Educação na roda

Fiocruz Brasília 10 de agosto de 2017


O tema educação permeou a segunda tarde da Feira para Soluções em Saúde – zika, em Salvador, especialmente na roda de conversa Recursos Educacionais para prevenção às arbovirores. Na tenda armada na parte externa do Cimatec, seis experiências, de diferentes regiões do país, revelaram estratégias criativas e com grande potencial de multiplicação do conhecimento sobre as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. 


Foi assim que Claudia Souza, do Laboratório de Pesquisa em Epidemiologia e Determinação Social da Saúde, do INI/Fiocruz, falou sobre a produção do conhecimento em zika com jovens estudantes das comunidades de Manguinhos. Preocupada com os casos de zika, a coordenação pedagógica de uma escola realizou um evento com os professores e convidou os pesquisadores da Fiocruz para realizar uma oficina. De encontros como esse, surgiu a ideia de se trabalhar com literatura de cordel, criando um livreto chamado “zika vírus, microcefalia e o mosquito polivalente”.

 Após alguns ciclos de reuniões com os professores, 33 alunos do sexto, sétimo e oitavo ano do ensino fundamental foram selecionados para a inciativa, produzindo, cada um deles, desenhos associados aos versos. Os alunos foram apresentados ao universo do cordel, conhecendo desde a sua origem e chegada ao Brasil pelos portugueses, assim como às técnicas de produção do material, como a xilogravra. Ao todo, 50 exemplares foram criados e distribuídos para os demais estudantes e professores de literatura e artes. 


Toda a produção foi exposta nos corredores da escola, e depois entregue aos alunos, para que distribuíssem em suas casas, igrejas e comunidade. Para os coordenadores da atividades, a ação favoreceu a produção de novos conhecimentos e a conscientização dos jovens sobre a zika. Afirmaram, ainda, que a atividade pode ser readequada às necessidades de diferentes locais, permitindo que o jovem seja um agente multiplicador do saber e da promoção da saúde. 


Funcionária da Secretaria de Saúde de Teolândia, município de 14 mil habitantes na Bahia, Débora Assunção falou de um ciclo de encontros entre profissionais de saúde e diretores de escolas  que resultou em ações que iam ao encontro das preocupações com a dengue. O objetivo era conscientizar professores, pais e toda a comunidade escolar sobre e importância da prevenção da doença, cujo aumento de casos assustava as autoridades de saúde locais. O projeto, que durou um ano, consistia em se fazer rondas pelas escolas em busca de criadouros dos mosquitos, além de mutirões de limpeza,  palestras de enfermeiros nas escolas, dentre outras ações.


Em seguida, o púbico da Roda de Conversa se encantou com a criatividade e curiosidade de duas jovens estudantes. Cristiana e Noemi, ambas alunas do ensino médio, resolveram dar início a uma pequena investigação sobre a toxicidade de plantas medicinais em larvas do Aedes. Para isso, fizeram entrevistas com adultos para saber que plantas eles utilizavam para combater o mosquito. Assim, produziram extratos de erva cidreira e eucalipto e, segundo as estudantes, observaram que os da primeira produziram melhores resultados. Embora as estudantes reconheçam que seus experimentos não configurem uma pesquisa propriamente dita, mostraram-se interessadas em seguir a carreira científica, dando continuidade à ação iniciada. De acordo com elas, isso permitiu uma maior conscientização sobre os cuidados contra o Aedes tanto por parte delas, como por parte dos seus colegas da escola.


Depois foi a vez de a mestranda da Universidade Tiradentes (SE), Herifrânia Aragão. falar sobre a criação de um jogo de tabuleiro criado para se trabalhar o combate ao Aedes. Produzido a baixo custo, e utilizado em grupo, o jogo foi aplicado com estudantes da cidade de Carmópolis. A criação do jogo e deu a partir d percepção das dúvidas sobre o assunto por parte dos estudantes. Muitos deles, segundo ela, confundam o mosquito com o vírus, por exemplo. Havia, ainda muitas dúvidas sobre outras questões ligadas à prevenção das doenças transmitidas pelo Aedes. Batizado de Aedes Play, o jogo envolvia grupos de até 20 pessoas, divididos em controle e tratamento. Cada rodada tinha a duração aproximada de uma hora e meia, tendo as equipes recebido os nomes das arboviroses dengue, zika e chikungunya.  O jogo envolve quebra-cabeças, roletas e questões com diferentes graus de dificuldades sobre as formas de prevenção das doenças.


    A assessora de comunicação da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Marcia Turcato, falou sobre a trajetória para a produção do livro “Zika”, elaborado a partir do relato das estratégias elaboradas para lidar com a epidemia do zika vítus. São sobretudo relatos de experiências de comunicação e mobilização sobre a microcefalia.  Os capítulos resultam de uma série de articulações entre várias entidades e instituições ligadas à área da saúde. Ainda em sua fala, Turcato destacou a importância e a responsabilidade do estado no combate à doença. 


    Da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), veio a apresentação de um kit pedagógico que deu origem a diversos outros produtos. Lançado em 2016, o kit consiste em historias em quadrinhos a partir das quais os personagens Bia e Vítor vivenciam e levam ao público uma série de questões sobre as arboviroses. Banners, cartazes e adesivos foram produzidos a partir desse material.


 Por fim, a coordenadora de comunicação o Instituto Oswaldo Cruz (IOC, mais antiga unidade da Fiocruz), Raquel Aguiar, apresentou as estratégias de comunicação “10 minutos contra o Aedes” e “Videoaulas ‘Aedes aegypti’: introdução aos aspectos científicos do vetor”. Em ambos os casos, as iniciativas surgiram a partir de reclamações dos cientistas sobre erros em campanhas de comunicação sobre saúde, bem como da não compreensão por parte da mídia sobre assuntos do universo da pesquisa. Além disso, também sentiam a necessidade de se comunicar melhor com a sociedade. Assim, de certa forma, inverteram o fluxo de se treinar os pesquisadores para falar com a imprensa e passaram, também, a capacitar os profissionais de comunicação para falar sobre saúde. Os materiais são livremente disponibilizados para todos os interessados e podem ser acessados online pela página do IOC na internet: www.fiocruz.br/ioc

Jornalistas participam de oficina sobre o mosquito Aedes aegypti

Não existe solução única para as arboviroses. 

Manifesto de Salvador é um dos resultados do Seminário “Infância em tempos de zika” 
 

 

Clique aqui para ver as imagens da Feira de Soluções para a Saúde, produzidas pelo fotógrafo Sérgio Velho.

Saiba como foi o primeiro dia do evento.