Ciência de dados: uma nova ciência

Fiocruz Brasília 26 de abril de 2018


Uma nova ciência. Assim o pesquisador da Fiocruz Brasília e professor da Universidade de Brasília (UnB), Ricardo Sampaio, descreve a Ciência de Dados. “Esta é uma área inovadora, com poucas frentes de estudo”, afirma. Desde março, a Fiocruz Brasília, em parceria com a UnB, ministra a disciplina a um grupo significativo de 180 estudantes, de graduação e pós-graduação – este último, composto pelas duas instituições.

De acordo com Sampaio, os resultados também serão inovadores, com o desenvolvimento de quase uma dezena de aplicativos, com diferentes funcionalidades, voltadas para análises e pesquisas, nas áreas da Saúde, do Direito e da Ciência. “Na área da Saúde, por exemplo, uma das aplicações que utiliza dados do IBGE e CNES possibilitará à Fiocruz realizar diferentes análises via web, beneficiando uma grande quantidade de pessoas nas suas análises ou pesquisas”, diz. Outro produto destacado pelo professor é a elaboração de relatórios, por parte dos estudantes, acerca dos dados relacionados a essas três áreas.

“O número de análises e aplicativos que estão sendo feitos, pela quantidade de alunos envolvidos, é algo sem precedentes. Esses resultados, em apenas quatro, cinco meses trazem benefícios diretos para os pesquisadores, pois levariam anos se fossem desenvolvidos de outra forma”, enfatiza. Segundo o pesquisador, a Ciência de Dados é utilizada para tirar informações de um conjunto de dados, utilizando métodos estatísticos ou computacionais, procedimentos de gestão do conhecimento e afins. “A ciência de dados está se formando como uma nova ciência, levando em consideração questões da ciência da informação, da computação e da estatística”.

Os estudantes têm trabalhado com três conjunto de dados: da Ciência, utilizando a plataforma Lattes; do Direito, a partir dos dados do TRF da 1ª Região, com a realização de jurimetria, área da ciência da informação aplicada ao Direito que mais cresce no mundo, segundo Sampaio; e do IBGE, CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde) e PMAQ (Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade na Atenção Básica), para acesso a informações e análises de políticas públicas. “Este é o que mais interessa a Fiocruz, pois nos possibilitará ter acesso a informações em nível nacional, acerca, por exemplo, dos estabelecimentos de saúde no país e da qualidade dos profissionais de saúde. O aplicativo já foi desenvolvido, e agora passa por evoluções, com criação de novas funcionalidades que possibilitam análise estatística específica para regiões e territórios saudáveis”, explica.

Ciência de Dados
A proposta da disciplina é trabalhar com os fundamentos da Ciência de Dados e envolve um corpo docente formado por professores da área da Saúde da Fiocruz Brasília e da UnB, pesquisadores renomados em Economia da Saúde, Dengue e Zika, por exemplo, e professores da UnB, das áreas de Engenharia de Software, Ciência da Computação, Ciência da Informação e Estatística.

Sampaio explica que a Ciência de Dados está presente, atualmente, em todas as ações do cotidiano. “O trabalho é voltado para o aprendizado de máquina. A busca que se faz no Google, a quantidade de propaganda que se recebe, o carro inteligente, o celular que mostra a temperatura do dia ou os locais para onde você está indo. Todas essas atividades e informações recebidas dos meios eletrônicos estão relacionados à Ciência de Dados, ao aprendizado de máquina e à inteligência artificial”, lista. E acrescenta: “na área da Saúde isso tem crescido absurdamente, com a medicina robótica ou nanomedicina, com mini robôs que trabalham dentro do corpo humano para fazer tratamento de doenças e outras; na área do Direito há o tratamento de milhões de processos de forma semi automatizada. São sistemas criados para captar os dados e interpreta-los sem necessidade da intervenção humana”.