Jovens adaptam bicicleta para levar informações sobre zika às periferias de Salvador e Recife

Fiocruz Brasília 31 de julho de 2017


Levar informações sobre direitos sexuais e reprodutivos e distribuir preservativos e repelentes nas áreas periféricas de Salvador – BA e Recife-PE, por meio do uso de bicicletas adaptadas com equipamento de som. Este é o objetivo da “Infobike – pedalando por mais direitos, menos Zika”, um projeto pensado por jovens para jovens, que desde julho de 2016 tem contribuído para a construção, ampliação e o fortalecimento das discussões em torno de temas relacionados ao Zika vírus, à violência e ao preconceito.

A educadora social do projeto, Dandara Maria Oniilari Ferreira da Silva, explica que o projeto foi conduzido por integrantes do Coletivo Mangueiras, uma Organização Não-Governamental, que atua em comunidades de Salvador e Recife. Entre as atividades realizadas estão a montagem e a reforma das bicicletas com caixas de som e a formação de jovens para falarem sobre direitos sexuais e reprodutivos, arboviroses e paternidade responsável.

Dandara conta que durante as ações, os jovens costumam ressaltar que os preservativos e lubrificantes também são encontrados de forma gratuita no posto de saúde da comunidade. “Além de conversar com a comunidade, a equipe do projeto produziu um áudio especialmente para tocar na bicicleta e os temas das músicas também são sobre direitos sexuais e direitos reprodutivos. A receptividade dos moradores foi excelente e após alguns dias de execução do projeto eles já estavam familiarizados com nossos rostos e nossa bicicleta”, afirmou Dandara.

Outro assunto muito abordado pelos jovens da Infobike foi o uso do preservativo vaginal. De acordo com Dandara, tanto os homens quanto as mulheres, embora soubessem da sua existência, tinham muitas dúvidas. “Éramos questionados sobre como inseri-lo e se incomodava, e mesmo não sendo muito difundido no cotidiano das moradoras, muitas mulheres o pegaram e se disseram dispostas a testá-lo em algum momento”, comentou Dandara. Ela destacou também que foi um desafio discutir a questão da prevenção do Zika com a população de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBT), pois no decorrer das intervenções, perceberam que o material e o discurso estavam voltados para casais heterossexuais e não conseguiam abarcar a realidade de vida das mulheres lésbicas, por exemplo. “Após muito diálogo e reflexão do grupo, conseguimos alterar algumas coisas na nossa abordagem com esse público”, salientou.

Dandara afirmou que somente em Recife foram mais de 700 pessoas alcançadas com o projeto e enfatizou que, para além dos impactos quantitativos, os principais ganhos foram ter conseguido discutir com os moradores assuntos relevantes e que são violados e ignorados pelo Estado, além da troca de informações com a comunidade. “Acho importante destacar que a comunidade também impactou a equipe da Infobike, pois os moradores nos trouxeram dias de grande aprendizado”, comentou.

Esta é uma das dezenas de atividades que serão apresentadas na Feira de Soluções para a Saúde – Zika, que será realizada de 8 a 10 de agosto no Cimatec em Salvador, BA.  Reunindo parceiros nacionais e internacionais, a Feira é coordenada pela Fiocruz Brasília e pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde da Fiocruz Bahia (Cidacs).