Fiocruz e UnB: uma história compartilhada

Fernanda Marques 28 de julho de 2022


 Em sessenta e dois, criada

De sonhos bem planejados

Preceitos fundamentados

Em transformar a jornada 

Que leva à cidadania

Sustenta a democracia

Saberes compartilhados

 

Os versos são de um cordel que homenageia os 60 anos da Universidade de Brasília (UnB), completados em 21 de abril de 2022. De autoria do pesquisador Jorge Barreto, da Fiocruz Brasília, o cordel destaca a história da Universidade e também sua parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Os versos foram declamados pelo pesquisador na tarde desta quarta-feira (27/7), no auditório da Fiocruz Brasília, durante a sessão especial “Fiocruz e UnB: juntas pela ciência como compromisso social”, parte da programação da 74ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que ocorre até este sábado (30/7).

 

A UnB, que sedia a Reunião da SBPC deste ano, recebeu diversas homenagens durante a sessão, da qual participaram a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, a reitora da UnB, Márcia Abrahão, o presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro, e a diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, que conduziu a cerimônia.

 

A Fiocruz Brasília é 

Um marco desta união

Pois seu corpo está de pé

Em cima do ilustre chão

Do campus Darcy Ribeiro

Da UnB pioneiro

Artífice da inovação

 

 

A sede da Fiocruz em Brasília está edificada em um terreno no campus da UnB, mas a ligação das duas instituições vai muito além da localização geográfica. Um auditório cheio testemunhou lembranças que comprovam não só essa conexão, como também a potência das duas trajetórias institucionais.

 

“Estamos aqui reunidos para celebrar os 60 anos da UnB, partilhar memórias e renovar nossos laços de trabalho em estreita parceria”, afirmou Fabiana Damásio, pouco antes da exibição de um vídeo de Darcy Ribeiro, idealizador e criador da UnB, e outro sobre a biografia de Oswaldo Cruz, patrono da Fiocruz. Esses dois personagens históricos, cada um na sua época e no seu campo de atuação, deixaram importantes legados que foram reverenciados durante todo o evento. Oswaldo com seu trabalho para debelar grandes epidemias, Darcy com seus esforços para alavancar uma educação transformadora. “Chegamos até aqui porque a força das ideias foi maior que a força bruta”, destacou Renato Ribeiro, referindo-se, em especial, à resistência do movimento estudantil dos anos 1970.

 

Para Nísia Trindade Lima, “na cena efervescente de Brasília, a UnB emerge como projeto de um Brasil mais justo e inclusivo, um projeto que é comum à Fiocruz”, resumiu. De acordo com a presidente da Fundação, a importância dessas construções institucionais coletivas e democráticas foi demonstrada na emergência da Covid-19, quando universidades e institutos de pesquisa deram respostas para o enfrentamento da crise sanitária e social. Nísia ressaltou, contudo, o permanente desafio de buscar novas formas de comunicar a ciência, de modo a manter acesa aquela chama dos precursores. “Hoje vi tantos jovens participando da SBPC, e eles representam essa esperança”, vibrou.

 

A presidente da Fiocruz também apresentou o selo criado pela instituição para os 200 anos da Independência do Brasil, celebrados neste 2022. Ele traz o Castelo da Fiocruz integrado à marca do SUS, com o slogan “Ciência e saúde para a soberania e a democracia”, que, por sua vez, se alinha ao tema da atual Reunião da SBPC, sediada na UnB – “Ciência, independência e soberania nacional”. Mais uma demonstração da convergência dessas instituições “em prol da ciência, da educação cidadã e da saúde pública, com compromisso social”, frase que, inclusive, foi gravada na placa de homenagem da Fiocruz aos 60 anos da UnB. 

 

Ao final da cerimônia, Nísia Trindade Lima, primeira mulher presidente da Fiocruz, entregou a placa à Márcia Abrahão, primeira mulher a conduzir a Universidade. “Este evento trouxe muita emoção e também profundas reflexões”, agradeceu a reitora. “Fiocruz e UnB se tornam cada vez mais próximas, e prova disso foi nossa parceria imediata no enfrentamento da Covid-19”, lembrou, e finalizou reafirmando a luta da Universidade para a preservação de sua autonomia.

 

Celina Roitman, ex-diretora da Fiocruz Brasília, foi uma das principais responsáveis pela organização do evento, que contou com a presença de outros ex-diretores da unidade, decanos da UnB e vários profissionais das duas instituições, além de membros da SBPC, inclusive um de seus presidentes de honra, Ennio Candotti. Os participantes foram brindados com uma apresentação do conjunto musical dirigido por Reco do Bandolim, o Clube do Choro, representante da cena cultural de Brasília.

 

O fim do verso vai ser

Mas não o fim da história

Vamos guardar na memória

Pra todo mundo saber:

Vivas à ciência e ao SUS!

Mil vivas à Fiocruz!

Mil vivas à UnB!

 

Clique aqui para ler o cordel.

Acesse aqui a galeria de fotos da Homenagem aos 60 anos da UnB. 

 

Fotos: Sergio Velho Junior/ Fiocruz Brasília