Fala aê, mestre: imunização infantil no Amapá

Mariella de Oliveira-Costa 3 de maio de 2024


O sistema imunológico das crianças é imaturo e precisa de vacinas para diminuir as chances de adoecimento e morte. A imunização infantil é uma medida básica econômica e, na última década, os programas de vacinação preveniram mais de 2,5 milhões de mortes de crianças, por ano, segundo dados da Organização Mundial da Saúde, o Fundo das Nações Unidas para a Infância e o Banco Mundial. A taxa de imunização deve ser superior a 95%, ou seja, de cada 100 crianças, pelo menos 95 devem se vacinar para que haja uma cobertura considerada homogênea e efetiva. No Brasil, o Programa Nacional de Imunização foi criado na década de 1970, porém, desde 2016 se observa uma diminuição na cobertura, com ressurgimento de doenças já eliminadas ou controladas, como o sarampo. Em 2021, o estado do Amapá, por exemplo, concentrou quase 80% de todos os casos confirmados de sarampo no Brasil.  


A enfermeira e servidora pública, Andrea de Nazaré Marvão Oliveira, trabalha na área de imunização no Amapá, e durante a pandemia, buscou entender como foi a evolução desses indicadores antes e durante a emergência sanitária de covid-19. Ela encontrou no Mestrado Profissional em Políticas Públicas da Escola de Governo Fiocruz – Brasília, o espaço educacional adequado para desenvolver sua inquietação em uma pesquisa cujos resultados, podem ser utilizados pelo governo, para melhoria das políticas públicas de saúde.
A nova mestra já apresentou a pesquisa para os técnicos da Secretaria Estadual de Saúde do Amapá e os resultados da pesquisa foram sintetizados em um artigo que aguarda publicação em revista científica. Saiba mais na entrevista abaixo.  

  

Como você definiu seu tema de pesquisa? Por que trabalhar com os dados do Amapá? 

Andrea de N. M. Oliveira: O tema foi definido a partir da inquietação em entender o motivo do Amapá não alcançar as metas de coberturas vacinais preconizadas pelo Ministério da Saúde. Ainda, por realizar análise contínua das taxas de vacinação e observar que o estado amapaense apresenta um bom desempenho durante as campanhas ministeriais, o que não se mantêm na vacinação de rotina.   

 

Você analisou as tendências da cobertura vacinal entre crianças de até um ano de idade. Por que este objeto de pesquisa é importante para se estudar em um mestrado?  

Andrea de N. M. Oliveira: É preciso considerar a oportunidade de visualizar quais municípios amapaenses estão em risco e necessitam de implementação de estratégias de imunização para obter êxito nas taxas de vacinação e  controlar e prevenir a disseminação de doenças para as quais há vacina. 

  

Seu estudo teve como fonte de coleta de dados de 2016 a 2021 o banco do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI), do Ministério da Saúde. Você já tinha familiaridade com os instrumentos de coleta de dados utilizados?  

Andrea de N. M. Oliveira: Sim, eu já trabalhava durante o cotidiano das atividades laborais, o que facilitou a coleta, estratificação e análise dos dados. Por ser um banco de dados de domínio público, facilitou o desenvolvimento da pesquisa. 

  

Você respondeu sua pergunta de pesquisa demonstrando a queda da cobertura vacinal no estado do Amapá, agravada ainda mais pela pandemia. A partir deste resultado, é possível intervir na política pública de saúde daquele local? 

Andrea de N. M. Oliveira: A partir dos resultados, o Amapá terá subsídios para elaboração de estratégias, como planos de ação e intervenções de vacinação, visando a melhoria das coberturas vacinais no âmbito do Estado e municípios, evitando o ressurgimento de doenças controladas ou eliminadas e reduzindo a alta mortalidade infantil. 

  

Por que você quis estudar na Fiocruz Brasília, em um mestrado profissional na área da saúde?   

Andrea de N. M. Oliveira Estudar na Fiocruz Brasília, é motivo de grande orgulho, por saber da magnitude da instituição e o compromisso com a qualidade do ensino, são pontos fundamentais que a Fiocruz Brasília realiza no dia a dia da formação profissional. O corpo docente é impecável, sou grata pela oportunidade de desfrutar dos ensinamentos de cada mestre com quem tive a honra de “beber” do conhecimento. 

  

Fazer o mestrado foi importante para a sua vida profissional? O que mudou depois deste estudo, para você?    

Andrea de N. M. Oliveira: Foi um divisor na minha carreira profissional, como servidora pública, eu posso contribuir de maneira mais segura e eficaz no cotidiano laboral. Me sinto mais confiante e valorizada a partir da qualificação. 

 

Andrea de Nazaré Marvão Oliveira é autora da dissertação intitulada “Vacinação de crianças de até um ano de idade no estado do Amapá: um estudo ecológico antes e durante a pandemia de covid-19”, apresentada em 4 de abril de 2023 no Mestrado Profissional em Políticas Públicas em Saúde, da Escola de Governo Fiocruz – Brasília, sob a orientação de Erica Tatiane da Silva. 

 

Confira aqui outras entrevistas da série de divulgação científica “Fala aê, mestre”

 

Foto: Geovana Albuquerque/Agência Saúde

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