Fiocruz Brasília lança Rede Colaborativa das Mães Trabalhadoras

Nathállia Gameiro 27 de abril de 2020


Realizada na última sexta-feira (24/4), atividade inaugural contou com a participação da Coordenação de Gestão de Pessoas a Fiocruz (Cogepe) e da Creche Fiocruz

 

Nayane Taniguchi

 

Em tempos de pandemia, é possível se reinventar. Em meio aos desafios impostos pelo distanciamento social, pensar em estratégias que possibilitem o acolhimento, a troca de experiências e de afeto são necessárias para que esta distância seja apenas física. Com o intuito de fortalecer laços, possibilitar o compartilhamento de rotinas e oferecer um espaço de orientações e de solidariedade, foi lançada, na última sexta-feira (24/4), a Rede Colaborativa das Mães Trabalhadoras da Fiocruz Brasília, em formato virtual. 

 

A atividade reuniu, na plataforma Teams, um grupo de mães trabalhadoras da instituição, e contou com a participação da coordenadora Geral de Gestão de Pessoas (Cogepe), Andréa da Luz, e de parte da equipe da Creche Fiocruz, entre elas a diretora Silvia Motta, a assistente social Yvone Costa de Souza e a pedagoga Késia Pereira D’Almeida. A atividade foi conduzida pela diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, e pela equipe do Serviço de Gestão do Trabalho da instituição (Segest), representada por Daniela Garcês Viana, coordenadora do setor, e por Raquel Lisboa, responsável pela Saúde do Trabalhador da unidade. 

 

O encontro foi marcado pela emoção, não só das mães que relataram o dia a dia com os filhos,  trabalho e rotinas domésticas, mas também da equipe da Creche Fiocruz, ao comentarem o fechamento temporário e repentino do espaço, a falta que sentem do convívio diário e a dedicação para pensarem em alternativas que auxiliem os pais nesse momento, como na elaboração de cartilhas composta por atividades, receitas, músicas e indicações de leituras. De acordo com Silvia Motta, os materiais produzidos pela equipe foram elaborados com o intuito de ajudar, dar carinho e manter a proximidade com as crianças e os pais.

 

A diretora da Fiocruz Brasília ressaltou que a roda de conversa virtual foi pensada para ser um espaço de conversa sobre as situações diferentes vividas por cada mãe, como lidar com o isolamento, entre outros aspectos. “Mesmo em torno de todas as adversidades, o momento que estamos vivendo é de grande aprendizado, também coletivo. Compartilhando as nossas dúvidas, conseguimos aprender umas com as outras e fortalecer essa rede”, afirmou. Fabiana destacou ainda a presença da Cogepe e da Creche Fiocruz e as contribuições dadas no encontro virtual. Para ela, a Rede Colaborativa representa o esforço para que o grupo esteja mais próximo, constituindo-se em espaço de apoio para que as mães trabalhadoras vivenciem este momento com mais qualidade. A iniciativa, idealizada por Fabiana, possibilita ainda a continuidade de um trabalho já realizado na instituição há mais de um ano, de encontros periódicos com as mães trabalhadoras inseridos no Projeto Vivenciando a Maternidade no Trabalho.

 

No dia a dia com as crianças, a importância do afeto, do cuidado e da escuta foram ressaltados pela equipe da Creche Fiocruz. Para as mães, pais e cuidadores, a orientação é ter a consciência de que não será possível repetir as rotinas de espaço escolar em casa, em qualquer faixa etária, e priorizar a vivência do momento pela experiência lúdica. “As crianças são capazes de compreensões das quais nem temos ideia, de reinventar momentos de forma mágica que nos pegam de surpresa em algumas falas e compreensões que elas colocam”, afirma Késia. Em um momento tão difícil, diferente e repentino, é importante ter uma rotina, criar hábitos e pensar em aspectos positivos, possibilitados a partir das mudanças de rotina ocorridas com pandemia do novo coronavírus.

 

Ser a mãe possível

A psicóloga Fabrícia Souza, do Núcleo de Saúde do Trabalhador da Fiocruz Brasília, explica que qualquer emoção e reação neste momento é considerada normal. “O que é anormal é a pandemia e ficar sem o componente afetivo nas nossas relações”, diz. No entanto, ao identificar limites para lidar com determinadas situações, a psicóloga reforça a necessidade de recorrer às redes de apoio.

 

Fabrícia explica que, diferente de momentos em que estamos doentes, o distanciamento social exige um esforço consciente. “Todo dia quando decidimos ficar dentro de casa e não cedemos às tentações de sair, fazemos um esforço psíquico absurdo. Estamos sendo cobradas em áreas das nossas vidas que às vezes não percebemos, como o decidir permanecer em casa. É preciso reconhecer o valor disso para que valorizemos o que estamos fazendo, com autocompaixão em situações consideradas por nós como ‘fracassos’”. A psicóloga orienta a buscar identificar o gatilho em momentos de “descontrole”, considerando importante ainda conversar com os gestores e chefes para que as metas de produtividade sejam razoáveis, compreendendo as diferentes condições de desenvolvimento do trabalho em casa. 

 

Para a psicóloga, “não precisamos dar conta de tudo. Estamos aprendendo, com e como nossos filhos. Nossa geração não viveu uma situação semelhante a essa, também estamos aprendendo e lidando com essas situações”, acrescenta, sugerindo a necessidade de construir formas de lidar com essas questões. “Podemos estar vivendo situações individuais, mas penso que a saída é uma construção coletiva, não temos como sair disso sozinhos, por isso a importância da iniciativa dessa rede virtual”, acrescentou.