Na terça-feira, 21 de agosto, a Fiocruz Brasília reuniu 60 estudantes de quatro escolas públicas do DF para uma tarde diferente. Os jovens puderam conhecer a história da Fiocruz, refletir sobre a importância da educação como motor de transformação de suas vidas e se familiarizar com suas novas equipes de trabalho durante o Fórum Ciência e Sociedade, cujo tema será “Arboviroses”. Participam da atividade alunos de ensino fundamental e médio da região de Ceilândia, vindos do Instituto Federal de Brasília, Centro Educacional Incra 9, Centro Educacional 7 e Centro de Ensino Fundamental 34.
O físico e professor da Universidade Católica de Brasília, Diego Nolasco fez uma palestra animada, com o tema “Feeling like Tony Stark”, fazendo referência ao super herói da Marvel cujo superpoder é o uso da inteligência para produzir as ferramentas que possibilitam transformar a sua realidade. Os adolescentes ouviram atentos sobre a importância de se focar suas ações não só nos resultados, mas também nos processos para se chegar a um determinado resultado. O pesquisador, que é divulgador da ciência, apresentou aos estudantes sua trajetória de vida, de menino pobre morador do Gama a pesquisador do Massachussets Institute of Technology (MIT), universidade dos Estados Unidos considerada uma das mais importantes do mundo. “É importante ter objetivos claros, e valorizar cada oportunidade de aprendizado, sem parar nas suas limitações, “ afirmou.
Desde março o comitê de planejamento do Fórum Ciência e Sociedade vem trabalhando. Este grupo é formado não só pelos trabalhadores da Fiocruz Brasília, mas também por agentes de saúde da Secretaria de Saúde do DF e professores da rede pública, com composição interdisciplinar, com professores não só de biologia, mas também história, matemática e geografia.
A partir da apresentação da proposta do Fórum nas escolas, os professores interessados mapeiam estudantes que tem interesse no tema, considerando o seu potencial em se tornar um multiplicador do Fórum na sua família e para seus colegas de classe. Esta semana foi a primeira reunião com todos os estudantes, que de agora até novembro, terão uma agenda intensa de atividades, que envolvem pesquisa bibliográfica, e visitas de campo à Embrapa CENARGEN/UnB, às estações de tratamento de esgoto no Gama e em Brazlândia, à Usina de Tratamento Mecânico e Biológico, além de roda de conversa na Escola Técnica de Ceilândia.
O encerramento do Fórum se dará com três dias intensos de debate, nos dias 6 a 8 de novembro. Os estudantes, já munidos de muita informação, vão debater com especialistas sobre o crescimento desordenado e crise hídrica, a política nacional de resíduos sólidos e as arboviroses no DF.
Para a diretora da Escola Fiocruz de Governo, Luciana Sepúlveda, usar a tecnologia do Fórum é construir um modelo de prevenção às arboviroses mais participativo, com integração territorializada das escolas, e descentralizada. “Não se consegue êxito só pensando em controlar o vetor, mas inserindo também as condições de vida nos territórios que precisam ser melhoradas, ” afirmou ela que é a coordenadora do projeto de pesquisa que financia a atividade.
A professora de história Ieda Jerônima, leciona desde o ano passado no CED 7, em Ceilândia, que trouxe 16 alunos para o Fórum. Para ela, que é coordenadora pedagógica, a atividade é uma oportunidade importante para os alunos terem contato com a produção científica e um debate mais aprofundado que o que é possível fazer em sala de aula. “Apresentar a ciência tão cedo para os alunos é uma esperança de mais investimento para esta área no Brasil do futuro, apostamos em cada aluno. Espero que seja motivador para novos cientistas, para que esses meninos pensem que podem escolher a ciência como carreira, ” afirmou ela, que leciona há 22 anos. Concorda com ela o professor de ciências e biologia Marcos Vinícius, há dois anos funcionário do Incra 9, zona rural de Brasília. “Parte dos alunos tem um estímulo baixo para estudar, pela própria realidade desfavorável de pouco acesso à escola, então uma oportunidade como essa vai somar muito e certamente eles vão empolgar os demais estudantes, ” afirmou ele, que está em sala de aula há 17 anos.
A expectativa do coordenador do PECS – Programa de Educação, Cultura e Saúde da Fiocruz Brasília, Alexandro Pinto é que se consiga trabalhar o tema das arboviroses de forma lúdica e eficaz, envolvendo a comunidade dos alunos, para que, se sentindo parte fundamental do Fórum, eles de fato sejam multiplicadores. A cocoordenadora Regina Padrão acredita que o Fórum vai formatar estratégias de transferência tecnológica para mais escolas participarem.
O Fórum Ciência e Sociedade teve início em 2002, na Fiocruz do Rio de Janeiro. Em Brasília, as edições são realizadas sempre sob a coordenação do Programa Educação, Cultura e Saúde (PECS) da Fiocruz Brasília. A edição de 2018 do Fórum está integrada em uma pesquisa da Fiocruz financiada pelo CNPq, que engloba prevenção e educação ambiental em saúde e contempla também com alunos de escolas da comunidade carioca de Manguinhos, e das cidades fluminenses de Maricá e Parati.