Resistência bacteriana é tema de trabalho apresentado durante Abrascão

Fiocruz Brasília 27 de julho de 2018


“As infecções relacionadas à assistência à saúde são um problema global e estão entre as principais causas do aumento da mortalidade no mundo”, afirmou a pesquisadora Daniella Rodrigues, do Programa de Evidências em Políticas e Tecnologias de Saúde (Pepts) da Fiocruz Brasília, nesta sexta-feira (27), durante apresentação do trabalho na 12ª edição do Congresso Brasileiro Saúde Coletiva. O evento está sendo realizado na Fiocruz, no Rio de Janeiro, entre os dias 26 e 30 de julho.

 

As infecções estão associadas a diferentes causas, como o mau uso de medicamentos antimicrobianos, programas inadequados ou inexistentes de prevenção e controle de infecções e capacidade laboratorial ineficiente. O estudo laboratorial analisou a suscetibilidade das bactérias Acinetobacter baumanni aos antibióticos, desinfetantes hospitalares e capacidade de sobrevivência em superfícies. As amostras se referiam a pacientes internados em dois hospitais da rede pública do município do Rio de Janeiro.

 

De acordo com a pesquisadora, foi detectado o perfil de multirresistência em 87 (cerca de 93%) dos microorganismos isolados, com resistência a três ou mais classes de antibiótico. Outros resultados observados foram a sensibilidade ao desinfetante utilizado em hospitais, mas com altos níveis para inibir o crescimento – o que nem sempre é possível nesses ambientes-, além da capacidade de sobrevivência da bactéria em condições de escassez de água e nutrientes, por pelo menos 40 dias.

 

Para evitar as infecções, a pesquisadora afirma que é necessária a conscientização de profissionais de saúde para a importância da limpeza das mãos ao tratar os pacientes e de todo o ambiente hospitalar, além do uso criterioso de drogas antimicrobianas, de antissépticos e desinfetantes. Daniella alerta para o perigo da redução de opções de tratamento de infecções. “A ausência destas atitudes gera um número cada vez maior de bactérias resistentes a esses agentes”, conclui.

 

A pesquisa foi realizada pelos pesquisadores Daniella Rodrigues, Marta de Campos Neves, Aline da Silva Soares Souto, Bruna Peres Sabagh, Rodrigo Rolim Pinheiro e Maria Helena Simões Villas Boas, todos da Fiocruz. Atualmente, o grupo de pesquisadores do Pepts trabalha com a revisão sistemática do tema. Na mesma mesa, foram apresentadas experiências de assistência e segurança do paciente dos estados de Tocantins, Goiás e Rio de Janeiro.