Aula inaugural da Escola Fiocruz de Governo cobra mudanças na educação do Brasil

Fiocruz Brasília 22 de março de 2017


Durante aula inaugural, o vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação, Manoel Barral, apontou necessidade de mudanças na educação no Brasil

É o momento de escrever a história do futuro, pensar metodologias ativas que estimulem, provoquem e promovam de fato o aprendizado. Em síntese, este é o desafio a ser superado na Educação em Saúde conforme destacou o vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Manoel Barral-Netto, durante aula inaugural do ano letivo da Escola Fiocruz de Governo hoje, 22 de março. 

“Estamos capacitando pessoas para responder provas e não para ação”, disse ele, que  apresentou dados da publicação “Mestres e Doutores -2014”, que mostra que 50% dos mestres e doutores formados no Brasil estão em atividade educacional. “Mas não foram preparados para tanto, não se discute uma pedagogia mais moderna, repete-se a velha fórmula: aluno sentado, professor falando”.

O vice-presidente mostrou aferições de atividades cerebrais feitas por um estudo que acompanhou estudantes de engenharia.  O pico das atividades ocorre em aulas de laboratórios, seguida por ações em casa e, por último, na sala de aula, onde a atividade registrada é mínima, quase uma linha contínua. Barral citou o “caso Fátima”, de uma aluna americana, aprovada com boas notas em diversas matérias, inclusive química. Ela não soube responder algumas questões propostas por examinadores durante um estudo. Questionada sobre como obteve boas notas disse que o professor mudava a entonação da voz quando o assunto estaria na prova. Ela decorava as respostas. “Não importa o tempo de permanência na escola, mas o quanto se aprende”, observou.  

A Fiocruz titulou no ano passado 159 doutores, número superior ao de muitos países da América Latina em todos os campos do conhecimento. Barral destacou que o esforço deve prosseguir, mas também deve-se olhar com atenção para os diferentes níveis do setor saúde, pois as qualificações necessárias para os trabalhadores do SUS devem estar na mira da Fiocruz. Citou que uma tese defendida na Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) apontou que 15 secretarias estaduais de saúde relataram carência de recursos humanos especializados em vigilância sanitária.  Para atender essa demanda, só uma expansão em larga escala com educação à distância, modernização pedagógica e avaliação constante.

 A mesa de abertura do ano letivo da Escola Fiocruz de Governo foi composta por Nísia Trindade, presidente da Fiocruz; Manoel Barral-Netto, vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz; Gerson Penna, diretor da Fiocruz Brasília e Fabiana Damásio, diretora executiva da Escola. 

Ciência, Saúde e Educação são três palavras norteadoras da Fiocruz, conforme Nísia Trindade, presidente da instituição.  Ela disse que se deve pensar a educação de forma mais global e a Fiocruz como um projeto coletivo, na sua relação com o território e na construção efetiva da cidadania. E para ela, o SUS é expressão de um projeto civilizatório.

Fabiana Damásio deu boas-vindas aos alunos dos cursos de mestrado profissional em Políticas Públicas em Saúde e aos de especialização em Saúde Coletiva. Gerson Penna informou que, em 2016, cerca de 79.600 pessoas passaram pela Escola Fiocruz de Governo participando de cursos, seminários e atividades internas e externas.

A aula transmitida ao vivo pelo facebook da Fiocruz Brasília teve mais de mil acessos e pode ser vista no link.

A repórter da Assessoria de Comunicação da Fiocruz Brasília, Nathallia Gameiro, fez um bate papo com o vice-presidente Manoel Barral-Neto antes da aula inaugural. Clique aqui  para assistir.