“Vocês sabem o que é vírus?” Com essa pergunta, a pesquisadora Elba Lemos, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) recepcionou, na última segunda-feira (27), os alunos do Centro de Ensino Fundamental 03 da Estrutural, região administrativa do Distrito Federal. Atentos à explicação e aos exemplos dados, os estudantes puderam aprender mais sobre os tipos de vírus e formas de transmissão. Aprenderam ainda sobre as descobertas de cientistas brasileiros com a designer do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica (Icict/ Fiocruz), Thays Coutinho. Entre eles, Carlos Chagas, Oswaldo Cruz e Akira Homma.
“Ele parece o avô do Ben 10”, disse um aluno ao se referir ao Akira, pesquisador de Bio-Manguinhos, divertindo os colegas, professores e pesquisadores presentes. A fala rompe com o imaginário sobre o estereótipo de cientista e mostra que essa figura pode estar mais perto da realidade das crianças do que se imagina.
Os pesquisadores da Fiocruz estiveram na escola para o lançamento de dois jogos: Imune e Caminhos de Oswaldo. Com o apoio da Fiocruz Brasília, o Centro de Ensino foi o primeiro do DF a receber oficinas pedagógicas dos jogos, produtos de divulgação científica que têm como objetivo aproximar os jovens da ciência. Eles são fruto de parceria entre o IOC e o Icict, unidades da Fiocruz.
Os estudantes foram convidados a aprender sobre saúde jogando. Com cores, números e figuras que se assemelham ao clássico e popular jogo estratégico Uno, entre as cartas do Imune, os diferentes tipos de vírus e formas de controle e prevenção, além de transmissão – por água, alimento, por vetores e animais ou por via sanguínea, sexual ou por contato. No jogo, há ainda as cartas que representam comportamentos de risco, recomendações médicas, medidas de prevenção e contra as fake news.
Há ainda as cartas que destacam trajetórias de grandes nomes da ciência, como Adolfo Lutz, Hélio Pereira e José Rodrigues Coura. Cartas que também podem ser encontradas em Caminhos de Oswaldo. No jogo de tabuleiro, ao lançar os dados, os participantes são convidados a vivenciarem o papel de pesquisadores, caminhando com seus pinos pela sede da Fiocruz, localizada no Rio de Janeiro, realizando tarefas e respondendo perguntas. O objetivo é acumular pontos para chegar primeiro ao Castelo Mourisco, símbolo da Fundação, ganhando assim imunidade às viroses. Os professores da escola aprenderam na prática como funciona o jogo.
Tudo começa com uma ideia
Depois do jogo, cerca de 450 alunos puderam conversar com pesquisadores e gestores da Fiocruz, da Secretaria de Educação do Distrito Federal, da Coordenação Regional do Guará, do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação e com o representante da senadora Leila Barros. Como em um jogo, em uma metodologia diferente, eles cumpriam desafios e respondiam perguntas lidas pelos estudantes, se apresentando assim aos alunos.
As formas de prevenção a doenças como a dengue foi destaque na fala da diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio. Os estudantes tinham as respostas na ponta da língua: não deixar água parada, colocar areia nos potinhos de plantas e fechar a caixa d’água. “Queremos que conheçam cada vez mais sobre a saúde de vocês. Vamos cuidar para que vocês tenham saúde”, afirmou Damásio ao falar sobre a importância da vacina e da atualização da caderneta de vacinação.
E foi com a preocupação com as cadernetas de vacinação que surgiu a ideia dos jogos, aliando o entretenimento à ciência, como contou a pesquisadora do IOC/Fiocruz e idealizadora dos jogos, Elba Lemos. “Tudo começa com uma boa ideia. Esses jogos tiveram início quando percebemos que as pessoas não estavam se vacinando”, explicou ao falar sobre as ações de divulgação científica realizadas pela Fiocruz. Ela afirmou ainda que para chegar a esses jogos um longo caminho foi percorrido. “Para fazer pesquisa, ter e fazer conhecimento, precisamos ter encantamento. Nada é feito sozinho, precisamos ter vocês e todos nós aqui”, finalizou.
Já a história da Fiocruz, que completou 124 anos neste mês de maio, foi contada aos alunos pelo diretor do Icict/Fiocruz, Rodrigo Murtinho. Ele lembrou da atuação da instituição na época da pandemia. “Todo mundo conhece um pouco da Fiocruz, mesmo sem saber”, afirmou Murtinho, destacando a produção de vacinas e também de jogos como forma de levar o conhecimento produzido pelos cientistas da Fundação nos laboratórios e salas de aula para a população. “Atuamos desde a criação, passando pelo design e a ida às escolas. É uma instituição centenária que faz muita coisa diferente, mas que quer se aproximar cada vez mais de vocês, crianças e jovens”, destacou.
A diretora do CEF 03 da Estrutural, Sheila Lemos, falou da felicidade de receber os jogos na escola. “É muito bom aprender brincando. Para a área da educação esses investimentos são muito significativos e para vocês (alunos) é muito prazeroso. Obrigada, Fiocruz”, agradeceu.
Os jogos já foram distribuídos em escolas públicas e bibliotecas do Rio de Janeiro e começarão a ser distribuídos também no Distrito Federal.
Confira aqui o álbum de fotos do lançamento no CEF 03 da Estrutural.
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