Doutorado profissional reforça formação para o SUS

Fernanda Marques 11 de dezembro de 2020


A Fiocruz já credenciou alguns doutorados profissionais, uma nova modalidade de pós-graduação stricto sensu que vem reforçar a formação para o Sistema Único de Saúde (SUS). O objetivo é ter uma conexão cada vez mais forte entre a pesquisa e o serviço, em que a sociedade compreenda o que a academia faz e a academia responda às demandas da sociedade. As experiências já em curso ou em implantação foram apresentadas na tarde desta sexta-feira (11/12), na Feira Digital de Soluções para a Saúde, durante a mesa “Doutorados profissionais e a formação para o SUS: as experiências da Fiocruz”, que contou com a mediação da diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, e da coordenadora geral de Pós-Graduação da Fiocruz, Cristina Guilam.

 

Idê Gurgel, da Fiocruz Pernambuco, Anya Pimentel Vieira, da Fiocruz Ceará, e Wanise Borges Gouvea Barroso, do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz), apresentaram os trabalhos desenvolvidos em suas unidades. 

 

Na Fiocruz Pernambuco, existem hoje duas turmas de doutorado profissional, na área de concentração gestão em saúde pública. “Já tínhamos um grupo significativo de egressos do mestrado profissional que demandavam uma continuidade de formação, mas os programas de doutorado acadêmico não supriam suas necessidades”, contou Idê. “Nosso doutorado profissional é muito direcionado a trabalhadores que atuam no SUS, na perspectiva da educação permanente em saúde”, acrescentou. A proposta é que os futuros doutores entreguem três produtos técnicos ao logo do curso, e que esses produtos estejam relacionados a políticas, programas ou ações do SUS e intersetoriais. “A expectativa é reduzir o tempo que os projetos demoram para ser incorporados na prática”, pontuou.

 

Sobre o doutorado profissional aprovado no âmbito da Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família, que reúne 29 instituições de diferentes estados, Anya destacou essa atuação em rede e a perspectiva de melhorar os indicadores de saúde locais e qualificar o cuidado ofertado à população. “O profissional não vai sair do serviço para fazer doutorado. Ao contrário: a inserção no serviço é necessária para que ele identifique os problemas e construa as soluções. Precisa haver essa conexão entre a geração de conhecimentos e o local de trabalho”, explicou a coordenadora, indicando as metodologias ativas de ensino-aprendizagem para valorizar o protagonismo dos trabalhadores. Ela comentou, ainda, que a Rede já conta com cerca de 400 egressos do mestrado profissional: 90% deles permanecem na Estratégia Saúde da Família, seja na atenção ou na gestão, atuando como catalisadores da qualificação de suas equipes e unidades.

 

Já o doutorado profissional de Farmanguinhos, iniciado em 2019, tem como objetivo aproximar a academia da indústria a partir da perspectiva do SUS e do Complexo Industrial da Saúde. A unidade tem, atualmente, 8 alunos de doutorado profissional com várias formações. “São químicos, engenheiros químicos, farmacêuticos, economistas, administradores de empresas. Essa diversidade é muito enriquecedora”, sublinhou Wanise.