa para a oficina era de que saíssem ideias que possam consolidar bases para ações sustentáveis e perenes de saneamento de vários territórios rurais, com suas peculiaridades e diferenças. “Que todos abracem essa causa para que a gente consiga estabelecer uma união entre as áreas de saneamento, educação, saúde e desenvolvimento sustentável trazendo melhorias e qualidade de vida para todo mundo”, afirmou. 

Maria Veronica de Santana, do movimento Mulher Lavradora Rural do Nordeste e membro do Grupo da Terra explicou o surgimento do grupo. Esta é uma organização de vários movimentos que se constituiu desde 2011, a partir da Política Nacional de Saúde dos Campos, Floretas e Águas. “Quando veio a proposta de saneamento rural, abraçamos essa dimensão da perspectiva do que é pensar no saneamento rural tendo a dimensão de Brasil regional, com varias características, mas também pensando na dimensão de sujeitos que atuam nesses territórios”, explica. Para ela, é preciso pensar em participação social e formação considerando essencialmente o que os movimentos sociais fazem. “A nossa perspectiva trazer aqui experiências do que esses movimentos já constroem no dia a dia para dentro da política”, finalizou. 

Programa Nacional
O Programa Nacional de Saneamento Rural integra o Plano Nacional de Saneamento Básico – Plansab. Aprovado em 2013, o Plansab determina a elaboração de três programas para a  implementação da Política Federal de Saneamento Básico: Saneamento Básico Integrado, Saneamento Estruturante e Saneamento Rural (PNSR).

O PNSR é composto de diretrizes e estratégias para ações de saneamento básico em áreas rurais, objetivando a universalização do acesso em um horizonte de 20 anos. Para isso, vem sendo realizadas diversas ações com a participação de instituições de ensino e pesquisa, atores, agentes públicos, movimentos sociais e segmentos sociais interessados e envolvidos nas questões do saneamento.
Entre as ações estão oficinas nacionais e regionais, concebidas considerando a necessidade de ampliar o debate acerca da elaboração da proposta do programa. A oficina nacional foi realizada em 2016 e ao longo de 2017, foram realizadas cinco oficinas regionais.  O objetivo atual é trabalhar com gestão, tecnologia e educação e participação social, tendo como desafio a interação entre esses três componentes de ações estruturais e estruturantes. 

Saiba mais sobre o programa
Entenda a realidade do saneamento rural no Brasil