Covid-19 e saúde mental: cartilhas abordam cuidados paliativos e atendimento online

Fernanda Marques 9 de abril de 2020


Fernanda Marques

 

 

Já estão disponíveis duas novas cartilhas da série Saúde e Mental e Atenção Psicossocial na Pandemia Covid-19. O quarto volume traz orientações para profissionais de saúde sobre cuidados paliativos. Dirigida a psicólogos, a quinta cartilha reúne recomendações para o atendimento online. A série de documentos é fruto do trabalho de uma equipe de pesquisadores colaboradores do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde (Cepedes/Fiocruz), sob coordenação de Débora Noal e Fabiana Damásio, diretora da Fiocruz Brasília.

 

As duas novas cartilhas podem ser acessadas aqui:

 

Saúde e Mental e Atenção Psicossocial na Pandemia Covid-19 – cuidados paliativos – orientações aos profissionais de saúde

 

Saúde e Mental e Atenção Psicossocial na Pandemia Covid-19 – recomendações aos psicólogos para o atendimento online

 

 

 

 

Cuidados paliativos

 

Comunicação adequada para humanizar o atendimento em todas as etapas; avaliação do paciente para a tomada de decisões sobre oportunidades de suporte avançado à vida; métodos eficientes para o controle de sintomas; atenção aos familiares: esses são alguns dos instrumentos dos cuidados paliativos, uma abordagem que tem por objetivo o alívio do sofrimento humano em qualquer condição em que aconteça. Os cuidados paliativos podem ser úteis desde o monitoramento de pessoas com sintomas leves em casa até situações graves em unidades de internação.

 

 

“Em qualquer circunstância, os cuidados paliativos são uma ferramenta importante para prevenir sequelas psicológicas tanto ao paciente quanto a sua rede socioafetiva”, diz a cartilha, lembrando que, para oferecer um bom cuidado, o profissional de saúde deve estar atento também a si próprio. “É primordial cuidar-se muito bem, visto que a saúde física e mental dos trabalhadores é condição para se aproximar do outro, fazendo com que sinta acolhido e seguro”, destaca.

 

 

Atendimento online

 

O suporte psicossocial é muito importante no contexto da pandemia de Covid-19 e ele pode ser realizado por meio de atendimento remoto, respeitando-se o isolamento contra o coronavírus. “Dessa forma, é possível evitar a circulação desnecessária e, ao mesmo tempo, garantir atendimento psicossocial e/ou psicoterápico de qualidade”, afirma a cartilha. No entanto, “a migração para o atendimento remoto exige adequações da prática do psicólogo”, conforme sublinha o documento.

 

 

Em função da Covid-19, o Conselho Federal de Psicologia flexibilizou a atuação por meio das tecnologias de informação e comunicação, “mas reforça a necessidade do cumprimento do código de ética”. E os psicólogos devem preencher o Cadastro e-Psi: e-psi.cfp.org.br. “Temporariamente, não será necessário aguardar autorização do órgão regulador para iniciar o trabalho remoto”, informa a cartilha. No documento, psicólogos encontrarão recomendações básicas para preparar-se e adequar os espaços ao cuidado em saúde mental e atenção psicossocial online, bem como orientações a serem aplicadas durante os atendimentos.

 

 

“A atuação do psicólogo neste momento visa prioritariamente a promoção do bem-estar psicossocial e a redução do estresse agudo. Oferecer primeiros cuidados psicológicos inclui possibilitar apoio e cuidado pragmático, não invasivo, que permita avaliar as necessidades e preocupações, escutar sem pressionar a falar, oferecer conforto, mitigar os efeitos do estresse, orientar para a busca de informações confiáveis, trazer informações claras e oficiais, orientar sobre os serviços disponíveis de atenção psicossocial mais próximos e proteger as pessoas de danos adicionais”, resumem os autores. “O cuidado especializado permite a estabilização emocional emergencial, a fim de evitar transtornos psicopatológicos a médio e longo prazos. Pessoas com história prévia de instabilidade psíquica ou transtorno mental grave requerem maior atenção neste contexto”, acrescentam.