Fiocruz Brasília e Universidade de Brasília (UnB) juntas pela Estrutural

Nathállia Gameiro 11 de novembro de 2019


Nayane Taniguchi

Encontro entre representantes das duas instituições e de atores sociais da cidade propõe atuação conjunta para atender necessidades da população desenvolvendo um modelo de implementação da Agenda 2030 na região

 

 

Com o objetivo de fortalecer parcerias e unir esforços em torno da Cidade Estrutural (DF), localizada a 25 quilômetros do centro de Brasília, representantes da Fiocruz Brasília, Universidade de Brasília (UnB) e da sociedade civil da região estiveram reunidos na tarde da última sexta-feira (8/11) para a Roda de Conversa Conexões para o ensino, pesquisa e aplicação – Fiocruz e UnB pela Estrutural.

 

De acordo com o coordenador de Integração Estratégica e do Colaboratório de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Fiocruz Brasília, Wagner Martins, o objetivo do encontro é pensar ações estratégicas a serem desenvolvidas pelas duas instituições – Fiocruz e UnB, buscando alinhamento com a Agenda 2030 e a implementação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) nesse território. “Tanto a Fiocruz quanto a UnB estão engajadas na Agenda 2030 e nos ODS. Como fazer esse engajamento e agenda comum nos territórios?”, questionou. “Desenvolver um modelo de implementação da Agenda 2030 na Cidade Estrutural para a promoção de território saudável e sustentável é um dos objetivos”, acrescentou.

 

As duas instituições já possuem projetos na região, resultantes de levantamento junto à população local. Como resultado do encontro, pretende-se potencializar essas ações com a participação da Fiocruz e UnB a partir de um programa para implementação da Agenda 2030 comum. “Esse momento é muito importante porque estamos juntando duas grandes instituições públicas federais e de ensino, investigação e pesquisa científica que estão atuando no mesmo território e com várias ações conectadas com a Agenda 2030. Com a experiência piloto na Estrutural, essas ações podem ser aplicadas em outros lugares”, explica Wagner Martins.

 

A diretora de Desenvolvimento Regional e Integração Regional do Decanato de Extensão da Universidade de Brasília (DDIR), Iracilda Carvalho, explica que o Decanato de Extensão da UnB é o responsável por trabalhar a questão da territorialização e tem como um dos objetivos do plano de governança chegar até territórios de cidades com necessidades. “Todas as iniciativas para atender desejos de uma população que têm tantas necessidades, tanta carência, são importantes. Só temos a ganhar se unirmos Fiocruz e UnB para trabalhar juntas, não só nós, mas a população que tanto espera esse retorno”, afirma. Atualmente, a UnB desenvolve cerca de 40 projetos de extensão na Estrutural, nas áreas de Arquitetura, Direito, Tecnologia Social, Saúde (dengue, saúde bucal, fisioterapia, uso e contaminação do solo, entre outros), Educação (livro, cotação de histórias, livros reciclados), Filosofia, Artes (ecoteatro), e ainda relacionadas à questão de gênero, empreendedorismo, entre outros.

 

Para o coordenador do Programa UnB 2030 e professor de Relações Internacionais, Thiago Gehre, a iniciativa “fomenta a possibilidade de atuar alinhado a uma agenda global, que é a Agenda 2030, e ao mesmo tempo transformar nossa realidade”. Acrescenta que a principal perspectiva é ter um desenho metodológico que seja aplicado na Estrutural e que seja aplicável para outros territórios do Distrito Federal. “Quem sabe a gente terá um desenho que será uma boa prática, e boas práticas normalmente são identificadas pelas Nações Unidas para serem passadas para outros países. Essa é uma perspectiva que a gente tem”, diz.

 

A partir deste encontro, pretende-se integrar, ao Projeto Estrutural Saudável e Sustentável da Fiocruz Brasília, projetos e atividades de pesquisa realizados pela UnB na Estrutural com foco na melhoria da qualidade de vida da população tendo como estratégia a implementação da Agenda 2030 e seus ODS. “Esperamos estabelecer colaborações para desenvolver, de forma cooperativa e integrada, projetos para pesquisa, ensino e aplicação nesse território”, acrescentou Martins.

 

Conforme conceito apresentado por Wagner Martins, entende-se por territórios saudáveis e sustentáveis espaços relacionais e de pertencimento onde a vida saudável transcorre por meio de ações comunitárias de políticas públicas que interagem e se expressam ao longo do tempo no sentido do desenvolvimento global, regional e local, em suas dimensões ambientais, culturais, econômicas, políticas e sociais.

 

Martins destacou os campos de atuação da Fiocruz, a presença da Fundação nas cinco regiões brasileiras e a atuação da Fiocruz Brasília, de modo mais específico nas ações voltadas para implementação de Territórios Saudáveis e Sustentáveis. Durante sua apresentação, o coordenador ressaltou as ações mais recentes da instituição no âmbito do DF, como a assinatura do Protocolo de Intenções entre Fiocruz Brasília e Governo do Distrito Federal (GDF), por meio da Secretaria de Saúde do DF (SES/DF), traduzida, entre outras iniciativas, no apoio para a organização da Sala de Situação da Secretaria.


Entre outros objetivos, o Projeto Estrutural Saudável e Sustentável da Fiocruz Brasília busca também apoiar a gestão de governança e de políticas públicas e ações comunitárias, desenvolver metodologia de apoio à implementação, monitoramento e avaliação da Agenda 2030 no território, além de gerar conhecimento científico por meio de tecnologias. O Projeto propõe ainda o empoderamento social a partir do desenvolvimento de um “dispositivo” de inteligência cooperativa – monitoramento e avaliação – para os territórios se apropriarem da Agenda 2030 e dos ODS.

 

Curso de Especialização em Governança territorial para o Desenvolvimento Saudável e Sustentável
Mais de 40 pesquisadores populares poderão aplicar o conhecimento científico na solução de problemas específicos da região. A Fiocruz Brasília, em parceria com o Instituto Federal de Brasília (IFB) e a Secretaria de Saúde do Distrito Federal, iniciou, no dia 22 de agosto, a especialização em Governança Territorial para o Desenvolvimento Saudável e Sustentável.

 

Para a representante do Movimento Educação, Cultura da Estrutural Deuzani Noleto, o Estado precisa pensar em políticas que atendam às necessidades da região. “Também somos importantes para a universidade quando proporcionamos estudo e possibilidade de a extensão ser realizada na nossa cidade. Todas as vezes que a Estrutural é estudada, nossas lutas são fortalecidas. A Estrutural está sempre de portas abertas para receber os estudantes”. Deuzani aproveitou a ocasião para agradecer a realização da Especialização na Estrutural. “Fico feliz em saber que muitas pessoas na Estrutural serão qualificadas”, acrescentou.

 

Com 360 horas, o curso aborda a integração entre os determinantes do processo saúde-doença, baseado em problemas sociais e suas repercussões na vida das pessoas que moram na região da Estrutural, área que tem um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) no país. A região abrigou, até 2017, o maior lixão a céu aberto da América Latina e possui a menor renda per capita do DF.