Cidacs/Fiocruz
A epidemia de Zika deixou graves consequências para a população brasileira. Meses após a detecção dos primeiros casos, foi comprovada a associação da infecção pelo vírus com o crescimento do número de bebês nascidos com anomalias congênitas, especialmente na Região Nordeste. De lá para cá, pesquisas já comprovaram achados impressionantes: crianças com a Síndrome Congênita do Zika (SCZ) têm maior risco de morte nos primeiros anos de vida e as causas de óbito mais frequentes são infecção generalizada e doenças do aparelho respiratório. Além disso, 10 a cada 100 crianças com microcefalia e SCZ morrem devido a esta condição e o risco de ter filhos com SCZ é 46% superior entre mulheres pretas.
Esses resultados estão descritos no livro “Epidemia da Zika e seus desdobramentos: uma abordagem multidisciplinar e integrativa dos seus efeitos no Brasil”, que será lançado no próximo dia 30 de agosto. A publicação descreve como foram realizadas as pesquisas da Plataforma Zika – Plataforma de vigilância de longo prazo para a Zika e suas consequências, projeto coordenado pelo Cidacs, pela Fiocruz Brasília, financiado pelo Ministério da Saúde e que mobilizou mais de 40 pesquisadores de instituições nacionais e internacionais para aprimorar o conhecimento sobre a Zika e apoiar a adoção de políticas públicas para o seu enfrentamento.
O coordenador do Colaboratório de Ciência, Tecnologia, Inovação e Sociedade (CTIS) da Fiocruz Brasília, Wagner Martins é um dos organizadores da obra que detalha todos os processos realizados para montar e vincular grandes bases de dados do Brasil para realizar as pesquisas. Explica a metodologia de produção de uma ferramenta inovadora para encontrar pesquisadores trabalhando com a temática no mundo inteiro, relata a construção de um algoritmo para facilitar o diagnóstico da SCZ e descreve soluções em saúde para a epidemia, construídas numa parceria entre sociedade, gestão pública e pesquisa.
O lançamento da publicação será no Auditório da Fiocruz Brasília, às 14h, com transmissão ao vivo pelo canal do youtube da instituição e pelo canal do Cidacs. Na programação estão incluídas uma mesa redonda com os organizadores do livro e a conferência de Roberto Medronho, reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), intitulada “Emergências de Saúde Pública: lições e desafios a partir das experiências com o Zika vírus e SARS-CoV-2”.
Veja a sinopse da publicação e saiba mais sobre o lançamento:
Em fevereiro de 2015, os primeiros casos de Zika foram detectados no Brasil. Meses depois, foi comprovada a associação da infecção pelo vírus com o crescimento do número de bebês nascidos com anomalias congênitas, especialmente na Região Nordeste. A comunidade científica constatou a transmissão do vírus pelo vetor (Aedes aegypti) e pelas relações sexuais, transfusão sanguínea e gestação. A infecção possui manifestações clínicas que variam de assintomáticas até problemas neurológicos, como a Síndrome de Guillain-Barré, chegando ao óbito nos casos mais graves. Diante do cenário de epidemia e do desconhecimento sobre a doença, foi estruturada a “Plataforma Zika – Plataforma de vigilância de longo prazo para a Zika e suas consequências”. O livro “Epidemia da Zika e seus desdobramentos: uma abordagem multidisciplinar e integrativa dos seus efeitos no Brasil” reúne os principais conhecimentos e produtos oriundos desta Plataforma: a construção de uma plataforma de dados administrativos integrados para a pesquisa sobre a doença, uma coorte epidemiológica da população acometida pelo Zika vírus para o acompanhamento longitudinal, a identificação das iniciativas mais recentes de pesquisa sobre o assunto para aprimorar hipóteses e o estabelecimento de colaborações entre os setores de pesquisa, gestão social e população.
Foto destaque: Exposição Zika: vidas que afetam (Foto: Maju Monteiro)