*Fiocruz Brasília e Secretaria de Saúde promovem II Seminário de Agricultura Urbana e Periurbana com foco na vigilância em saúde e agroecologia
Nos dias 12 e 13 de maio, a Fiocruz Brasília sediou o II Seminário de Agricultura Urbana e Periurbana no Distrito Federal, com o tema “Vigilância em Saúde e o Desenvolvimento de Ações Intersetoriais de Prevenção e Mitigação dos Impactos dos Agrotóxicos na Saúde e no Ambiente”. O objetivo principal do evento foi ampliar o debate sobre os efeitos dos defensivos agrícolas na saúde humana e no meio ambiente, promovendo a articulação intersetorial entre instituições e saberes para o desenvolvimento de ações conjuntas e sustentáveis.
O evento é uma iniciativa da Rede de Hortos Agroflorestais Medicinais Biodinâmicos (Rhamb), promovido em parceria entre a Fundação, por meio do Colaboratório de Ciência, Tecnologia, Inovação e Sociedade (CTIS), e a Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), vinculado ao projeto Colab-PIS. O seminário contou, ainda, com o apoio dos Ministérios da Saúde, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar e do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.
“O Brasil não pode ser o celeiro do mundo se nós não tivermos a nossa segurança alimentar, nossa soberania alimentar, a saúde do nosso povo entregue na forma de commodity. Então, é fundamental que a gente articule a agricultura familiar, a produção agroecológica, o movimento de agricultura urbana para fazer frente a esse sistema que concentra lucros e pulveriza veneno. Nosso compromisso político, ético, civilizatório é garantir saúde, comida de verdade, justiça ambiental e dignidade para todos e todas.”, sublinhou o pesquisador da Fiocruz Brasília Wagner Martins, coordenador do CTIS/Fiocruz Brasília, que representou a diretora da instituição, Fabiana Damásio, na mesa de abertura do II Seminário de Agricultura Urbana e Periurbana no Distrito Federal.
O Seminário reuniu cerca de 170 participantes, entre especialistas, gestores públicos, profissionais de saúde, representantes de órgãos do Governo do Distrito Federal (GDF), movimentos sociais e pesquisadores de todo o país.
“Promover esse encontro entre a vigilância do uso abusivo de agrotóxicos, suas implicações na saúde e o papel da promoção e assistência no SUS, sobretudo no contexto das mudanças climáticas, é um grande avanço. Brasília está caminhando para se consolidar como a capital da agroecologia no Brasil, desde que as políticas públicas fortaleçam cada vez mais a atuação intersetorial entre governo e sociedade civil”, destacou Marcos Trajano, médico de Saúde da Família e gerente de Práticas Integrativas em Saúde da SES-DF.
O secretário de Meio Ambiente do Distrito Federal, Gutemberg Gomes, participou da abertura e destacou a relevância do seminário. Segundo ele, a iniciativa é extremamente importante por promover não apenas a agricultura sustentável, mas também o cuidado com o meio ambiente e a valorização do território. “É fundamental dialogar com os produtores rurais da cidade. Um seminário como este contribui para a inclusão, mas também fortalece a educação ambiental”, ressaltou.
Integração
Durante o seminário, foi enfatizado o papel das instituições públicas na construção de uma agenda de enfrentamento aos impactos dos agrotóxicos, especialmente no contexto urbano e periurbano, onde a agricultura de base agroecológica tem sido fortalecida como estratégia de promoção da saúde.
A programação contou com mesas temáticas, exposições de experiências regionais e debates técnicos. Um dos destaques foi a palestra do médico, professor e pesquisador do Núcleo de Estudos Ambientais e Saúde do Trabalhador (Neast) da Universidade Federal de Mato Grosso, Wanderlei Pignati, referência nacional em estudos sobre os impactos dos defensivos agrícolas, que abordou os vínculos entre o uso intensivo dessas substâncias e o aumento de doenças como câncer, distúrbios neurológicos e malformações congênitas.
De acordo com o professor, em 2024, a área agrícola do DF, principalmente em Planaltina e Paranoá, consumiu cerca de 11 milhões de litros de agrotóxicos por safra, predominando soja e milho transgênicos. Esse consumo representa um aumento de mais de 140% em comparação com o período entre 2000 e 2019. “A agricultura brasileira tem um alto consumo de agrotóxicos, com cerca de 5 kg por pessoa, o que representa um consumo anual de mais de 1 milhão de toneladas”, disse.
Saúde
A gerente da Unidade Básica de Saúde (UBS) de Planaltina, Sandra Fernandes, também participou do evento e destacou a importância da iniciativa para o fortalecimento das ações em saúde no território:
“Temos uma agrofloresta na nossa unidade, recentemente revitalizada, que é um espaço de promoção e educação em saúde. Participar deste seminário nos ajuda a cuidar melhor desse local e a orientar a população quanto aos riscos do uso de agrotóxicos”, explicou. Ela também reforçou o compromisso com práticas sustentáveis: “Lá, não usamos nenhum tipo de veneno. Trabalhamos apenas com compostagem orgânica, restos de poda e apoio de parceiros como a Novacap e a Emater [Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal]”, explicou.
Reveja o II Seminário de Agricultura Urbana e Periurbana com foco na vigilância em saúde e agroecologia neste link.
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Fotos: Jhonatan Cantarelle/Agência Saúde-DF
*Notícia editada pela Ascom da Fiocruz Brasília com informações da Agência Saúde da SES-DF.
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