Fiocruz Brasília formará profissionais da saúde que trabalham com crianças com transtorno de neurodesenvolvimento

Fiocruz Brasília 4 de maio de 2018


Já se passaram quase dois anos desde os primeiros nascimentos de bebês com microcefalia, a partir de uma gestação acometida pelo zika vírus. Hoje, as famílias e seus bebês precisam encontrar uma rede de apoio profissional especializado, que compreenda as limitações e potencialidades de seus filhos. Atentos a esta necessidade de saúde, pesquisadores da Fiocruz Brasília têm trabalhado para que o conhecimento científico dê respostas que melhorem a qualidade de vida destas famílias.

Uma destas iniciativas é a construção de um curso que auxilie os profissionais da saúde a lidar com as crianças com transtorno de neurodesenvolvimento.

A partir da realização de um seminário, seguido de quatro dias de oficina, profissionais do Programa de Educação, Cultura e Saúde (Pecs) e do Núcleo de Educação à Distância (NEAD), ambos da Fiocruz Brasília, do Hospital da Criança do DF e da  London School of Hygiene and Tropical Medicine, do Reino Unido, discutiram as prioridades desta formação, seus conteúdos, bem como as formas de auxiliar o profissional de saúde  a diagnosticar o mais precocemente possível algum transtorno nas crianças.

O curso online será certificado pela Escola Fiocruz de Governo (EFG) e lançado em 2019. Até lá, vem muito trabalho pela frente. Além da criação de todo o ambiente online e preparação dos conteúdos teóricos, está previsto um estudo piloto no Distrito Federal, com grupos focais envolvendo profissionais de saúde que possam avaliar a proposta e contribuir na sua construção.

O gestor público Alexandro Rodrigues é um dos responsáveis pela atividade na Fiocruz Brasília, e ressalta que o curso contribuirá para as famílias, auxiliando o profissional a criar empatia e viabilizando uma rede de atendimento na qual se busca promover a saúde de cada criança. “Vamos trabalhar competências interpessoais para melhorar a comunicação entre os profissionais e seu diálogo com essas famílias, promovendo a interdisciplinaridade com as várias profissões da saúde, e, principalmente, considerando também o saber da família”, afirmou.

Para a diretora da EFG, Luciana Sepúlveda, o curso auxiliará os profissionais de saúde a desenvolver competências do trabalho em rede e do trabalho intersetorial. “Não é possível ver a pessoa só no instante imediato em que ela chega ao serviço de saúde, é preciso enxergar além e considerar seu contexto de necessidades específicas”, afirmou.

Esta iniciativa é uma oportunidade de construção e trabalho em rede internacional. O financiamento foi conquistado pelos pesquisadores da Fiocruz Brasília a partir de projeto submetido em edital do Fundo Newton. Além do curso, estão previstos também uma pesquisa a ser realizada pelo Programa de Evidências em Políticas e Tecnologias em Saúde (Pepts) que apresente uma revisão de literatura sobre o tema e também pesquisa de campo com profissionais e as mães e famílias destas crianças, para traçar os fluxos e o percurso destas pessoas dentro e fora do sistema de saúde.