Feira de Soluções para a Saúde: conheça alguns dos trabalhos que serão apresentados no evento

Fernanda Marques 19 de novembro de 2020


Fernanda Marques

 

A 4ª edição da Feira de Soluções para a Saúde será realizada de 9 a 11 de dezembro, em formato totalmente virtual, com o tema “Enfrentando as crises sanitárias e epidemias: panoramas e perspectivas”, em alusão ao papel da Fiocruz em seus 120 anos de existência. O evento é gratuito e reunirá trabalhos que têm contribuído para o enfrentamento das crises sanitárias destas primeiras décadas do século XXI. Entre as soluções que serão apresentadas na Feira Digital, estão um aparato que permite tratar o ar de UTIs, uma torre de descontaminação para controle de infecção hospitalar e  o desenvolvimento de novos produtos nanotecnológicos para a saúde. Confira!

 

Tratamento do ar de UTIs

Durante a Feira, será apresentado um aparato que permite tratar o ar de UTIs e salas de isolamento, oferecendo uma resposta rápida de infraestrutura em um cenário de emergência, como o de uma pandemia. Desenvolvido por profissionais da Coordenação Geral de Infraestrutura dos Campi (Cogic/Fiocruz), o aparato é construído a partir de componentes simples, disponíveis no mercado brasileiro, e ele é fácil de  montar e instalar. A solução utiliza um aparelho de ar condicionado do tipo ‘split’, com diferentes filtros e ventiladores​, montados no interior de um gabinete desenhado de modo a conduzir o ar pelas diversas etapas de tratamento. Dessa forma, o fluxo de ar de UTIs e salas de isolamento passa pelas etapas de tratamento e é devolvido com a pureza necessária ao ambiente hospitalar. Um protótipo já foi testado e apresentou resultados satisfatórios na vazão de ar, eficiência de filtragem e operação contínua.

 

Torre de descontaminação

Outra solução que será apresentada na Feira é uma torre de descontaminação, uma infraestrutura para biossegurança, que tem como objetivo o controle de infecção hospitalar. Esse equipamento emprega radiação ultravioleta C para inativar microrganismos no ar e em superfícies do ambiente hospitalar, incluindo o vírus Sars-COV-2, causador da Covid-19, e bactérias multirresistentes. A torre utiliza lâmpadas fluorescentes especiais, cuja radiação destrói o material genético (DNA e RNA) dos microrganismos, impedindo que eles se multipliquem. Distantes até três metros das superfícies, as lâmpadas irradiam em todas as direções e, em apenas alguns minutos, conseguem inativar, pelo menos, 90% dos microrganismos. O equipamento possui sistemas de segurança para impedir a exposição de trabalhadores à radiação e pode ser transportado de um ambiente para outro dentro do hospital.

 

“A torre pode reduzir a carga viral em leitos recém desocupados por pacientes com Covid-19, antecedendo e complementando a desinfecção química das superfícies, reduzindo os riscos para os trabalhadores responsáveis por esta atividade e aumentando a segurança para o paciente seguinte”, afirma Carlos Roberto Tavares de Miranda, profissional da Coordenação Geral de Infraestrutura dos Campi (Cogic/Fiocruz) e um dos responsáveis pelo desenvolvimento da solução, que também conta com a participação do Instituto Nacional de Infectologia (INI/Fiocruz) e da Comissão Técnica de Biossegurança e Bioproteção (CTBio/Fiocruz), e com o apoio financeiro do projeto INOVA FIOCRUZ-VPPIS-005-FIO-20-2-9. Um protótipo da torre já foi construído e está em fase final de testes biológicos para a comprovação da eficácia do processo.

 

Nanotecnologia na saúde

Também participará da Feira um projeto que propõe o desenvolvimento de um substrato têxtil com nanopartículas de prata mais eficientes e seguros. Esses tecidos podem inibir o vírus Sars-COV-2, causador da Covid-19, e, por isso, são promissores para a confecção de máscaras, jalecos e lençóis, por exemplo. No entanto, nanopartículas têm propriedades toxicológicas que podem impactar a saúde ambiental e humana. Dessa forma, a solução proposta busca um maior controle das características das nanopartículas e de sua fixação aos tecidos, de modo que eles sejam capazes de inativar o vírus e, ao mesmo tempo, seguros para as pessoas e o ambiente.

 

“Com este projeto busca-se contribuir para o desenvolvimento de novos produtos nanotecnológicos para a saúde no contexto da pandemia gerada pelo Sars-COV-2”, afirma Lisia Maria Gobbo dos Santos, pesquisadora do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz) e uma das responsáveis pelo desenvolvimento da solução. Entre os resultados esperados, destaca-se a elaboração de um guia para a produção industrial de tecidos contendo nanopartículas de prata; e uma norma para a avaliação e o controle dos riscos à saúde pública e ao ambiente resultantes desses produtos.

 

“O projeto poderá promover a integração entre diferentes áreas e instituições, no intuito de avaliar e colaborar com as autoridades na produção, no controle e na fiscalização do uso de nanopartículas em produtos de interesse sanitário”, completa a pesquisadora. Aprovado em edital da Faperj, o projeto envolve o Laboratório de Elementos Inorgânicos (INCQS/Fiocruz), o Laboratório de Tecnologia Virológica (Bio-Manguingos/Fiocruz), o Laboratório de Biomateriais (CBPF), o Laboratório de Microscopia Aplicada às Ciências da Vida (Inmetro) e o Instituto Senai de Inovação em Biossintéticos e Fibras (Senai/Cetiqt).

 

Acesse o site da Feira: https://feira.agora.fiocruz.br/