Fiocruz apresenta sua resposta à Covid-19 em encontro da Rede CIEVS

Fiocruz Brasília 17 de novembro de 2021


Por Fernanda Marques e Fernando Pinto

 

Os Centros de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de todo o país, que conformam a Rede CIEVS, estiveram reunidos na semana de 8 a 12 de novembro para avaliar os desafios da Covid-19 e as práticas exitosas implementadas na detecção, monitoramento, alerta, resposta e comunicação durante a pandemia. O VI Encontro Nacional da Rede CIEVS, que ocorreu em Brasília, com transmissão on-line simultânea, teve a participação de profissionais da Fiocruz.

 

No segundo dia do evento, o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde, Marco Krieger, apresentou a atuação da Fiocruz na pandemia de Covid-19. Krieger destacou o empenho da instituição em colocar todo o conhecimento científico disponível a serviço e em benefício da sociedade, envolvendo ações desde a pesquisa básica até a produção de insumos, passando por várias outras áreas. O vice-presidente lembrou, ainda, que usar a ciência para enfrentar as dificuldades sanitárias existentes no país é uma tradição que acompanha a Fiocruz ao longo de sua trajetória, citando situações de diferentes momentos históricos, como a descoberta da doença de Chagas, a associação do vírus zika com a má formação congênita de bebês e a produção da vacina de febre amarela. 

 

Já na resposta à Covid-19, Krieger começou ressaltando o desenvolvimento e a produção de kits e o suporte ao diagnóstico, com atuação junto ao Conass, Conasems e Ministério da Saúde para a distribuição dos testes e o estabelecimento de rotina de testagem. Destacou também a atuação na assistência à saúde, inclusive com a construção de um novo centro hospitalar de referência. Citou ainda as diversas iniciativas de formação de trabalhadores e pesquisa, perpassando todos os campos do conhecimento. Até chegar a produção de vacinas – um dos braços mais visíveis e importantes da atuação da Fiocruz. “Fizemos a prospecção das plataformas tecnológicas em desenvolvimento de modo a trazer para a população, de forma rápida e segura, as vacinas mais avançadas. Foi um processo realizado em uma velocidade inédita”, afirmou. 

 

Ao final de sua apresentação, Krieger falou do aprendizado em relação à vigilância a partir das variantes de preocupação do novo coronavírus, com uma capacidade aumentada em número de genomas sequenciados para monitorar a entrada no país dessas variantes. “É um desafio trabalhar com big data e pensar na integração desses dados com outros, como ocupação dos leitos de UTI, vacinação e evolução dos óbitos”, avaliou, considerando a articulação estratégica da vigilância laboratorial com a vigilância do impacto na saúde, a genômica e a imunológica, que se refere a como mutações dos vírus podem interferir no funcionamento de vacinas. “Essa vigilância digital integrada é um legado que estamos construindo”, afirmou. “As novas tecnologias podem contribuir na resposta a esta e outras emergências, mas também devem ser aplicadas no enfrentamento de doenças tradicionais”, concluiu. 

 

A diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, participou da mesa de encerramento, em que experiências da Rede CIEVS foram premiadas. Representando também a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, Damásio agradeceu o trabalho em prol do fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) que a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde vem realizando juntamente com a Fiocruz. “Acompanhar o potencial da Rede CIEVS durante esses dias de evento é ver o SUS vivo e reunido, com a representação de todo o território nacional aqui em Brasília”, ressaltou.

 

Ela enfatizou ainda que é preciso seguir mobilizando toda a Rede para continuar o trabalho de desenvolvimento de estratégias e fortalecer o SUS em todos os territórios. “Que a gente siga com coragem reforçando as ações do SUS, para que ele seja cada vez mais efetivo e voltado para a melhoria de vida de todos os brasileiros e brasileiras”, finalizou. 

 

As experiências premiadas no encerramento do evento são práticas implementadas pela Rede CIEVS nos estados e municípios na detecção, monitoramento, alerta, resposta e comunicação durante a pandemia de Covid-19. Concorreram ao prêmio mais de 200 projetos de todo o Brasil.

 

Confira as experiências premiadas:

Categoria Fronteira e DSEI

“Desafios e oportunidades no enfrentamento binacional da COVID-19: A experiência Brasil-Uruguai pela perspectiva de uma unidade CIEVS fronteira do sul do país”, apresentado pela Rede CIEVS do Rio Grande do Sul.

Categoria Soluções Tecnológicas

“R-volução: automatização de processos com a linguagem R para uma vigilância oportuna da Covid-19”, apresentado pela Rede CIEVS do Distrito Federal.

Categoria CIEVS – Estadual/Capital

“Implementação da vigilância baseada em eventos no centro de informações estratégicas em vigilância em saúde de Campo Grande (MS)”, apresentado pela Rede CIEVS de Campo Grande (Mato Grosso do Sul)

Categoria CIEVS – Municipal  

“Rastreamento de contatos de casos suspeitos e confirmados de COVID-19 no município de Fortaleza (CE), a partir de agosto de 2020”, apresentado pela Rede CIEVS de Fortaleza (Ceará)

 

Outros especialistas da Fiocruz também participaram do evento: Ricardo Godoi falou sobre saúde digital e ciência de dados; Christovam Barcelos fez palestra sobre a importância da gestão da informação durante a pandemia; saúde mental e emergência foi o tema abordado por Débora Noal. 

 

Sobre a Rede CIEVS

A Rede CIEVS tem como principal objetivo fortalecer a capacidade do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde para identificar precoce e oportunamente emergências em saúde pública, para adoção de respostas adequadas que reduzam e contenham o risco à saúde da população. Composta de Centros de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde em todo o Brasil, a Rede foi fortalecida e ampliada no contexto da pandemia de Covid-19. Atualmente, conta com 129 unidades em 27 estados; 26 capitais; 26 municípios com população maior que 500 mil habitantes; 13 municípios de fronteiras, dois municípios estratégicos (Chapecó e Santos); 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI); e uma unidade regional representada pelo Instituto Evandro Chagas (Pará).