Atuação da Fiocruz Brasília em Territórios Saudáveis e Sustentáveis é destaque no 2º Ciclo de Debates de Saúde, Ambiente e Sustentabilidade

Nathállia Gameiro 28 de março de 2019


Nayane Taniguchi

 

A experiência da instituição nas regiões do cerrado e do semiárido foram ressaltadas pelo coordenador de Integração Estratégica, Wagner Martins, e pelo pesquisador da Fiocruz Brasília, Jorge Machado

 

A Fiocruz Brasília tem protagonizado uma série de iniciativas voltadas para o estabelecimento de Territórios Saudáveis e Sustentáveis (TSS) nas regiões do semiárido e do cerrado, resultantes de acordos de cooperação firmados com governos e instituições locais, em estados como o Piauí e no Distrito Federal (DF) e entorno. A atuação da instituição na Estrutural (DF) e junto à Secretaria de Saúde do DF, que integra a Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030, foi uma das ações ressaltadas no 2º Ciclo de Debates de Saúde, Ambiente e Sustentabilidade na tarde desta quarta-feira (27/3), realizado na Fiocruz Brasília.

 

“A Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 foi adotada pela instituição para apoiar a implementação da agenda da Organização das Nações Unidas (ONU) que estabelece os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), resultantes de discussões sobre os determinantes sociais da saúde realizadas no Rio de Janeiro, em 2012, e também na Rio+20, considerando a saúde como tema fundamental para o processo de desenvolvimento”, contextualiza o coordenador de Integração Estratégica da Fiocruz Brasília, Wagner Martins. Conforme Martins, a Agenda é composta por um conjunto de metas e indicadores para cada um dos 17 objetivos, que permitem o acompanhamento de atividades e ações que propiciarão o surgimento de espaços saudáveis e sustentáveis. A Agenda 2030 tem, ainda, orientado os planos de organismos internacionais como a OPAS e a OMS.

 

De acordo com Jorge Machado, coordenador do Programa de Saúde, Ambiente e Trabalho da Fiocruz Brasília (PSAT), os Territórios Saudáveis e Sustentáveis (TSS) podem ser definidos como espaços relacionais e de pertencimento, nos quais a vida saudável é viabilizada por meio de ações comunitárias e de políticas públicas, que interagem entre si e se materializam, ao longo do tempo, em resultados que visam a atingir o desenvolvimento global, regional e local, em suas dimensões ambientais, culturais, econômicas, políticas e sociais. Como eixos estruturantes e linhas de ação, estão a formação, informação, governança local e ação local/territorial. “Os Territórios Saudáveis e Sustentáveis têm como características a saúde e territorialização, uma discussão transdisciplinar, a articulação intersetorial, mobilização, organização e participação social e a governança interativa em rede”, explica.

 

O desenvolvimento dos TSS no DF e entorno, que abrange municípios de Goiás e de Minas Gerais, é resultante de cooperação com o GDF. Segundo Martins, foram firmados convênios com áreas específicas, que estabelecem metas relacionadas ao Objetivo 3 dos ODS – assegurar vida saudável e promover o bem estar de todos. “O convênio permitiu a realização de uma ação contundente junto ao território, bem como da sala de situação, que permitem o acompanhamento das condições da qualidade de vida da população, trabalhando com o conceito de territórios saudáveis e sustentáveis”, explica. “As ações comunitárias e as políticas públicas são elementos que constituirão as condições necessárias para que a sociedade possa ter uma vida melhor. Nesse sentido, as redes sociotécnicas, formadas por atores sociais e técnicos que atuam nos territórios são fundamentais para esse processo”, opina. Rede sociotécnica é uma organização comunitária composta por atores sociais e técnicos conectados por relações, e que compartilham propósitos comuns no território, possibilitando ou potencializando a ação comunitária nos espaços de governança das políticas públicas territoriais.

 

No DF, o trabalho é focado na qualificação das pessoas como ferramenta de empoderamento, como a formação de pesquisadores populares que possam trabalhar com as informações e gerar conhecimento no território para atuação na governança e gestão das políticas públicas. “Na Estrutural, trabalhamos com a ativação dessas redes, formação de atores, busca por soluções saudáveis como componentes que contribuirão para a melhoria da qualidade de vida”, acrescenta o coordenador da Fiocruz Brasília. Para Martins, cada território é único, e seus atores são os mais indicados para levantar soluções de modo mais eficaz e eficiente para se efetivar soluções tecnológicas que garantam desenvolvimento saudável e sustentável do local.

 

Ainda de acordo com Martins, a perspectiva é colocar a vida humana no centro das dimensões sociais, econômicas e ambientais. “Estamos discutindo como o modo de produção no território afeta a vida humana, a qualidade de vida, que vem de determinações sociais estabelecidas por várias políticas públicas que estão sendo implementadas naquela região”, afirma. A previsão é que o projeto seja expandido para outras regiões do DF, com a criação de outras salas de situação, a partir de acordo assinado entre Fiocruz, Universidade de Brasília (UnB), GDF e Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs), no final do ano passado.

 

Ciclo de Debates
Contribuir na atualização da produção, disseminação e compartilhamento de conhecimentos e tecnologias em Saúde, Ambiente e Sustentabilidade, voltados para o fortalecimento e a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) e a promoção da saúde e da qualidade de vida da população brasileira é o objetivo do Ciclo de Debates de Saúde, Ambiente e Sustentabilidade.

 

A Fiocruz Brasília sedia a segunda edição do evento, que será realizado nas outras três regiões do país – Nordeste, Sul e Norte. Em 2018, o olhar ampliado sobre questões relacionadas ao ambiente – o olhar da ciência, da arte e da filosofia e da área de ambiente na Fiocruz – guiaram as discussões do Ciclo foi realizado no Rio de Janeiro.

 

A programação do 2º Ciclo contou com a participação de pesquisadores da Fiocruz Pernambuco, Fiocruz Ceará, Fiocruz Brasília, Universidade Federal do Ceará (UFC), gestores do Ministério da Saúde, além do vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz (VPAAPS), Marco Antônio Menezes, da vice-diretora da Fiocruz Brasília, Denise Oliveira, e do coordenador da área de saúde e ambiente da VPAAPS e do Ciclo de Debates, Guilherme Franco. A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, esteve presente no evento. Na ocasião, destacou o lançamento da Coleção de Saúde, Ambiente e Sustentabilidade da Série Fiocruz – Documentos Institucionais, durante a realização da segunda edição do Ciclo.