Homenagens reforçam importância da doação de leite materno

Nathállia Gameiro 21 de maio de 2019


Nathállia Gameiro

“Doe Leite Materno, alimente a vida” é o mote da campanha do Ministério da Saúde para 2019. O Dia Mundial de Doação de Leite Humano é celebrado em 19 de maio, em semana comemorativa

O mês de maio é marcado por comemorações importantes na área da saúde. Entre elas, está o 19 de maio, Dia Mundial de Doação de Leite Humano, data que chama atenção para o ato de amor e solidariedade e relembra a importância do leite materno para a saúde dos bebês, na recuperação, proteção a infecções e alergias, e para uma vida mais saudável.

Com o slogan “Doe Leite Materno, alimente a vida”, a campanha do Ministério da Saúde deste ano busca incentivar as mulheres em fase de amamentação a doarem leite para alimentar bebês prematuros, de baixo peso ou portadores de patologias, internados nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatais (Utins) e que não podem ser amamentados pela própria mãe.  O objetivo da campanha é aumentar em 15% o volume de leite materno coletado, além do aumento do número de doadoras. Qualquer quantidade pode ajudar. Apenas 1 ml já é suficiente para nutrir um recém-nascido em cada refeição e um litro de leite materno doado pode alimentar até 10 recém-nascidos por dia.

O Distrito Federal conta com 14 unidades de banco de leite e de posto de coleta. Um deles é no Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), que comemorou a data na última quinta-feira, 16 de maio, com ações em agradecimento às doadoras de leite materno do Banco de Leite do hospital. “Com o evento, queremos agradecer às mulheres que fazem parte desse grupo de extrema importância. Leite é vida para os nossos bebês. Esse momento nos torna mais humanos”, afirmou Soyama Leitão, enfermeira e coordenadora do Banco de Leite do HRAN.

A jornalista da Assessoria de Comunicação da Fiocruz Brasília, Nayane Taniguchi,  foi uma das mães homenageadas. Mãe de dois meninos, Arthur, de dois anos, e Lucas, de oito meses, ela tornou-se doadora na primeira lactação e, com a chegada do segundo filho, voltou a doar leite materno. Ela conta que, desde a infância, sentiu-se motivada a ser doadora, ao observar sua mãe, em 1994, juntando frascos e coletando leite materno para doação, durante o aleitamento materno do seu irmão caçula.

“Tanto no parto quanto no ato de amamentar meus filhos e da doação de leite materno tive, primeiramente, minha mãe como um exemplo. Mas os desafios que enfrentei com o aleitamento materno e o apoio que tive das profissionais do banco de leite foram fundamentais para que eu me tornasse doadora, pois tive muitas dificuldades para amamentar meu primeiro filho e fui buscar orientação no HMIB (Hospital Materno Infantil de Brasília)”, acrescenta.

Ela explica que, ao entrar em contato com o banco de leite, as lactantes recebem todas as orientações necessárias para garantir um aleitamento materno eficiente, além de dicas para amenizar as dores frequentes da amamentação, ainda desconhecidas por muitas mulheres, em sua opinião. Atualmente, além de amamentar seu segundo filho, Nayane tenta, semanalmente, entregar dois frascos com leite materno na coleta feita pelos bombeiros, que correspondem a 700 ml. Há oito meses ela faz as doações. “A doação de leite humano não envolve só a mãe, seu bebê e os bebês prematuros. Ela só é possível graças a dedicação e esforço de uma equipe, desde a enfermeira que faz o primeiro atendimento, as pessoas que disponibilizam os frascos de vidro, as nutricionistas, a equipe da pasteurização, as médicas, e os bombeiros, que realizam as visitas para as coletas. Como tudo na maternidade, é preciso uma verdadeira rede de apoio”, enfatiza.

Sobre ser doadora, a jornalista diz: “ser mãe ensina o verdadeiro sentido da doação. E por que não estender esse gesto no acolhimento a outras mães e bebês que precisam de nós?”. Mas, para Nayane, tornar-se doadora é também uma consequência de um atendimento de excelência, gratuito, realizado pelas equipes dos bancos de leite. “Se fui capaz de amamentar meus dois filhos, devo isso não só a minha rede de apoio, mas também a todas as enfermeiras e aos bancos de leite do HMIB e do HRAN, que me avaliaram, orientaram a minha lactação, e deram, inclusive, o apoio psicológico para que eu persistisse e conseguisse amamentar meus filhos sem dificuldades. Elas são responsáveis não só pelos leites que chegam das doadoras, mas também por tornar possível o aleitamento materno de mães como eu. Ser doadora, para mim, é retribuir um gesto, um apoio e acolhimento que recebi”, explica.

Segundo a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, no primeiro trimestre de 2018, foram coletados cerca de 4 mil litros de leite na capital federal. O número teve um pequeno aumento em 2019. De janeiro a março deste ano, foram coletados 4.312 litros. Em abril, 580 lactantes se tornaram doadoras e 1270 bebês receberam o leite. “Cada vidro faz a diferença na vida dessas crianças”, ressaltou a militar do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal Joselita Machado, que até abril deste ano era responsável pelas visitas domiciliares para recolhimento dos frascos de doadoras do HRAN, que coleta cerca de 100 litros por mês. Após quase duas décadas atuando na região do Plano Piloto, ela despediu-se da equipe, e também foi uma das homenageadas no evento realizado pelo HRAN na última semana.

 

No Brasil, a data é celebrada nacionalmente desde 2015, com a publicação da Lei Nº 13.227, de 28 de dezembro de 2015, que instituiu, ainda, a Semana Nacional de Doação de Leite Humana, comemorada no período que inclui o dia 19 de maio.

O Brasil tem a maior e mais complexa rede de banco de leite do mundo, sendo reconhecido internacionalmente também por exportar tecnologia e conhecimento para 22 países da América Latina, Caribe e Península Ibérica, para arrecadação, armazenamento e processamento do leite materno.

De acordo com a Rede Global de Bancos de Leite Humano (rBLH), coordenada pelo Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), existem hoje, no Brasil, 225 bancos de leite humano e 212 postos de coleta, além da coleta domiciliar em algumas cidades. Em cada estado brasileiro há pelo menos um banco de leite. Todo o material coletado passa por uma análise e controle de qualidade antes de chegarem aos bebês.

 

As interessadas em doar podem encontrar os endereços no site: https://rblh.fiocruz.br/localizacao-dos-blhs. Outras pessoas podem ajudar doando vidros com tampas plásticas.   Veja mais informações: http://amamentabrasilia.saude.df.gov.br/