Começa a operar a Comunidade de Práticas APS e População em Situação de Rua no Contexto da Covid-19

Fernanda Marques 19 de outubro de 2021


Ao longo do mês de outubro ocorrem os encontros de formação dos profissionais que atuarão como moderadores da Comunidade de Práticas APS e População em Situação de Rua no Contexto da Covid-19 (ComPAPS). O projeto é fruto de uma parceria entre a Fiocruz e o Conasems, e conta com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da Fundação Rockefeller.

 

“Essa atividade vem sendo tecida coletivamente com muito cuidado em cada detalhe, com foco em práticas mais agregadoras e afetivas de acolhimento da população em situação de rua, mobilizando uma rede que permita a capilaridade das ações. Ela reforça o compromisso da Fiocruz de desenvolver ações junto a populações vulnerabilizadas e reduzir as iniquidades”, afirma a diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio. “Foram muitos meses de preparação e desenho da proposta, que, no Brasil, conta com a riqueza das experiências da Fiocruz e do SUS com comunidades de práticas e a plataforma IdeiaSUS”, completa Paula Lins, representante do BID, analista de operações do projeto.

 

Uma comunidade de práticas está relacionada à aprendizagem em grupos sociais, nos quais as pessoas se engajam e assumem compromissos com base em um interesse compartilhado. No caso da ComPAPS, o objetivo é envolver técnicos, gestores e pesquisadores das áreas da saúde e da assistência social que atuam com populações em situação de rua, e conhecer as estratégias desenvolvidas na pandemia de Covid-19, de modo a sistematizar reflexões sobre o tema, disseminando e multiplicando boas práticas.

 

Haverá moderadores em todas as unidades federadas do país. Na capacitação, eles recebem treinamento sobre a dinâmica da Comunidade de Práticas, o convite aos participantes e a sistematização das reuniões. Também são abordadas questões relativas à população em situação de rua e à Covid-19. “Minha expectativa é que esse trabalho possa trazer mais visibilidade para a população em situação de rua, que é altamente invisibilizada e estigmatizada pela sociedade. A interação entre os vários estados vai possibilitar a troca de experiências exitosas e boas práticas com população em situação de rua”, conta a psicóloga e doutora em saúde pública Mirna Barros Teixeira, mediadora da comunidade de práticas do Estado do Rio de Janeiro.

 

Selecionados pela Fiocruz e pelo Conasems, os moderadores serão responsáveis por reunir e mobilizar, em seus respectivos estados, os profissionais que participarão da Comunidade de Práticas. Também caberá a eles conduzir os seis encontros a serem realizados em cada unidade federada, produzindo relatórios e disponibilizando-os na plataforma IdeiaSUS, onde as práticas promissoras identificadas também serão divulgadas. A meta é criar um repositório online de soluções e práticas na gestão de políticas efetivas de apoio à população em situação de rua no enfrentamento da Covid-19 e suas consequências.

 

“A comunidade de práticas pode trazer informação e esclarecimento acerca das estratégias realizadas nos estados para profissionais, gestores e usuários, além de proporcionar a construção de redes, porque as pessoas vão saber quem são os atores estratégicos que estão desenvolvendo ações junto à população em situação de rua”, avalia Mirna. “Ela pode também aproximar as áreas da saúde e da assistência social, porque, para promover o cuidado junto à população em situação de rua, é necessária uma abordagem intersetorial”, acrescenta a mediadora.

 

Os encontros estaduais terão como ponto de partida dados, informações e reflexões sobre a Covid-19 e a população em situação de rua em cada localidade, e contarão com as contribuições de especialistas sobre os desafios encontrados. A proposta é que cada estado escolha seus temas prioritários e faça um percurso próprio de debate e produção de conhecimentos.

 

“Os facilitadores de cada estado vão fazer o projeto acontecer, então é muito importante vê-los embarcando com entusiasmo nesse trabalho, com o qual vamos todos aprender muito”, pontua Márcia Muchagata, especialista em políticas públicas e gestão governamental da Fiocruz Brasília, uma das coordenadores da iniciativa. “É uma alegria ver o projeto se concretizar, envolvendo uma diversidade grande de trabalhos com populações em situação de vulnerabilidade. A pandemia acentuou os problemas e esses trabalhos são fundamentais para construir estratégias e levá-las a mais municípios”, destaca Flavio Álvares, representante do Conasems.

 

Ao longo dos próximos oito meses, além dos encontros estaduais, haverá três encontros nacionais, que, também com a participação de especialistas, aprofundarão o debate das temáticas compartilhadas por diferentes unidades federadas. Os encontros nacionais buscam, ainda, incentivar as trocas de experiências. Ao final do processo, além de produtos de conhecimento disponíveis na plataforma IdeiaSUS, espera-se subsidiar pesquisas e mapear demandas de formação que poderão ser atendidas por meio de ofertas educacionais da Fiocruz e da UNA-SUS.

 

Mais informações: cdp.poprua@fiocruz.br