Premiados do 3º Pesquisa SUS são conhecidos após palestra sobre ciência aberta e cidadã

Fernanda Marques 21 de março de 2022


Na noite da última sexta-feira (18/3), foram conhecidos os premiados nas diferentes áreas temáticas do 3º Pesquisa SUS, iniciativa que reuniu resultados de pesquisas, projetos, relatórios, TCCs, dissertações, atividades de extensão, experiências inovadoras e produções artísticas, entre outros trabalhos realizados no âmbito da Escola de Governo Fiocruz-Brasília e de suas redes colaboradoras. Ao todo, mais de 430 trabalhos participaram do 3º Pesquisa SUS, que integrou a programação da I Mostra EGF-Brasília.

 

A professora da EGF-Brasília Flávia Elias, uma das idealizadoras do Pesquisa SUS, contou um pouco da história desse projeto coletivo, que teve início em 2015, justamente na época de conclusão da primeira turma da Especialização em Saúde Coletiva. “O objetivo era dar visibilidade às pesquisas aplicadas a políticas públicas que estavam sendo elaboradas aqui, tanto na Especialização como no Mestrado Profissional”, afirmou. “Era um momento de celebração e troca, para o fortalecimento da relação saber-fazer, e foram apresentados cerca de 100 trabalhos desenvolvidos ou em desenvolvimento”, lembrou. Já o 2º Pesquisa SUS ocorreu em 2018, no âmbito de um seminário temático que acrescentou, ainda, os resultados das ações de formação realizadas a partir de termos de cooperação técnica, em áreas como avaliação de tecnologias em saúde, assistência farmacêutica e vigilância sanitária.

 

Antes, porém, do anúncio dos premiados do 3º Pesquisa SUS, a doutora em ciência da informação Vanessa de Arruda Jorge, da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC) da Fiocruz, ministrou a palestra “Ciência Aberta e Cidadã: desafios à inclusão e à produção do conhecimento”.

 

Vanessa destacou que a ciência é um campo que tem suas regras e seus atores, e que é atravessado por diversos poderes, interesses e disputas. Ressaltou também que o conhecimento científico não é a única forma de conhecer necessária à construção da sociedade, da democracia e da cidadania. “Inclusive existe hoje uma recomendação da Unesco no sentido do diálogo aberto com outros sistemas de conhecimento”, afirmou. Contudo, especialmente em um cenário de revolução tecnológica, muitos são os desafios para tornar o mundo menos assimétrico, consideradas as barreiras de acesso a informações e conhecimentos.

 

A ciência aberta e cidadã pode ser um espaço para as mudanças necessárias – para acelerar descobertas e estimular a inovação com a participação de diferentes grupos. Ela pode, por exemplo, contribuir com dados para políticas públicas em saúde mais próximas da realidade das pessoas. Entretanto, em relação à abertura de dados sensíveis de pesquisa em saúde, a palestrante advertiu sobre o risco de apropriação para o lucro de grandes empresas.

 

Sobre a participação cidadã na ciência, Vanessa comentou caminhos possíveis. Existe uma corrente mais pragmática em que o cidadão aparece como uma espécie de voluntário na coleta de dados, seguindo os comandos da academia. Mas existe também uma vertente, de fato, mais democrática, com perspectivas ampliadas de participação, em que o cidadão é coprodutor de conhecimentos. A palestrante exemplificou com algumas iniciativas práticas de ciência cidadã, sobretudo relacionadas à biodiversidade, como o aplicativo SISS-Geo. Já sobre abertura de dados de pesquisa comentou o pioneirismo da Fiocruz Brasília, por meio do Núcleo de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas (Nusmad). “A implementação da ciência aberta e cidadã esbarra no sistema de avaliação da ciência, ainda muito arcaico. Não há incentivo, não há reconhecimento”, avaliou.  

 

Ao final, a professora da EGF-Brasília e coordenadora da I Mostra, Tatiana Novais, anunciou os trabalhos premiados nas expressões artísticas e culturais. Entre as pinturas, destacaram-se as de autoria da mestranda Ana Cláudia Gonçalves de Mello e do residente Paulo Henrique da Silva Frazão, que fizeram releituras de obras da Semana de Arte Moderna, que completa 100 anos em 2022. Na modalidade escrita, foram premiadas a residente Beatriz Machado, autora da poesia “Covid não trouxe”; a residente Alessandra Luiza de Oliveira, compositora de “Cuidar do outro é também cuidar de mim”; e a trabalhadora rural e educadora popular Juliana dos Anjos, com a poesia “Ser… ser mulher!”, criada durante encontro em Itapipoca (CE) do Curso de Aperfeiçoamento em Promoção e Vigilância em Saúde, Ambiente e Trabalho com ênfase na Saúde Integral das Mulheres.

 

Os trabalhos premiados e com menções honrosas nos demais eixos temáticos foram anunciados pelo pelo professor da EGF-Brasília Rafael Petersen e podem ser conferidos aqui. “A Escola me transformou como profissional e pessoa”, disse a egressa da Especialização em Saúde Coletiva Élika Nauanna Henrique Santos, que representou todos os autores premiados da noite. Eles receberão livros da Editora Fiocruz.

 

A atividade contou com a participação da diretora da Escola de Governo Fiocruz – Brasília, Luciana Sepúlveda, e teve a mediação da assessora da Fiocruz Brasília Márcia Motta. Para assistir na íntegra, acesse o YouTube da Fiocruz Brasília

 

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