Cuidados relacionados ao uso de álcool nas comunidades indígenas é tema de oficina

Fiocruz Brasília 14 de dezembro de 2016


Foto: Alejandro Zambrana/SesaiEm um auditório lotado, teve início na última segunda-feira (12) a I Oficina sobre Povos indígenas e necessidades decorrentes do uso de álcool: cuidado, direitos e gestão. Representantes do Ministério da Saúde, de redes de Atenção Psicossocial, pesquisadores e indígenas estiveram presentes.

Os palestrantes falaram sobre os desafios no cuidado ao uso abusivo de álcool e outras drogas entre os indígenas. O vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção à Saúde da Fiocruz, Valcler Rangel Fernandes, ressaltou a importância e a complexidade do tema por se tratar de questões fronteiriças no campo da saúde, lidando com estigmas e populações tradicionais. Para ele, será um grande aprendizado para os pesquisadores.  “Temos uma tarefa de muita responsabilidade na dimensão técnica, política e individual no sentido de desenvolvimento pleno. Estamos lidando com questões que estão na base da civilização e vamos contribuir com a vida na sua real potencialidade”, explicou.

Fernandes falou sobre a trajetória histórica da Fundação Oswaldo Cruz, que ao longo dos seus 116 anos busca olhar para as populações excluídas, as que vivem em territórios vulneráveis e estar ao lado da pesquisa, ciência e tecnologia, além da formação de profissionais de saúde. 

O vice-presidente destacou a geração de jovens indígenas que é alvo de interesse do mercado em expansão. Para ele, o modo de tirar a capacidade da autonomia das populações indígenas faz com que esse problema seja muito mais grave.  Ressaltou ainda o atual momento político vivido pelo Brasil e a necessidade de lutar por políticas públicas. “Não podemos permitir que haja retrocesso na saúde e para isso precisa de luta e enfrentamento. Aprendemos com os indígenas, que nos ensinam a lutar pela vida e nos colocam em um olhar mais pleno que podemos ter sobre o que é a saúde”, lembrou.

O Procurador da República Gustavo Kenner, afirmou que o problema afeta vários cenários: relação da demarcação de terra, qualidade de vida, segurança, monetização, instrumento de desagregação e falta de políticas adequadas às comunidades.  

Casos vivenciados nas aldeias foram lembrados pelo indígena Álvaro Tukano, xamã do Alto Rio Negro. Para ele, é preciso trabalhar o tema com os jovens desde cedo e em diversos ambientes, como a escola. “O alcoolismo é uma doença muito pesada para os povos indígenas. Tenho certeza que os debates que vocês vão travar nos darão uma nova luz para conversarmos com homens, mulheres e jovens para combater o problema em nossas comunidades”, disse Tukano. O apoio do governo foi destacado por ele como necessário para promover o bem-estar e devolver a paz às comunidades indígenas.

O evento terá continuidade até quarta-feira (14), com grupos de trabalho para discutir o tema. A oficina é promovida pelo Núcleo de Apoio às Políticas de Atenção à Saúde da Fiocruz Brasília em parceria com a Secretaria de Saúde Indígena e a Funai. Confira as fotos da oficina

Fotos: Alejandro Zambrana/Sesai