“Pela primeira vez na vida meus alunos têm contato com um microscópio, entram em um laboratório de pesquisa e conversam com pesquisadores tão de perto. É uma oportunidade inédita na vida de cada um deles.” Esta foi a primeira impressão da professora Mariana Siqueira, do Centro de Ensino Fundamental 34 de Ceilândia, durante a visita de campo realizada nesta quarta, 5 de setembro, aos laboratórios da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília.
A atividade faz parte do Fórum Ciência e Sociedade, iniciativa do Programa de Educação, Cultura e Saúde, que promove diferentes atividades em torno de algum tema da área da saúde, em espaços de ensino não-formal, ao longo de quase um semestre com alunos de escolas públicas do Distrito Federal selecionados pelos professores. Em 2018, o tema é “As questões das arboviroses em Ceilândia e no DF”.
Durante a visita, a pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Rose Monnerat, apresentou aos adolescentes informações sobre pesquisas na área de controle do mosquito Aedes aegypti. Com uma linguagem muito acessível ao público escolar, a bióloga reforçou que cada um dos estudantes deveria ser o guardião de sua própria casa, ao demonstrar que a tarefa básica de cada um é eliminar os focos e não deixar que o mosquito nasça e se torne adulto. Nessa linha, ela enfatizou a investigação recente da Embrapa com a bactéria Bacillus ssp, que ao ser aplicada na água com larvas do mosquito, provoca nelas paralisia muscular seguida de morte. “A partir de uma parceria com uma empresa, a Embrapa desenvolveu um produto que só mata as larvas do mosquitos, não contamina as águas, é inofensivo para nós e pode ser usado até em água para consumo humano”, disse.
Após uma rodada de questões dos alunos, eles puderam visitar os laboratórios de cultivo de insetos, o espaço de polinização e também espaços de produção e teste de novos produtos. Durante a atividade, os alunos e professores participantes do Fórum também conheceram o projeto Mosquito Não, apoiado pela Embrapa. A iniciativa da Associação de Biólogos do DF tem como foco os estudantes da Cidade Estrutural, onde o grupo promove desde o último dia 15 uma gincana que está prevista pelos próximos quatro meses. Ao todo, dez turmas de 30 alunos vindos de quatro diferentes escolas da região participam de campeonatos de desenho e texto entre outras atividades de sensibilização para a prevenção e combate ao mosquito Aedes aegypti. Ao longo do período, os pesquisadores vão monitorar a presença dos mosquitos na região com armadilhas e também visitar as mais de dez mil residências.
A estudante do Centro Educacional 7 de Ceilândia Jennifer Silva, conta com alegria o mundo de descobertas que se abriu a partir da visita à Embrapa. “Não sabia praticamente nada sobre esse tema, e o mais interessante foi saber que estão pesquisando um produto que vai matar as larvas do mosquito, antes que elas se transformem em adultos”, disse.
A professora do Centro de Ensino Incra 9, na zona rural de Ceilândia, Francilene Araújo, lembrou que a escola não tem acesso aos equipamentos nem às informações produzidas pelo centro de pesquisa e ressaltou a oportunidade ímpar para os alunos. “Para nos prepararmos para a visita, me reuni com os alunos para a leitura prévia do material e debate”, disse.
Um dos responsáveis pelo Fórum, o assistente social Fernando Rocha, ressalta que o ponto alto da iniciativa está na construção da articulação com professores e profissionais de saúde desde o início, em um comitê gestor para compartilhamento das decisões. “O Fórum Ciência e Sociedade mexe nas relações entre professores, alunos, escolas e instituições de ciência. É uma tecnologia com a proposta de fazer com que os alunos e professores circulem no território. Durante a abertura, em agosto, no Instituto Federal de Ceilândia, a maioria dos participantes, moradores daquela região, sequer conhecia aquele espaço público”, comenta.
As próximas atividades do Fórum Ciência e Sociedade já estão agendadas. No dia 20 de setembro, os alunos vão visitar as estações de tratamento de esgoto no Gama e em Brazlândia; em 03 de outubro, será a vez da Usina de Tratamento Mecânico e Biológico; e na sequência, em 17 de outubro, uma roda de conversa na Escola Técnica de Ceilândia.
A etapa final do Fórum será no início de novembro, quando os alunos vão apresentar o que cada grupo produziu sobre o tema do Fórum, a partir das visitas de campo e com base em suas pesquisas e muita criatividade. Dia 6, a pauta será o crescimento desordenado e crise hídrica, no dia 7 a política nacional de resíduos sólidos e no dia 8, as arboviroses no DF.
Clique aqui e saiba mais sobre o Fórum Ciência Sociedade e a primeira atividade com todos os alunos do Fórum, mês passado. https://www.fiocruzbrasilia.fiocruz.br/fiocruz-bras%C3%ADlia-promove-primeira-atividade-de-sensibiliza%C3%A7%C3%A3o-do-f%C3%B3rum-ci%C3%AAncia-e-sociedade