“Venham fazer ciência com a gente”

Fernanda Marques 27 de julho de 2022


“Venham fazer ciência com a gente”. Foi com esse convite que a bióloga Cristiana Brito, pesquisadora da Fiocruz Minas, encerrou sua palestra na SBPC Vai à Escola, realizada na manhã desta quarta-feira (27/7), no campus de Planaltina da Universidade de Brasília (UnB). Parte da programação da 74ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a atividade contou com a participação de uma turma de alunos do 6º ano do CEF 08 de Planaltina, acompanhados pela professora de Ciências Rosângela Terêncio. 

 

Cristiana se apresentou às crianças como cientista que trabalha no laboratório com pesquisas sobre malária. Mas também como cientista que trabalha com divulgação científica. “Fazer divulgação científica é levar os conhecimentos produzidos no laboratório para outros lugares, e conversar com as pessoas sobre as pesquisas desenvolvidas”, explicou a bióloga, que é secretária Regional da SBPC em Minas Gerais. “Esse é também nosso objetivo de trazer os alunos aqui: apresentar a eles a universidade e as instituições de pesquisa, porque, mesmo eles ainda sendo bem jovens, é importante estimulá-los desde cedo”, completou a professora Rosângela.

 

E os estudantes se revelaram bastante participativos, contando seus planos para o futuro e o que já tinham ouvido falar sobre a Fiocruz, como a produção da vacina de Covid-19 e as pesquisas sobre a varíola dos macacos (monkeypox). “A Fiocruz produz vacinas, medicamentos e muitas pesquisas em saúde. Ela tem laboratórios, hospitais, um museu. É formada por várias unidades, espalhadas pelo Brasil inteiro. Aqui em Brasília tem uma unidade da Fiocruz”, destacou Cristiana. “É uma instituição pública, é de vocês também, é de cada um de nós”, frisou.

 

A palestrante falou, então, sobre dois importantes programas de divulgação científica da Fiocruz dos quais ela participa: a Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente (Obsma) e o Mulheres e Meninas na Ciência. A Olimpíada busca incentivar e dar visibilidade a trabalhos desenvolvidos nas escolas sobre as relações entre a saúde e o meio ambiente. “A Olimpíada trabalha com o conceito ampliado de saúde, que vai além da ausência de doenças, e aborda temas transversais, que não ficam restritos apenas a uma disciplina, podendo ser discutidos em ciências, mas também em língua portuguesa, matemática e outras”, explicou. Com três modalidades de trabalhos – produção audiovisual, produção de texto e projeto de ciências -, as inscrições na Obsma devem ser feitas por um professor ou professora. “Mas a participação e o engajamento dos alunos é essencial”, ressaltou.

 

O programa é voltado para alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, incluindo o EJA (Educação de Jovens e Adultos). Mas ele também prevê ações de formação e valorização dos professores, por meio de oficinas pedagógicas. A Olimpíada tem etapas regional e nacional, e podem participar trabalhos de todo o país – mais de 510 estudantes, 28 mil professores e 3.600 escolas brasileiras já participaram. Os ganhadores viajam ao Rio de Janeiro, onde fica a sede da Fiocruz, para uma programação recheada de ciência e cultura – o que inclui visitas ao histórico Castelo de Manguinhos, entre outras. Há, ainda, uma premiação especial: o Prêmio Menina Hoje, Cientista Amanhã, destinado a trabalhos que tenham sido realizados por grupos de alunas e professoras.

 

Esse Prêmio, assim como o programa Mais Mulheres e Meninas na Ciência, busca promover a diversidade e a equidade de direitos e oportunidades, reconhecendo a importância das mulheres nas carreiras científicas e tecnológicas, e incentivando que cada vez mais meninas possam seguir essas carreiras. O programa inclui uma série de produtos, como vídeos, jogos, livros e outras publicações; editais de fomento; e eventos. 

 

Para finalizar, Cristiana contou sobre um projeto que está em desenvolvimento na Fiocruz Minas, com o objetivo de incentivar o protagonismo e a liderança das meninas. Intitulado “Ativismo juvenil: agenda viva nos territórios das escolas na construção de um mundo mais sustentável, igualitário e sem discriminação”, o projeto é realizado em uma escola da periferia de Belo Horizonte, com um cronograma de atividades que incluem pesquisas e debates sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e as mulheres na ciência, bem como experimentos no laboratório e visita à Fiocruz.

 

Também participou da sessão Mariana de Souza, divulgadora científica e pesquisadora do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz).

 

Clique aqui para acessar a programação completa da Fiocruz na 74ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.

 

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