Covid-19: Fiocruz realiza pesquisa sobre saúde mental dos profissionais de saúde

Nathállia Gameiro 3 de fevereiro de 2021


Como está a sua saúde mental frente à pandemia de Covid-19? Esta é a pergunta que norteia a pesquisa “O Impacto dos transtornos mentais no trabalhador e no trabalho em saúde no contexto da pandemia da Covid-19″, coordenada pelas pesquisadoras Débora Dupas, da Fiocruz Mato Grosso do Sul, e Fabiana Damásio, diretora da Fiocruz Brasília.

 

Voltado a enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, médicos e dentistas, o estudo busca entender de que forma a pandemia da Covid-19 tem impactado a saúde mental dos profissionais de saúde de Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal, onde se encontram geograficamente os profissionais que necessitam de maior atenção e que estratégias de suporte ao sofrimento mental estão sendo eficazes.

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As inquietações que resultaram no desenho da pesquisa surgiram logo no início da pandemia, pelo desconhecimento em relação ao comportamento do vírus, manejo dos casos e sobrecarga de trabalho dos trabalhadores da saúde. “Sabemos que o processo saúde-doença dos trabalhadores tem relação direta com o seu trabalho, estão condicionados e determinados pelas condições de vida das pessoas e são expressos também pelo modo como vivenciam as condições, os processos e os ambientes em que trabalham”, afirma a pesquisadora Débora Dupas.

 

Ela explica que pela maneira como a doença se comportou em outros países e como vem se comportando no Brasil, acredita que o DF e o estado de MS apresentarão um número expressivo de profissionais de saúde com diagnóstico de estresse, depressão, ansiedade, resultando em licenças e afastamentos. “O que poderá refletir negativamente em suas vidas, mesmo após a pandemia, e no cuidado à população, especialmente aos infectados pelo novo coronavírus. Por isso pretendemos fomentar a produção de conhecimentos nesta área”, explicou.

 

O Mato Grosso do Sul está localizado numa região peculiar para as questões sanitárias e epidemiológicas, com 12 municípios na linha de fronteira com outros países e a segunda maior população indígena do Brasil. Já o DF possui, além de Brasília, 32 regiões administrativas. O aeroporto da capital federal é considerado o terceiro mais movimentado do Brasil, o que permitiu a circulação de um maior número de pessoas infectadas, vindas de países que já apresentavam transmissão comunitária.

 

Sobre o estudo

 

Na primeira etapa do estudo serão aplicados a Escala DASS-21, um conjunto de três escalas de domínio público de autorrelato projetadas para medir os estados emocionais negativos de depressão, ansiedade e estresse. As escalas avaliam disforia, desesperança, desvalorização da vida, autodepreciação, falta de interesse ou envolvimento, anedonia, inércia, excitação autonômica, os efeitos do músculo esquelético, a ansiedade situacional e a experiência subjetiva de afeto ansioso, além de dificuldade de relaxar, excitação nervosa, agitação, irritabilidade e impaciência. Na pesquisa é analisado a extensão em que os profissionais de saúde experimentaram cada estado, medindo a gravidade e frequência.

 

O estudo é realizado em parceria com a Escola de Saúde Pública do Estado de Mato Grosso do Sul (ESP/MS), a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, buscando dar respostas e colaborar para o enfrentamento da Covid-19 no Centro Oeste, além de fortalecer a produção de conhecimento na região.

 

Os produtos dessa pesquisa serão apresentados para o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), para viabilizar articulações e disponibilizar os dados obtidos na pesquisa como subsídios para o aprimoramento gestão do trabalho na saúde pública. “Baseados na ciência a serviço da sociedade, com a análise dos dados, pretendemos elucidar um novo caminho para fomentar estratégias no processo de prevenção e reabilitação no âmbito da saúde do trabalhador, ressignificando o tratamento do sofrimento humano para além das estratégias já adotadas, e permitindo um novo olhar sobre o cuidado e a humanização tanto para o gerenciamento da crise sanitária atual como possível contribuição para eventuais crises no futuro”, ressalta Débora.