Mostra Saúde é Meu Lugar abre espaço para experiências do SUS no DF

Fiocruz Brasília 30 de maio de 2018


Trabalho em rede, ação política e ativa no território e o reforço de que somos todos SUS. Estes são os três pilares que sustentam e norteiam as redes, conforme observou a diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, na abertura da “Mostra Saúde é meu lugar”.  A mostra resulta da parceria entre a Rede Brasileira de Escolas de Saúde Pública (RedEscola), a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) e a Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde (SAS).

48 escolas integram a RedEscola, entre elas a Escola Fiocruz de Governo (EFG), localizada na Fiocruz Brasília – que desde 2014 participa da condução da rede – que busca fortalecer a formação de trabalhadores para o SUS. A diretora da Fiocruz Brasília destacou que escolas são espaços de colaboração e enfrentamento de dificuldades. Citou que a “Mostra Saúde é meu lugar” é oportunidade de dar voz aos movimentos locais, dar voz à diversidade, aos que trabalham com idosos, crianças, aos agentes comunitários de saúde, aos que combatem a dengue e outros.

O pesquisador da Fiocruz Caco Xavier, coordenador da Mostra, ressaltou que estar em Brasília no momento em que uma série crise assola o país é “um esforço, uma forma de resistir”. Citou o filosofo Spinoza para quem “resistir é viver”, lembrando a importância de insistir, de perseverar em si, de não arredar pé de si. Relatou que hoje 725 historias inspiradoras são relatadas no site da Mostra. Os narradores são trabalhadores de saúde que atuam no território, na Atenção Básica e que decidiram contar o que veem, o que vivem, o que aprendem e o que entendem que deve ser ‘passado adiante’ ou o que pode servir de ensinamento para outros.

O secretário de Saúde do DF, Humberto Fonseca, destacou a importância de o evento mostrar “o SUS eficiente, o que fazemos, pois o SUS corre sério risco”. Destacou que, até o momento, nenhum dos pré-candidatos à Presidência da República falou sobre o financiamento do SUS. Disse que os estados e munícipios estão arcando com o aumento de demandas crescentes enquanto uma emenda constitucional congela por anos os recursos para a saúde.

Heleno Corrêa, vice-presidente do CEBES, elogiou a iniciativa da Mostra de mobilizar pessoas interessadas em saúde no seu território o que, para ele, retrata iniciativa de Oswaldo Cruz, no início do século passado, quando atuou no combate a doenças como a febre amarela. Disse ser o território “um lugar de disputa, de agir localmente e pensar o planeta globalmente”.

A abertura foi encerrada com a apresentação do artista de hip hop e literatura periférica Markão Aborígine. Ele apresentou a música Duas Crianças que relata o encontro de duas crianças em um semáforo, uma vendendo balas e outra em um carro importado, mas ambas vivendo situações de desamor pelos pais. Na música “Teresas”, cantou a história de mulheres que superaram relações abusivas por conta do álcool.

Rodas de conversa compõem a programação

A dimensão holística do cuidado em saúde também teve espaço durante a mostra.   Uma imagem de santo, um anel, uma foto, um bilhetinho, um livro de poesias, um floral. E um a um, cada participante da roda de conversa sobre Educação e Comunicação em Saúde foi convidado a depositar no centro da roda um objeto que significasse muito e falasse de si. A partir dali poderiam aflorar as inquietações e uma troca de experiências entre os participantes. Foi assim que a terapeuta comunitária Ana Cristina Nogueira demonstrou “O poder transformador da escuta compassiva” durante a Mostra Saúde é Meu Lugar. Por meio de terapias integrativas, ela defendeu a possibilidade de se produzir saúde aliando o conhecimento científico ao tradicional.

Nesta linha de revitalização das práticas e saberes populares, Sandra Cantanhede, do acampamento do Movimento Sem Terra 8 de março, lembrou que saúde não é só tratamento, mas cuidado do corpo, alma e espírito. Em sua fala sobre o tema “Aprendendo e ensinando a lutar pela saúde”, ela apresentou como o grupo de assentados vem fortalecendo o trabalho com as plantas medicinais e elencou como um grande desafio a necessidade de dar visibilidade a estas alternativas de saúde. “Há uma preocupação com o resgate do cuidado da vida, em seu sentido amplo, não só o cuidado com um órgão físico”, afirmou. 

Experiências institucionais da Fiocruz também foram incluídas no debate. Fernando Rocha apresentou a tecnologia educacional do Fórum Ciência e Sociedade que, a cada ano, leva um tema diferente na área da saúde para ser amplamente debatido com professores e estudantes das escolas públicas do DF. Em 2018, o tema é arboviroses. No funcionamento do Fórum, o professor não é só um transmissor de conhecimentos, mas um mediador entre os jovens e suas questões. Um grande diferencial do Fórum, segundo ele, está no grau de apropriação dos estudantes em relação aos temas, tratados ao longo de várias semanas em diferentes atividades, não só no debate final. “Os participantes, alunos e professores, saem diferentes, com uma vivência rica em relação àquele tema de saúde”, destacou.

Já Kelen Rezende, também da Fiocruz Brasília,  falou sobre a importância de se fortalecer a saúde nos territórios, com o mapeamento de experiências que favoreçam a saúde e qualidade de vida das pessoas, traduzido na  Feira de Soluções para a Saúde. Ela relatou a experiência de 2017, com a Feira específica sobre o tema Zika, realizada em Salvador – BA com ampla mobilização e também apresentou o tema da Feira a ser realizada em Porto Alegre – RS, no segundo semestre de 2018:  Saúde Única no Território Saudável e Sustentável.

A vice-diretora da Fiocruz Brasília, Denise Oliveira, lembrou que a instituição tenta ofertar espaços também para a dimensão holística, com a prática de meditação, além do Clube do Jardim, que possibilita o cultivo de alimentos e plantas medicinais. A instituição possui também mais de 135 exemplares de árvores do cerrado, de mais de 50 espécies diferentes.

Outras quatro rodas de conversa fizeram parte da Mostra Saúde é Meu Lugar, abarcando os seguintes temas: linhas de cuidado; territórios saudáveis e sustentáveis em   articulação com a Agenda 2030-ODS;  gestão,  planejamento e intersetorialidade;  e identidades, direitos humanos e equidade em saúde.

Clique aqui e saiba mais sobre a mostra Saúde é meu lugar:  https://saudeemeulugar.com/

Brasília enquanto território é destacado durante evento

Fotos: Sergio Velho Junior/ Fiocruz Brasília