Beatriz Muchagata – Colaboratório CTIS
Encerraram-se, no último sábado (24/8), as aulas do curso Diálogo sobre Economia Solidária (DES). A última formação foi realizada no Sol Nascente e Pôr do Sol, no Distrito Federal (DF). Na ocasião, 12 agentes populares de economia solidária foram capacitados para replicar a metodologia, com uma estimativa de, desse modo, alcançar 360 indivíduos. Com o encerramento deste ciclo, o Projeto Diálogos sobre Economia Solidária formou 97 alunos, incentivou novas iniciativas e promoveu a continuidade dos esforços para um desenvolvimento local, inclusivo e sustentável no DF.
Desenvolvido pela Fiocruz Brasília, por meio do Colaboratório de Ciência, Tecnologia, Inovação e Sociedade (CTIS), o Projeto tem o propósito de gerar ações para consolidar a governança e a gestão de territórios, além de promover a economia solidária para empoderamento social e fortalecimento de regiões administrativas do DF, com foco no fomento à geração de trabalho e renda, em um contexto pós-Covid-19.
Uma das propostas do Projeto foi a criação do Curso, realizado em três territórios do DF: Paranoá e Itapoã; Estrutural e Santa Luzia; e Sol Nascente e Pôr do Sol. Um curso livre e gratuito, com três módulos e carga horária total de 56 horas, que contou com 27 professores e teve como objetivo trabalhar conceitos, exemplos e práticas relacionados à economia solidária, para capacitar moradores, técnicos e ativistas dos territórios. As aulas combinavam teoria e prática, de modo que os participantes pudessem ter uma melhor compreensão dos conteúdos para aplicar os conhecimentos adquiridos dentro da sua realidade. Em cada território participante, com base em uma série de critérios, cerca de 10 alunos foram selecionados para atuar como multiplicadores desses conhecimentos, com potencial de impactar aproximadamente 900 pessoas.
Alguns dos principais tópicos abordados no curso foram: o que é economia solidária; Agenda 2030 e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS); desenvolvimento local sustentável; e economia circular, entre outros. “Como marcos importantes do Projeto, podemos incluir a articulação com as redes sociotécnicas e instituições dos territórios, a fim de mobilizar as pessoas para participarem do projeto; a promoção do contato dos participantes com representantes da TV Comunitária do DF; e a criação de uma Sala de Cooperação Social (SCS) virtual para cada um dos três territórios, com dados estruturados e não-estruturados sobre as realidades locais”, afirma uma das responsáveis pela implementação do Curso e integrante do Colaboratório CTIS da Fiocruz, Isabel Miranda.
Como produto do Curso, cada território se organizou de uma maneira própria para a ativação da economia solidária. No Paranoá e Itapoã houve produção e venda de artesanatos, e produção de sabão a partir do óleo coletado na comunidade, além da criação de uma TV comunitária. Na Cidade Estrutural e Santa Luzia, foram criadas uma rádio comunitária, uma creche comunitária, horta e cozinha solidárias, além da produção de sabão e outros materiais de limpeza e higiene. No Sol Nascente e Pôr do Sol, foi realizado um festival de arte, cultura e ecologia, com um sarau na praça. Também foi criada uma horta comunitária, e houve produção e venda de artesanatos para promover a economia local e solidária.
“Consegui reunir um público variado, o que possibilitou troca de saberes e interesse no trabalho coletivo, solidário e colaborativo. Foi uma rica experiência, pois, juntos, percebemos uma grande desigualdade social e muitos problemas relacionados à saúde ambiental. Percebemos que um outro tipo de economia é possível e necessário, que o desenvolvimento social, econômico e sustentável do nosso Condomínio gera benefícios para toda a sociedade local”, avaliou Neide Castro, aluna formada como agente comunitária da economia solidária no Itapoã.
Para Edward Maia, coordenador do Radar de Territórios da Plataforma de Inteligência Cooperativa com Atenção Primária à Saúde (Picaps), a participação no Projeto foi muito enriquecedora para todos. “Estávamos juntos, ajudando a sociedade a ter ideias de geração de trabalho e renda, contribuindo para a diminuição da desigualdade social, a melhoria de qualidade de vida e um maior acesso a políticas públicas”, analisou. Segundo Alba Mendes, uma das professoras do ciclo do Curso, a experiência foi gratificante. “A gente percebe a evolução dos alunos quando conectam todas as informações compartilhadas no curso com a possibilidade de mudar o cenário da comunidade deles, a partir de uma forma de geração de renda solidária, uns apoiando aos outros. Com essas informações conectadas, é possível consolidar a escrita do Projeto”, explicou.
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