O tema foi discutido por representantes de diversos órgãos em uma oficina na instituição
A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível que registra, anualmente, 6 milhões de novos casos em todo mundo. No Brasil, a doença é considerada um sério problema da saúde pública, com profundas raízes sociais. De acordo com o Ministério da Saúde, a cada ano são notificados aproximadamente 70 mil casos novos e ocorrem 4,6 mil mortes em decorrência da doença. O país concentra 80% dos casos de tuberculose no mundo.
Alguns grupos populacionais possuem maior vulnerabilidade devido às condições de saúde e de vida a que estão expostos, como a população que vive em situação de rua — o risco de infecção é 44 vezes maior que na população geral. A elevada taxa de incidência e de abandono de tuberculose entre pessoas que vivem nas ruas das grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro é o foco de projeto coordenado pela Fiocruz e a Universidade de Brasília, e financiado pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. O projeto “Custos e impactos de estratégias de controle de tuberculose em populações em situações de rua” conta também com o apoio do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome e das Secretarias Municipais de São Paulo e Rio de Janeiro.
De acordo com a pesquisadora da Fiocruz Brasília Flávia Elias, o objetivo é analisar custos e impactos de estratégias para atenção à tuberculose nessa população específica, além das consequências no sistema público de saúde. “Nós vamos sair a campo para realizar uma investigação no Rio de Janeiro e em São Paulo. Depois teremos dados de custos e resultados de como essa estratégia acontece de fato na realidade. Vamos usar dados de análises globais e fazer a adequação para análises no Brasil, começando por esses três estados, que são os mais problemáticos quando se trata de tuberculose”, explicou. A previsão é que a pesquisa tenha a duração de um ano.
O grupo focal do projeto esteve reunido em oficina, entre os dias 29 e 30 de abril, na Fiocruz Brasília. Na ocasião, o grupo focou em definir problemas, identificar fatos, entender causas e complementar a pesquisa. Para isso, analisou e discutiu o modelo teórico de atenção à pessoa com tuberculose, identificou as estratégias, estimou os custos efetivos e descreveu os resultados epidemiológico, clínicos e operacionais.
Maíra Guazzi, representante da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro ressalta que o projeto é importante porque trabalha com uma população que é excluída e com uma alta incidência de tuberculose. Ela conta que não existem muitos estudos sobre esse tipo de público, e por isso, é possível fazer uma composição importante e pensando como é o tratamento, quais são os custos, os impactos e a realidade de cada estado.
“É um tratamento difícil, o tempo às vezes demora muito mais do que o regular, que são de seis meses. Em compensação, conseguimos ver uma abordagem mais qualitativa, com maior qualidade desses consultórios na rua e das equipes, em relação a esses usuários”, comenta. Maíra acredita que assim existe um vínculo e uma dedicação maior dos profissionais. “A partir disso dizemos que os preceitos do SUS acabam sendo incorporados mesmo pelas equipes de consultório na rua, no acolhimento, integralidade e da equidade. Conseguimos ver isso bem presente nas equipes de consultório na rua e na tuberculose também”, completou.