Curso de verão da Fiocruz Brasília é nesta semana

Mariella de Oliveira-Costa 10 de fevereiro de 2020


Mariella de Oliveira-Costa

Verão é sinônimo de férias, certo?

Não na Escola Fiocruz de Governo, que oferta a partir de hoje (10) o curso de verão Inteligência de Futuro: Prospectiva para a Agenda 2030 e seus ODS. A aula inaugural foi conduzida pelo economista e pesquisador da Fiocruz Carlos Gadelha, e contou com a presença da diretora da Escola Fiocruz de Governo, Luciana Sepúlveda e do coordenador de Integração Estratégica da Fiocruz Brasília, Wagner Martins, responsável pelo curso, que está em sua terceira edição.

Gadelha está à frente da Coordenação das Ações de Prospecção da Fiocruz e  fez uma palestra sobre o modelo de desenvolvimento problematizando o dilema do crescimento econômico e a sustentabilidade ambiental. Ele explicou que o Brasil não é desenvolvido econômica, social e ambientalmente, e que é preciso lidar com esta realidade para se pensar um ambiente de inovação. Citando o caso da região nordeste, onde vivem 28% dos brasileiros, mas responde por apenas 14% do desenvolvimento econômico nacional e menor ainda é a participação da região na inovação: 5%.

Ele estudou a base produtiva da saúde e reafirmou durante a aula que  um país que não tem base produtiva consolidada, terá profissionais com pós-doutorado e ganhando seu sustento  como motorista de aplicativo online, longe da inovação. “Estamos produzindo com autonomia? A administração pública trabalha em caixinhas que competem entre si. O mais difícil da inovação não é mudar a técnica, mas mudar as instituições e as pessoas, com suas velhas ideias e velhos interesses. Não é possível sermos pesquisadores contra as novas abordagens, pois as coisas mudam. É preciso lidar com a incerteza e o erro no processo de inovação. Não dá só para produzir em escala tudo o que já existe, é preciso inovar”, disse. Durante sua exposição, ele ressaltou que não se pode fazer a Agenda 2030 desconsiderando a realidade e o entorno.

O professor ressaltou ainda que o crescimento é a única possibilidade para o desenvolvimento sustentável. Segundo ele, se o país não se transforma, não cresce. Se há crescimento, há chance de fazer mudança estrutural e a  variável sustentabilidade não deve ser ignorada nas ações. Existiram boas experiências do passado, mostrando que é possível fazer coalizões para uma sociedade melhor e  instituições mais eficientes que atendam a quem nos paga e isso deve ser o objetivo final das nossas ações.

O coordenador do curso de verão, Wagner Martins,  apresentou todos os temas que compõem o cronograma que vai até sexta-feira. Mais de 50 alunos participam desta edição, e vão saber mais sobre o processo de construção dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e a implementação da Agenda 2030 no Brasil, a metodologia de inteligência de futuro, além de aplicarem o conhecimento na prática, com oficinas de trabalho e simulações de negociações para elaboração do documento de diretrizes da Agenda 2030.

A aula inaugural foi transmitida ao vivo pelo Youtube Fiocruz Brasília e está acessível neste link: https://youtu.be/-MOcO2cYNqA

Outra aula do curso e também transmitida hoje foi com a economista e ex-ministra do Ministério de Desenvolvimento Social (atualmente, Ministério da Cidadania) Tereza Campello. Clique aqui para acessar. https://youtu.be/NjhmrcBB2X4

Clique aqui para acessar a galeria de fotos produzidas por Sérgio Velho Jr.