Adilson Nóbrega (Embrapa) 

 

No terceiro encontro do Ciclo “Inovação Social em Territórios Saudáveis e Sustentáveis no Contexto Pandêmico e Pós Pandêmico”, realizado em 29 de outubro, os participantes puderam debater os impactos da vigilância popular em saúde no espaço rural. A atividade, em formato de interação virtual, contou com palestra do professor Alexandre Pessoa, da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), que destacou a necessidade de envolvimento de diversas pessoas em um processo de “educação permanente” em prevenção e promoção de saúde.

 

“Não é uma campanha, é um trabalho de educação que tem que ser permanente para a organização comunitária, para prevenir diversas doenças e para uma produção agrícola saudável. Vocês, agentes de saúde, profissionais de assistência técnica e extensão rural têm que assumir o papel de educadores neste processo”, afirmou o professor ao se dirigir aos participantes do encontro, organizado por Embrapa e Fiocruz para um público de agricultores, extensionistas e agentes comunitários de saúde dos territórios do programa InovaSocial.

 

Alexandre chamou atenção para as realidades dos territórios, em que agricultores e outros públicos devem ter consciência dos riscos de contaminação pela Covid-19 existentes em práticas do cotidiano, como o uso de ferramentas de trabalho por mais de uma pessoa; compartilhamento de copos e xícaras; manuseio de dinheiro e produtos alimentícios. “É uma pedagogia do cuidado que precisamos exercer, mas, quando as pessoas entendem, elas concluem que sua saúde protege a saúde dos outros”, frisou ele.

 

Para o professor, é fundamental, em um trabalho de vigilância popular em saúde, conhecer processos, trabalho e meio de vida nos territórios. “Para prevenção contra Covid-19, o agricultor precisa lavar as mãos, mas temos que verificar: ele dispõe de sabão? A água de beber é clorada? Se não for, recomenda-se duas barreiras sanitárias: o filtro de barro e o cloro. Temos que analisar sempre os manejos. O mesmo alimento que ajuda na imunidade pode transmitir a doença”, ressaltou Alexandre.

 

De acordo com Alexandre, pensar em práticas de trabalho e comercialização no contexto de pandemia são importantes para a preservação de vidas. “Os circuitos curtos de comercialização, por exemplo, são muito importantes: fazem com que se evite ir a supermercados, onde há maior concentração de pessoas. Entender esses fluxos é fundamental”, disse ele.

 

Uma das participantes do encontro, a profissional de extensão rural e bolsista da Fiocruz Marialda Silva, também defendeu a integração entre agentes comunitários de saúde e extensionistas como uma possibilidade de fortalecimento da vigilância popular em saúde. Para ela, esta integração trará dados mais robustos sobre a realidade sanitária dos territórios e melhor informação a agricultores. “Os agentes de saúde podem trazer informações sobre alimentos saudáveis às famílias do campo, por exemplo”, disse ela.

 

Para a pesquisadora da Embrapa Agrobiologia (Seropédica-RJ) e coordenadora do projeto de Governança e Gestão do InovaSocial, Cristhiane Amâncio, o debate trouxe reflexões sobre “o reconhecimento dos distintos papéis e competências das instituições na vigilância em saúde”. Na próxima quinta-feira, 5 de novembro, o Ciclo terá seu último Encontro, no qual serão discutidas orientações para a segurança nas atividades de campo nos territórios do InovaSocial e mecanismos para maior integração entre extensionistas, agentes de saúde e agricultores.

 

Fonte: Embrapa