Discutir a atuação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) em tempos de pandemia de Covid-19 é um dos objetivos do evento, em 27 e 28 de agosto
Nayane Taniguchi
Os desafios da pandemia do novo coronavírus impõem reflexões em diferentes campos da saúde. No cuidado psicossocial, torna necessária uma reorganização, além de ofertas que sigam o distanciamento social. Com o objetivo de discutir a atuação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) nesse contexto e apresentar as experiências e inovações produzidas desde o início da pandemia, a Fiocruz Brasília e a Secretaria de Saúde de Goiás (SES/GO), por meio do município de Caldas Novas, promovem o I Encontro Goiano de CAPS, nos dias 27 e 28 de agosto, em formato virtual.
A atividade, voltada aos profissionais de saúde que atuam na atenção psicossocial, tem parte da programação aberta ao público e demais interessados no tema. O encontro, que será transmitido no Youtube da Fiocruz Brasília (www.youtube.com/fiocruzbrasiliaoficial) pretende, ainda, aprofundar as relações críticas sobre os serviços substitutivos da saúde mental em tempos de pandemia. Para os organizadores, por meio da troca de experiências, compartilhamento dos desafios e soluções exitosas entre trabalhadores da Saúde Mental, obtêm-se ricas possibilidades de produção e qualificação do cuidado em saúde mental.
A conferência de abertura será proferida pela médica Rosana Onocko Campos, doutora em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ex-assessora da Política Nacional de Humanização e da Coordenação Nacional de Saúde Mental do Ministério da Saúde, atuante na formação de médicos e coordenadora do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Mental e Coletiva e do grupo de pesquisa Saúde Coletiva e Saúde Mental: Interfaces, desde 2003. A diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, participará da abertura do evento, juntamente com representantes de secretarias de Goiás.
A programação do evento conta com a participação de convidados com ampla representatividade na cena nacional no âmbito da formulação e implementação das políticas públicas da Reforma Psiquiátrica (SUS), além de pesquisadores da Fiocruz Brasília, entre eles, André Guerrero, coordenador do Núcleo de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas (Nusmad) e da Residência Multiprofissional em Saúde Mental da instituição.
Entre os temas e atividades, está a Roda de Conversa Virtual “Práticas exitosas em saúde mental e atenção psicossocial”, na tarde do dia 27 de agosto, com Maria Inês Badaró, professora associada na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp Baixada Santista), líder do Grupo de Pesquisa: Núcleo de Reforma Psiquiátrica e Saúde Mental na Atenção Básica, que apresentará um relato de experiências bem-sucedidas dos serviços presentes. Na manhã do dia 28, será realizada a mesa “O apoio da Residência Multiprofissional para a qualificação dos CAPS”, com a socióloga e sanitarista Graziela Barbosa Barreiros e com a psicóloga Jaqueline Tavares de Assis, ambas do Nusmad/Fiocruz Brasília e tutoras de campo da Residência Multiprofissional em Saúde Mental da Fiocruz Brasília. Na tarde do segundo dia, a mesa “Promoção e prevenção em saúde mental para minimizar os impactos da 4ª Onda da Pandemia” conta com a psicóloga e especialista em Psicodrama e em Educação Permanente em Saúde, Larissa Brambatti, professora associada do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB) e coordenadora do INTEGRA: Núcleo de estudos e práticas em Psicologia, Cronicidades e Políticas Públicas em Saúde. Confira a programação completa aqui.
O Encontro dá continuidade aos diálogos iniciados durante a atividade online “O papel dos CAPS na pandemia”, promovido pelo Nusmad/Fiocruz Brasília e pela Secretaria de Saúde de Goiás em julho deste ano, que contou com a participação da presidente da Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme), psiquiatra e ex-coordenadora Nacional de Saúde Mental do Ministério da Saúde (1999-2000), Ana Pitta.
O evento destacou o papel dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) no enfrentamento estratégico dos agravos em saúde mental no contexto da pandemia de Covid-19, e teve como objetivo fortalecer e qualificar a prática no cuidado psicossocial no atual contexto. A iniciativa discutiu, entre outras questões, o atendimento remoto, estratégias de manejo da crise, matriciamento e ações de redução de danos.
Fortalecimento dos CAPS
Fortalecer os CAPS e suas equipes é estratégia basilar de consolidação da Reforma Psiquiátrica, do Modelo de Atenção Psicossocial e consequentemente da Rede de Atenção Psicossocial. Segundo as diretrizes do Ministério da Saúde, de 2015, “os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) nas suas diferentes modalidades são pontos de atenção estratégicos da RAPS: serviços de saúde de caráter aberto e comunitário constituídos por equipe multiprofissional que atua sob a ótica interdisciplinar e realiza prioritariamente atendimento às pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, em sua área territorial, seja em situações de crise ou nos processos de reabilitação psicossocial e são substitutivos ao modelo asilar.