Fiocruz Brasília participa de seminário sobre a gestão da saúde pública do DF 

Fiocruz Brasília 5 de maio de 2017


Um dos objetivos do evento é elaborar uma política norteadora para as ações de saúde no DF

No sistema de saúde, o que mais interessa são as pessoas, pois a função do governo é atender às necessidades das pessoas. O modelo de atenção primária existe desde a década de 70, e não é novidade que, para se ter um sistema de saúde que integre todos os serviços e atenda a todas as pessoas, é fundamental se investir na atenção primária, que resolve de 70 a 80% dos problemas de saúde. Esta foi parte da argumentação do assessor da Fiocruz Brasília, Agenor Álvares, durante o seminário sobre a gestão da saúde pública do DF, nesta sexta-feira, 05 de maio, na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Ele enfatizou que é preciso focar na atenção primária para ampliar o acesso e criticou a legislação da saúde, muito antiga e que não acompanha as necessidades atuais do setor e deve ser atualizada.

Agenor explicou que as especificidades em saúde existem e devem ser tratadas de maneira diferente, apesar de os problemas no Brasil todo serem similares, as especificidades locais deveriam determinar o ritmo de trabalho e as prioridades de cada Estado e serviço de saúde. Ele apresentou a universalidade do SUS como um dos maiores desafios, pois isso nem sempre é traduzido em acesso, e gera outro problema, a judicialização na saúde. “Não se quer tirar direito das pessoas, mas os direitos devem ser exercidos de forma plena, sem que o direito individual prejudique o direito coletivo, ” afirmou. Ele lembrou ainda a importância de, em qualquer discussão sobre o sistema de saúde do DF, se incluir o entorno, Goiás e Minas. O sistema de saúde é universal e não pode fechar as portas para os outros estados. 

O pesquisador da Fiocruz Brasília Armando Raggio ressaltou que o DF possui estrutura que possibilita cuidar de cada pessoa, pela estratégia saúde da família, e o governo deveria fomentar isso, e inserir em prevenção para além das campanhas pontuais em datas específicas como dia da mulher. Não é preciso homogeneizar a sociedade para que ela seja saudável. Ao contrário, quanto mais respeito à diversidade, mais saúde. “É preciso prestar atenção às pessoas, com regulação descentralizada: o que eu preciso fazer para que este problema de saúde não cresça? Como garantir que a pessoa volte logo para casa, sem ficar empurrando -a cada hora pra um serviço diferente?”, questionou. Ele lembrou que um passo importante na saúde do DF é a realização a partir deste ano da Residência Multiprofissional em Políticas Públicas para a saúde , parceria entre Fiocruz Brasília e secretaria de saúde do DF, que formará oito residentes. 

Helvécio Ferreira, presidente do Conselho de Saúde do DF, criticou a estrutura de gestão fragmentada na saúde do DF, com serviços que não dialogam entre si e precisam se reestruturar na lógica da promoção da saúde, a partir de investimentos na atenção básica. O secretário de saúde do DF, Umberto Lucena, apresentou as dificuldades na gestão e acesso ao principal serviço de saúde da rede do DF, o Hospital de Base do Distrito Federal. Segundo ele, o modelo atual é falido e burocrático e a nova proposta trará mais celeridade para a gestão e vai melhorar o acesso das pessoas e maior eficiência do sistema. A proposta está em fase de autorização legislativa.