Fernanda Marques

Foi realizado nesta quarta-feira (4/11) o penúltimo evento do I Ciclo Estadual do Piauí de Encontros de Territórios Saudável e Sustentável e Vigilância Popular em Saúde com Ênfase na Comunicação em Tempos de Pandemia e Pós-Pandemia. O Ciclo é realizado pela Emater-PI e pela Obra Kolping do Piauí, com participação da Fiocruz e de outras instituições. A gravação do encontro pode ser acessada aqui.

Os participantes do Ciclo, divididos em quatro grupos de trabalho, apresentaram suas reflexões sobre estratégias de comunicação que podem ser desenvolvidas ou fortalecidas nos territórios. Eles destacaram o papel dos trabalhadores rurais como agentes de comunicação e a importância de ações rápidas e conectadas ao modo de vida das comunidades. Reforçaram a necessidade de um planejamento que leve em conta as iniciativas já existentes e envolva diferentes segmentos, como associações, sindicatos e igrejas. Citaram programas em rádios comunitárias, carros de som e pequenos vídeos com depoimentos de moradores. Mencionaram também as crianças, que podem ser incentivadas a se expressar por meio de desenhos, e o risco de pessoas que contraíram o novo coronavírus e idosos sofrerem discriminação.

Também participou do encontro Marylane Veloso, da Secretaria de Estado da Saúde do Piauí, que apresentou um relatório detalhado da situação de saúde dos municípios da região de Cocais, abordando indicadores de desenvolvimento humano, qualidade de vida e condições de trabalho, bem como descrevendo as doenças e agravos de saúde que mais atingem as populações. “Existe espaço para melhorar os indicadores e promover um envelhecimento mais saudável”, comentou Marylane. “Mas é preciso cuidado na interpretação dos dados para não tirar conclusões equivocadas”, lembrou.

Para os participantes, o acesso às informações é fundamental, bem como sua análise com a participação das comunidades, a partir do olhar dos territórios, de modo que as informações possam servir de base para ações mais assertivas. Segundo Jorge Machado, da Fiocruz Brasília, é preciso articular as dimensões da comunicação e da epidemiologia. “Uma epidemiologia contextualizada dialoga com as informações e com as percepções e vivências da população”, disse. O pesquisador usou como o exemplo o caso dos idosos: se a discussão fica restrita ao número de óbitos por Covid-19, sem considerar outros aspectos, como o da discriminação, não se consegue promover um cuidado efetivo. “Mais do que só assistência, precisamos de uma pedagogia do cuidado em movimento nos territórios. É o momento de organizar a sociedade, formar comitês, com foco em processos produtivos mais sustentáveis”, acrescentou Wagner Martins.

O quinto e último encontro do Ciclo está marcado para o dia 17 de novembro. Todas as atividades são transmitidas ao vivo pelo YouTube da Emater-PI.