Oportunidades abertas pelo olhar de jovens periféricos sobre seus territórios

Fernanda Marques 20 de março de 2023


Associação Experimental de Mídia Comunitária – BEM TV, Niterói/RJ

 

Cem jovens comunicadores participando de encontros formativos e 22 atuando na Agência Popular de Comunicação: esse é o resultado do projeto Jovens Comunicadores: comunicação popular em favelas da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, realizado pela Associação Experimental de Mídia Comunitária – BEM TV. Os participantes são jovens de 16 a 29 anos, em situação de vulnerabilidade social, moradores de Jardim Catarina e Bom Retiro, em São Gonçalo (RJ), e Morro do Estado e Caramujo, em Niterói (RJ).

 

A formação dos jovens comunicadores é organizada em módulos. No primeiro, os participantes são apresentados ao conceito de comunicação, um direito que garante outros direitos, e recebem orientações sobre o processo da escrita e sobre as ferramentas de produção de conteúdos. A proposta é que se apropriem desses mecanismos para a escuta dos territórios e mapeamento de redes de garantia de direitos. No módulo seguinte, o objetivo principal é coletivizar as pautas, com reflexões sobre políticas intersetoriais para a juventude, a igualdade racial e a população LGBTQIA+, entre outras. No próximo módulo, a abordagem é sobre disputa de narrativas, com foco na saúde das populações e sua interface com meio ambiente, educação, cultura e assistência social. O quarto e último módulo busca promover a ocupação dos espaços de participação social pelos jovens, incluindo debates sobre o mundo do trabalho, a influência do racismo estrutural e casos de empreendedorismo de jovens negros.

 

Ao longo desse processo, que tem duração de quatro meses e carga horária de 100 horas, são realizados encontros presenciais e lives sobre as temáticas relacionadas a cada módulo. Durante o ciclo de formação apoiado pela Fiocruz e OPAS, com financiamento do governo do Canadá, foram realizadas lives com Rodrigo Brazão, profissional de cinema e TV, ganhador do Emmy; e com Aline Sousa, estudante de direito, com larga experiência de organização de trabalhadores em cooperativas de catadores.

 

Também nesse ciclo os jovens participantes mapearam 36 oportunidades de formação avançada e trabalho, bem como foram elaboraram 23 produtos de comunicação, encaminhados para suas listas de transmissão, com um alcance total de mais de 7.500 moradores locais.

 

Dos jovens que concluem essa formação, uma parte é selecionada para atuar na Agência Popular de Comunicação, aprofundando a produção de conteúdos sobre questões sociais, territórios, direitos humanos, saúde e proteção social. Esses conteúdos são compartilhados nas listas de transmissão das comunidades e nas mídias locais, como jornais e influenciadores.

 

Conheça os outros 14 projetos de comunicação comunitária em saúde apoiados pela chamada pública da Fiocruz e OPAS, com financiamento do governo do Canadá