“Mulheres podem, sim, trabalhar com ciência”

Fernanda Marques 1 de agosto de 2022


O Dossiê Temático Mulheres e Meninas na Ciência foi lançado na última quarta-feira (29/7) no estande da Fiocruz na SBPC Jovem, dentro da programação da 74ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). A publicação registra a memória institucional e o processo de institucionalização da política interna dedicada a incentivar que mais mulheres e meninas possam fazer ciência. Dividido em quatro partes, o Dossiê foi organizado pela vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Cristiani Vieira Machado; e pela coordenadora de Divulgação Científica, Cristina Araripe Ferreira. Participaram do lançamento a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima; a diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio; e a vice-diretora de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz Paraná, Maria das Graças Rojas, além das organizadoras do Dossiê. “Estamos fazendo história e vamos mostrar que as mulheres podem, sim, trabalhar com ciência e tecnologia”, destaca a coordenadora Cristina Araripe.

 

A primeira parte da publicação, “Mulheres e meninas na Fiocruz”, inclui textos sobre o Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça da Fiocruz, a atuação das pós-graduandas da instituição e a história da presença feminina na Fundação, entre outros. “No campo científico, vemos maior participação das mulheres no nosso país, inclusive, em grupos de pesquisa, mas sabemos que isso está muito aquém do que é desejável e do que é possível. Sabemos que nós, mulheres, por exemplo, ainda somos apenas um terço na alta gestão da Fiocruz. É preciso haver uma política institucional, criar condições, estimular e valorizar que mais mulheres estejam nas posições de liderança”, afirma em seu artigo Nísia Trindade Lima, primeira mulher a ocupar o cargo de presidente da Fiocruz. “A mulher pode ser aquilo que ela quiser. Inclusive, cientista. Precisamos mostrar que o caminho científico é um caminho possível e importante de profissionalização”, conclui.  

 

O Programa Fiocruz Mulheres e Meninas na Ciência da Fiocruz foi lançado em 2019, como prioridade da Presidência e com grande envolvimento das diretoras de unidades da Fundação. “É emocionante ver a expansão de atividades nos três eixos do Programa”, celebra a vice-presidente Cristiani Machado. Os três eixos são a valorização das mulheres cientistas; o incentivo a estudos e publicações que valorizem a dimensão de gênero nas análises sobre ciência e saúde; e o Mais Meninas na Ciência, que consiste em uma série de projetos estratégicos em todo o Brasil voltados para “a troca dialógica com jovens, compreendendo o papel central da inclusão de meninas na construção de um futuro mais justo e sustentável”.

 

Projetos do Mais Meninas na Ciência são apresentados na segunda parte do Dossiê, “Fiocruz em ação – encontro de gerações”, que também traz a experiência do Programa de Vocação Científica, depoimentos de estudantes e relatos de outras ações educativas, como o Meninas Negras na Ciência e a Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente

 

A terceira parte, “Mulheres no enfrentamento à Covid-19 na Fiocruz”, reúne artigos das pesquisadoras Margareth Dalcolmo, Fabiana Damásio, Margareth Portela, Marilda Siqueira, Rosane Cuber Guimarães, Valdiléa G. Veloso e Denise Nacif Pimenta. São textos que demonstram a importante atuação das cientistas em diferentes frentes de trabalho: combate à desinformação e diálogo com a sociedade; educação e promoção do cuidado da população; pesquisa e informação em saúde; bancada do laboratório; produção da vacina; centro hospitalar; e estudos e políticas públicas com perspectiva de gênero. “Atuar na pandemia tem sido desafiador e exige de nós serenidade, discernimento e atenção permanente às mudanças de contexto e, principalmente, ao agravamento das desigualdades sociais e históricas”, afirma em seu artigo Fabiana Damásio, diretora da Fiocruz Brasília. “Contar com a parceria e a solidariedade de mulheres na nossa instituição nos estimula a seguir em frente, reafirmando nosso compromisso com o SUS e a sociedade”, acrescenta.

 

“Desigualdades e gênero: intersecções” é o tema da quarta e última parte do Dossiê, que inicia convidando a refletir sobre a necessidade de ampliar e diversificar os referenciais para a leitura do mundo. “Nós somos porque outras foram conosco e seremos com tantas outras, mulheres negras, indígenas, deficientes e toda a sorte de mulheres que há no mundo”, destaca em seu artigo a pesquisadora e ex-diretora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), AnaKeila Stauffer. 

 

Para conhecer o Dossiê, acesse portal.fiocruz.br/documento/dossie-tematico-mulheres-e-meninas-na-ciencia