Fiocruz celebra luta contra tuberculose com atividades

Fiocruz Brasília 24 de março de 2016


Notificando cerca de 6 milhões de novos casos e levando a óbito mais de 1 milhão de pessoas por ano em todo o mundo, a tuberculose preocupa cada dia mais. Segundo dados do Ministério da Saúde (MS), o Brasil ocupa o 17º lugar entre os 22 países responsáveis por 80% do total de casos mundiais da doença. A incidência de tuberculose resistente a medicamentos agrava ainda mais esse tenebroso cenário. O que não se pode esquecer é que essa doença tem cura e seu tratamento é gratuito em toda a rede pública do Brasil. Pensando em estratégias de sensibilização e difusão de informações, o Centro de Referência Professor Hélio Fraga da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) – instituição nacional de referência do SUS para tuberculose e outras pneumopatias –, em parceria com demais unidades da Fundação, programou atividades em alusão ao Dia Mundial de Combate à Tuberculose, celebrado em 24 de março. As atividades contemplam palestras, exibição de documentários, exposição e iluminação especial no Castelo da Fiocruz, localizado no campus Manguinhos, no Rio de Janeiro. Confira abaixo a programação detalhada, que ocorrerá entre os dias 21 de março a 6 de abril. 

Como lembrou o chefe do Centro de Referência Professor Hélio Fraga, Otávio Porto – um dos entusiastas das ações –, há muitos anos, o Centro, tradicionalmente, integra-se nessa luta propondo atividades de promoção da saúde e prevenção do adoecimento, que é uma de suas missões institucionais. Ele falou ainda sobre a importância da participação de trabalhadores da saúde e também da sociedade em geral na discussão desse tema tão antigo, porém ainda emergente: “Esse é um importante debate, sobretudo no que se refere aos princípios já consagrados na Constituição Brasileira de 1988. Na luta contra a tuberculose, só a bandeira da justiça social, com o exemplo da participação cidadã, é capaz de nos levar à vitória”, defendeu Porto.  

Palestras e iluminação especial em Manguinhos

No dia 24 de março, irão ocorrer duas atividades na Ensp/Fiocruz a partir das 9h30. Ambas as palestras são abertas ao público e acontecerão no salão internacional da unidade da Fundação. Na parte da manhã, será realizada a palestra Cidadania em Saúde, cujo objetivo é debater a centralidade estratégica do tema para o enfrentamento da tuberculose. A atividade está sob a responsabilidade do diretor do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Cândido Grzybowski, filósofo e sociólogo. Os organizadores do evento afirmam ser a tuberculose, apesar de curável, uma doença que mata e afeta milhares de brasileiros por ano, principalmente aqueles mais expostos aos riscos relacionados às condições de pobreza e à invisibilidade social. Portanto, a aposta é reafirmar o valor da cidadania, com enfoque na igualdade de direitos, e ainda inspirar a reflexão sobre como devemos nos ver e agir em sociedade, começando por ampliar o próprio alcance da ideia de ‘direito à saúde’.

Na parte da tarde, será realizada a mesa-redonda O uso do audiovisual fortalecendo a comunicação entre Estado e sociedade para o controle da tuberculose, que será formada por cinco palestras: A produção de documentários na saúde, com o coordenador da Vídeo Saúde Distribuidora (Icict/Fiocruz), Wagner Oliveira, e Eliane Pontes, do Selo Fiocruz Vídeo (Icict/Fiocruz); A experiência com rádios e tvs comunitárias, com Marcia Castro, do Canal Saúde (Fiocruz); a apresentação do trailer do documentário Diários de Tuberculose – epidemia oculta, lançado pelo Selo Fiocruz Vídeo no âmbito do Edital Público Fiocruz Vídeo – 2013, com Ieda Rozenfeld e André Di Kabulla, responsáveis pela direção e roteiro do filme; Advocacy e o audiovisual, com o coordenador do Observatório Tuberculose Brasil (OTB/Ensp), Carlos Basilia; Audiovisual na educação: experiências no uso de séries de TV como recurso didático, com a figurinista e roteirista Bia Salgado; e a exibição do vídeo Determinantes Sociais de Saúde – Professor Alberto Pellegrini Filho – Programa de Educação Popular em Saúde para Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Agentes de Vigilância em Saúde (AVS), com a pesquisadora da Ensp Luisa Pessôa, que é diretora e roteirista. 

O Castelo da Fiocruz – prédio de estilo neomourisco, intitulado oficialmente Pavilhão Mourisco ou prédio Central da Fiocruz – ficará vermelho na semana de 21 a 27 de março, acompanhando e marcando ainda mais o Dia Mundial de Combate à Tuberculose. A cor vermelha, associada à Luta Contra a Tuberculose, remonta a uma decisão da International Union Against Tuberculosis and Lung Diseases (The Union), que padronizou a representação gráfica da cruz dupla em vermelho com fundo amarelo, utilizado desde 1920. Em 2002 foi eliminado o fundo amarelo e a insígnia re-estilizada, mantendo-se a cruz vermelha. A cruz de barra dupla, ou a Cruz de Lorena, é um antigo símbolo cristão e foi proposta pelo médico francês Gilbert Sesiron como símbolo internacional da luta contra a tuberculose em 1902, durante a Conferência Internacional sobre Tuberculose, realizada em Berlim. A motivação de Sesiron foi dar a representação de Cruzada ao combate contra a tuberculose.

A iluminação do Castelo é de responsabilidade do Departamento de Patrimônio Histórico, da Casa de Oswaldo Cruz (DPH/COC/Fiocruz). A integrante do DPH, Ana Maria Marques, explicou que o sistema funciona com película de iluminação cênica e é composto de 20 refletores, 2 nas laterais e 18 na frente do Castelo. Essa iluminação especial passou a acontecer a partir do ano de 1994, depois de um processo de restauração, coordenado pelo DPH/COC. A iluminação tradicional do monumento foi concebida visualmente por Ney Matogrosso e projetada com apoio da General Eletric (GE).

Outra iniciativa que compõe a semana comemorativa é a exibição de vídeos sobre tuberculose em todas as televisões que integram o circuito de informações internas da Fundação: a WebTV Fiocruz, que é de responsabilidade da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS/Fiocruz).  

Painéis retratam um século de tuberculose

A exposição gratuita e itinerante Imagens da Peste Branca, cujo objetivo é mostrar por meio de painéis informações sobre a tuberculose a partir do século 19, ficará no hall do Núcleo Estadual do Rio de Janeiro do Ministério da Saúde (Nerj/MS), de 21 a 28 de março, às 10h (local: Rua México, número 128, Centro, Rio de Janeiro). Nos painéis, estão registrados os primeiros passos da Liga Brasileira contra a Tuberculose, criada em 1900; a utilização do pneumotórax; a vacina BCG na década de 1920; e o Preventório Dona Amélia. A exposição apresenta também a saúde pública como uma questão nacional, e o início da responsabilidade do Estado frente à tuberculose. Ela ainda traz painéis que detalham os tratamentos quimioterápicos da época no Brasil, as criações artísticas e a doença na década de 1980. Essa exposição circula em diferentes unidades da Fiocruz e outras instituições em diversas regiões do país desde 1983.

Durante toda a semana, trabalhadores do Nerj/MS e integrantes da Secretaria Estadual de Saúde (SES) contarão também com outras ações, como debates, exibição de documentários sobre tuberculose e a distribuição de material informativo sobre a doença.