Heloisa Caixêta (CTIS/Fiocruz Brasília)
Uma estratégia criada na Fiocruz Amazônia será incorporada nas ações de redução do impacto da dengue e no combate ao mosquito Aedes aegypti no território do Sol Nascente, no Distrito Federal (DF), mais especificamente no Trecho 3. A proposta faz parte da parceria entre o Ministério da Saúde, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) e a Fiocruz. Com a utilização de Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDL), o objetivo é diminuir drasticamente a disseminação do mosquito que transmite o zika vírus, a dengue e a Chikungunya.
As EDLs funcionam como “armadilhas” para a diminuição da população do mosquito Aedes aegypti. Em cada estação é aplicado larvicida, que é um produto usado especificamente para combater larvas dos mosquitos, impedindo que cheguem à vida adulta. Quando a fêmea do mosquito pousa no local para colocar os ovos, atraída pela água, ela irá se infectar com este produto. Como os mosquitos, que podem ser chamados de vetores, visitam vários criadouros para distribuir seus ovos, eles acabam levando o larvicida para outros locais.
Para que a estratégia de uso de EDLs funcione, é importante a participação da sociedade. As armadilhas serão colocadas nas casas dos moradores do Trecho 3 de Sol Nascente. Além disso, a população precisa acompanhar o nível da água nos potes. Apesar de o larvicida utilizado quase não ser tóxico, ou seja, não é um veneno para humanos e animais domésticos, é recomendável que o pote seja mantido fora do alcance de crianças e pets, para evitar que sejam derrubados ou danificados.
A distribuição das EDLs será feita por agentes de saúde, também chamados de agentes de combate a endemias. São pessoas treinadas para instalar os potes nas melhores áreas da casa. Elas também são responsáveis por aplicar o produto em cada armadilha, além de visitar o imóvel uma vez por mês para acompanhamento.
De acordo com os pesquisadores da Fiocruz Amazônia Sérgio Luz e José Joaquín Carvajal Cortés, os resultados de ensaios realizados em Manaus e Manacapuru, no estado do Amazonas, mostram uma alta cobertura de criadouros – maior que 94%, com a utilização da EDL. A dispersão do larvicida pelo próprio inseto produziu um importante aumento da mortalidade de mosquitos imaturos e uma redução de 96% a 98% da emergência de mosquitos adultos em poucas semanas, no período estudado. Portanto, a técnica se mostrou eficiente quando foi testada em colaboração com os serviços de controle vetorial de alguns municípios do Brasil, em diferentes contextos e estruturas urbanas.
Para os pesquisadores, o uso das EDLs é eficiente para diminuir o crescimento do mosquito Aedes aegypti e fazer com que os ovos não cheguem à idade adulta. Porém, esta não pode ser a única estratégia para acabar com a dengue, zika e Chikungunya. A água parada é onde a fêmea do mosquito coloca os ovos, que podem durar mais de um ano em locais secos, aguardando para se desenvolver. Não deixar que esta água se acumule ainda é a melhor forma para acabar com o mosquito que transmite estas doenças.
Fotos: Eduardo Gomes (imagem EDL), Raquel Portugal e Rodrigo Mexas (imagem mosquito)
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