Denasus e Fiocruz lançam pesquisa para fortalecer a auditoria do SUS

Fernanda Marques 29 de março de 2022


Todos os 26 estados, o Distrito Federal e os 5.570 municípios brasileiros são chamados a participar da pesquisa (Re)Conhecer para Fortalecer a Auditoria do SUS: SNA em foco, lançada nesta segunda-feira (28/3) na Fiocruz Brasília. A pesquisa do Colaboratório de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Fiocruz Brasília, com apoio e patrocínio do Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus), tem como objetivos mapear e analisar, quantitativa e qualitativamente, a situação atual das unidades de auditoria e controle do Sistema Único de Saúde (SUS) existentes no país, conhecendo suas equipes, equipamentos, metodologias e níveis de maturidade. Não se trata de fazer uma auditoria ou avaliação dessas unidades: o que a pesquisa busca é conhecê-las melhor, seu funcionamento e suas necessidades, de modo que o Denasus possa melhor apoiá-las, orientá-las e capacitá-las, no sentido de uma maior integração entre os diversos componentes do Sistema Nacional de Auditoria (SNA). 

 

“Essa pesquisa busca contribuir para um novo formato de auditoria, em que o Denasus se configura como instância de governança”, disse o diretor do Departamento, Cláudio Azevedo Costa. “A pesquisa pode subsidiar a inovação dos processos de auditoria, com base na atual transformação digital, para uma gestão estratégica e uma saúde de precisão. Automatizando processos e permitindo análises em tempo real, pode-se alcançar uma auditoria por resultados, que assegure a alocação dos recursos onde estão as demandas da população”, acrescentou o coordenador do Colaboratório, Wagner Martins.

 

Auditor do Tribunal de Contas da União (TCU), Marcelo Aragão saudou esse caminho do SNA na transformação digital e a troca de experiências que a pesquisa irá proporcionar. “A auditoria tem muito a contribuir para os processos decisórios”, sublinhou.

 

Entretanto, conforme destacou o diretor do Denasus, o alcance desses resultados só será possível com a participação de todos os estados e municípios, e, por isso, Costa sublinhou a importância da colaboração do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). Para o presidente do Conasems, Mauro Junqueira, é fundamental a pesquisa ouvir todo o Brasil, “as dores de quem está lá na ponta”, argumentou. Segundo ele, com poucos recursos e muitas demandas, o gestor sofre um cotidiano de pressões que, muitas vezes, o fazem temer o auditor – um desafio que não cabe somente ao gestor enfrentar. “Além de melhorar o financiamento do SUS, é preciso aproximar a academia da realidade, e investir na formação dos profissionais”, recomendou, citando residências voltadas à Estratégia Saúde da Família e incentivos para fixar trabalhadores na Atenção Primária à Saúde.

 

Também presente no evento, o presidente do Conass, Jurandi Frutuoso, destacou a necessidade de diálogo para enfrentar as dificuldades da gestão. “A saúde é um ambiente de eterno aprendizado, e aprendemos uns com os outros, inclusive nas divergências, mas deve-se evitar as disputas para assegurar melhores entregas à população”, afirmou. Frutuoso lembrou, ainda, o analfabetismo, o desemprego e todas as desigualdades que afetam a saúde do Brasil, reforçando a importância das parcerias e da pesquisa (Re)Conhecer para Fortalecer a Auditoria do SUS: SNA em foco para uma maior competência na aplicação dos recursos.

 

Segundo o secretário executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Otávio Cruz, cuidar do orçamento público e da correta aplicação de recursos é garantir entregas de mais qualidade para os brasileiros e melhores indicadores de saúde. “O SUS é um dos maiores programas sociais do mundo. Apesar das fragilidades e das oportunidades de melhoria, todos têm acesso ao SUS, que é universal, gratuito e integral”, ressaltou o secretário. 

 

As oportunidades de melhoria estão no foco da pesquisa do Denasus com a Fiocruz Brasília, que trará “evidências e dados para o fortalecimento do SUS por meio de suas auditorias”, resumiu a diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio. Ela pontuou a importância das articulações para o alcance dos objetivos do estudo, de modo que se possa conhecer as diferentes realidades locais e contribuir para melhorar as condições de vida da população brasileira, “reforçando a transparência, a integridade e a sustentabilidade do SUS”, concluiu a diretora.

 

Sobre a pesquisa

O estudo foi aprovado por dois Comitês de Ética em Pesquisa (CEP), um no Distrito Federal e outro em Goiás. Ele será realizado através da Research Electronic Data Capture (REDCap), uma plataforma digital de software livre que permite a aplicação de questionários eletrônicos em uma interface amigável. Embora possa ser usado para coletar qualquer tipo de dados, o aplicativo é especificamente voltado à captura de dados para pesquisa. A pesquisa é nacional e poderá ser respondida por todos os componentes da auditoria e do monitoramento interno do SUS. Após o levantamento digital, será feito também um levantamento in loco em algumas unidades da Federação.

 

O lançamento da pesquisa foi transmitido pelo YouTube da Fiocruz Brasília e a gravação pode ser acessada aqui.

 

Confira as fotos aqui.

 

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